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20 de dezembro de 2014

Kingdom - Muito suor e testosterona na série de MMA




Há quase três anos eu comentei sobre um excelente filme que praticamente ninguém viu e que chegou direto em DVD aqui no Brasil, Guerreiro (Warrior, 2011), drama sobre dois irmãos lutadores de MMA (Artes Marciais Mistas), dirigido por Gavin O´Connor e estrelado por Tom Hardy e Joel Edgerton. A obra retrata com realismo as cenas de lutas e enfoca bem os dramas da família disfuncional. A série do canal DirecTV, Kingdom (2014 - 2016), é muito semelhante ao filme, além de ter no elenco um dos atores da fita, Frank Grillo,  também relata os percalços de uma família envolvida com o mundo das artes marciais de forma realista e contundente. 

Kingdom foi criada por Byron Balasco, responsável também pela série Without a Trace. A primeira temporada, composta por 10 episódios, recentemente chegou ao fim, mas o canal ficou tão animado com o sucesso da série que ela foi renovada para mais duas temporadas, cada uma delas contendo 10 episódios.

Nick Jonas vai à luta 

Após a conclusão da primeira temporada, posso dizer que Kingdom é uma das boas surpresas de 2014. Apesar da presença de Nick Jonas no elenco ajudar bastante na divulgação, a chegada do seriado na TV foi bastante tímida. Crua, chocante e levemente intimista, Kingdom tem em seus personagens - demasiadamente humanos, cheios de fraquezas e insatisfações - o elemento mais poderoso.
  
Frank Grillo, assim como no filme Guerreiro, interpreta aqui um treinador. Dono de uma academia em Venice, Alvey é um ex-lutador com um passado conturbado que tenta agora treinar os mais jovens, incluindo os filhos Jay (Jonathan Tucker, de Parenthood, fazendo um ótimo trabalho aqui) e Nate (Nick Jonas, sim, ele mesmo). Jay é de longe o personagem mais intrigante e carismático do programa. Encrenqueiro, instável, louco, perigoso, mas com um coração imenso, o garoto faz de tudo para que sua mãe,  viciada em drogas e imersa no mundo da prostituição, volte para casa. Jay encarna aquele tipo de figura que mesmo que esteja fazendo coisas erradas, nós estaremos torcendo por ele.

Frank Grillo vive treinador de jovens promessas do MMA 

Já Nate é o atleta jovem e promissor. Introvertido e de poucas palavras, o garoto parece o personagem perfeito para Nick Jonas, que não precisa esforçar-se muito dramaticamente, por enquanto, já que seu personagem - supostamente gay - deve ganhar mais destaque na segunda temporada, no qual a sua sexualidade deve ser mais explorada. No entanto, Jonas atua bem, Nate é a parte mais lúcida da família de lutadores e uma bomba-relógio pronta para explodir a qualquer momento.

Outro personagem de destaque é Ryan (Matt Lauria, de Friday Night Lights), um lutador que foi preso e agora que está livre, planeja voltar para o ringue com Alvey como treinador. Acompanhar a trajetória de Ryan na temporada é muito interessante, é um homem truculento mas muito emocional, busca o perdão da família e enfrenta uma situação difícil, ainda é apaixonado por Lisa (Kiele Sanchez), agora namorada do seu treinador. Você já pode adivinhar que um triângulo amoroso está se armando aí. 

  Lutadores do Reino: Ryan, Jay e Nate

Bem, com todos esses recortes sobre o universo da série e alguns personagens dá para ver que Kingdom  tem “ação” mais fora do que dentro do ringue.  O que é muito bom, pois atribui mais substância à série, tornando - a mais genuína e atraente do que aparenta ser.  Antes de ser um seriado sobre lutadores de MMA, Kingdom é um drama de família que trata de questões pesadas, como uso de drogas, prostituição, grupos marginalizados e outras bem mais comuns, como arrependimento e o desejo de fazer parte de uma família normal.  Mas é claro que existem os momentos de lutas, e eles são como se esperam, tensos e emocionantes. Nate protagoniza a primeira delas no início da temporada, e lá no fim, é a vez de Jay e Ryan subirem no ringue e mostrarem o que aprenderam nos treinos que rolou durante toda a temporada na academia. 

Assim como Guerreiro, Kingdom também não foi feito para grandes audiências, tampouco isto significa que você não precise vê-los. A série mais suada e com mais testosterona da TV atualmente tem seus méritos, um elenco comprometido que não desafina, uma trilha sonora sempre conveniente e uma história que, mesmo sucumbindo à previsibilidade em alguns momentos, nos instiga e impressiona. 

NOTA: 9,0

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