Daniel Radcliffe - o intérprete
de Harry Potter, caso você tenha ficado fora da Terra nos últimos anos - não é um
ator comum, sua sede em experimentar papéis fortes e desafiadores e a vontade de
se distanciar ao máximo do protagonista da adaptação literária já tinha iniciado
antes mesmo da saga terminar. Lembram quando Radcliffe causou burburinhos ao
aparecer pelado na peça Equus? Então, desde esse momento tivemos uma prévia dos
rumos que sua carreira tomaria.
Com essa coragem e a preferência por
papéis excêntricos, o talentoso Daniel - sim, ele é - vem construindo sua
carreira pós-Harry Potter interpretando personagens interessantíssimos como o
jovem médico na estranha e engraçada série Diário de um Jovem Médico (A Young
Doctor´s Notebook). Já no cinema, suas performances continuam inspiradas, já as
produções de que participa, são irregulares, como o suspense A Mulher de Preto
e o drama Versos de Um Crime.
Aprontando na biblioteca!
Do diretor estreante John
Krokidas, Versos de um Crime (Kill Your Darlings, 2013) conta um pouco sobre os
escritores e poetas da chamada Geração Beat, um grupo de jovens intelectuais inconformados com a educação limitada e anticriativa,
adeptos a um estilo de vida intenso regido a álcool, jazz e muitos entorpecentes. Radcliffe vive Allen
Ginsberg (famoso pela obra Uivo e Outros Poemas), um garoto com problemas
domésticos que encontra na universidade um mundo novo e boêmio, lá se apaixona pelo
colega Lucien Carr (Dane DeHaan, de Poder sem Limites) e experimenta uma gama
de sensações e sentimentos que nunca imaginara.
Faz parte do grupo de amigos o escritor
Jack Kerouac (que anos depois escreveria On The Road, aqui interpretado por Ben
Foster) e William Burroughs (autor de Almoço Nu e vivido no filme por Jack
Huston). Parte do longa se concentra nos escritores trabalhando numa inovadora
linha literária, Uma Nova Visão. O clima é semelhante ao clássico Sociedade dos
Poetas Mortos, até a trama sofrer uma reviravolta envolvendo um assassinato e se tornar um suspense policial. Então, toda a parte de
desenvolvimento do Movimento Beat perde sua importância em razão do tal crime,
deixando o espectador ávido por saber mais do movimento e sendo obrigado a
engolir a história do assassinato, que infelizmente, não empolga muito.
C. Hall e Radcliffe: atuações inspiradas
É certo dizer que Versos de Um
Crime é mais um filme concentrado no amadurecimento de Ginsberg, um garoto
sensível e romântico, mas facilmente manipulado. Radcliffe está soberbo aqui, destemido como sempre, o ator se entregada em momentos desafiadores
como a cena de sexo com outro homem. Michael C. Hall também se destaca
na obra, eis aqui um ator incrível que já está fazendo falta na TV desde que
Dexter acabou.
Conhecer um pouco mais sobre os
escritores da época, a visão de mundo e as experiências dos integrantes do
Movimento Beat e as atuações inspiradas do elenco é o que mais atrai nesta produção. Para fãs de Kerouac e Cia. e do Menino Bruxo, o filme deve ser um
deleite também. Mas o roteiro falho - a sequência de sexo de Ginsberg alternando com
cenas de outros personagens é muito bizarra e sem sentido - e a direção
equivocada comprometem o resultado final e assim, Versos de um Crime se
caracteriza pela superficialidade e de fácil esquecimento.
NOTA: 5,5
Baixei esse filme (sem a menor noção do que si tratava) e ainda não assisti. Só tinha cara de ser muito bom então. Dava certa credibilidade ao Radcliffe após o final do bruxinho, pois adorei "A Mulher de Preto", mas agora também não terei pressa.
ResponderExcluirabraço