“Por serem charmosos, eloquentes, inteligentes, envolventes e
sedutores, não costumam levantar a menor
suspeita de quem realmente são. Podemos
encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons
amigos. A realidade é cruel e
contundente, o mais impactante é que a grande maioria está fora das grades
convivendo diariamente com todos nós. Transitam tranquilamente pelas ruas,
cruzam nossos caminhos, frequentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, dormem
na mesma cama...” Ana Beatriz Barbosa Silva em Mentes Perigosas – O Psicopata
mora ao lado.
O cinema já nos apresentou centenas
de personagens psicopatas, a lista é imensa, porém, para diminuir essa lista decidi delimitá-la
para aqueles personagens cujas caracterísicas a escritora Ana Beatriz Barbosa Silva aborda em seu livro Mentes Perigosas. Segundo ela, alguns seres dotados de tais transtornos são
pessoas “comuns”, se comportam de maneira que não levantam suspeitas e podem
estar bem ao nosso lado, podem ser
nossos vizinhos, nossos amigos, namorados, vai saber né! Com esse recorte, selecionei seis figuras do
cinema que apresentam essa personalidade psicopática e que podem livremente passar por
pessoas normais, pois possuem uma simpatia inegável, são inteligentes,
envolventes, sorridentes, se comportam como bom vizinho, alguns são bem sucedidos profissionalmente, mas
extremamente perigosos e donos de uma
natureza camaleônica e devastadora.
Norman Bates (Psicose, 1960) - Um dos personagens mais icônicos de
Hitchcock, Bates aparentemente é inofensivo, tem uma carinha de anjo, de "menino do interior", é tímido – palmas para a interpretação de Anthony Perkins - mas esta “primeira impressão” se esvai
após uns dez minutos de conversa e umas mudanças bruscas de humor e uma leve
alteração no seu tom de voz. Se for perspicaz
e perceber essas pequenas alterações, você
vai sair correndo de perto do moço, pelo contrário, vai acabar sendo esfaqueada
enquanto toma banho no chuveiro pela sua mãe já morta, quer dizer, por ele mesmo, que adora adotar a identidade da mãe falecida
para assassinar mulheres indefesas.
Patrick Bateman (Psicopata Americano, 2000) – Milionário,
narcisista, bonito, vaidoso e muito invejoso. Se uma pessoa tem um cartão de visita mais sofisticado
que o dele, a probabilidade de você encontrá-lo “por acaso” no banheiro é altíssima, e lhe
garanto que sairá de lá apenas envolto em um plástico preto. Seu passatempo preferido,
além de matar suas “amigas” que vão ao seu luxuoso apartamento com objetos que
vai de serra elétrica a machado, é ficar
admirando o seu físico de "deus grego" no espelho, e ele o faz até durante o ato
sexual. Christian Bale merecia o Oscar pela sua intensa atuação.
Hannibal Lecter (O Silêncio dos Inocentes (1991), Hannibal, 2001) – Quem não conhece o psicopata
mais inteligente e adorado do cinema. Mesmo com seu gosto estranho por cérebros
e orelhas humanas, não há como não torcer por ele nos filmes, é um personagem
complexo, imprevisível, com um alto poder de convencimento por meio de sua sabedoria e conhecimento sobre a psicologia humana. Se você for uma pessoa astuta e esperta o
suficiente para conversar com Lecter por mais de 10 minutos, isso significa que
talvez ele poupe sua vida. A sua incrível fuga em O Silêncio dos Inocentes e a asquerosa cena em que ele “janta” o cérebro
de um policial em Hannibal, marcam
seus melhores momentos no cinema. Anthony Hopkins sempre será lembrado por esse
papel.
Annie Wilkes (Louca Obsessão, 1990) – Tenha muito cuidado com
aquelas pessoas que afirmam ser seu “fã número 1”, demonstram simpatia
excessiva e sabem tudo sobre a sua vida e seu trabalho. Annie (Kathy
Bates) é assim. Por um (péssimo) acaso
do destino, ela encontra seu ídolo Paul Sheldon, um escritor de sucesso, em um
acidente e o leva para casa. Sem poder andar, o escritor é obrigado a ficar na
casa de sua fã, e Annie está adorando tudo isso, “é a pessoa mais gentil do mundo”, pensa
Paul Sheldon. A situação começa a se complicar quando a mulher descobre que ele
“matou” a protagonista de seu livro preferido. A louca começa então a fazer horrores com o coitado, como pregar
seus pés na madeira da cama. Como podem ver, pessoas legais demais, não são tão legais assim.
Beverly Stuphin (Mamãe é de Morte, 1993) – A psicopata mais
divertida e insana da sétima arte, sem dúvida. Interpretada por Kathleen Turner e baseado
numa história real, Beverly é uma dona de casa adorável, alegre, simpaticíssima,
politicamente correta, uma cristã praticante e adora cantarolar como os
pássaros que acercam a sua janela. Porém, ela pode ficar muito zangada se alguém
se meter com a sua família, e para isso, ela não precisa de muito não, basta um
comentário inocente do filho sobre o professor que quer reprová-lo e ela vai lá
e POW, atropela o professor, passa por cima dele uma, duas, três vezes e depois
volta para casa toda sorridente como nada tivesse acontecido. Ah, ela também adora
passar trotes obscenos para as vizinhas, a cena é hilária. Aliás, todo o filme
é bem divertido, com um humor negro e bem corrosivo, é descaradamente violento,
mas uma delícia de assistir. Desconfie
se seus vizinhos são perfeitos demais.
Tom Ripley (O Talentoso Ripley, 1997) - Matt Damon interpreta Tom Ripley, um jovem
que deseja a qualquer custo entrar na alta sociedade. Ele é sedutor, esperto, invejoso,
um grande imitador, seu jeito bobo e seus óculos grandes aparentam não demonstrar
além de uma pessoa amigável. Ripley é contratado por um milionário para levar seu
filho, Dickie (Jude Law) de volta para casa. Lá, ele acaba se apaixonando pelo
estilo de vida do rapaz e pelo próprio colega. A obsessão por Dickie é
percebida pelo jovem rico que o despreza, levando a uma sequência de eventos
trágicos e a um mundo de mentiras que parece não ter fim. Ripley engana a todos
com seu sorriso e sua amabilidade. Não muito diferente de muita
gente que conhecemos ou nos deparamos por aí, não é mesmo?
Alguém tem outro "psicopata" travestido de "gente normal" em mente? Não vale o vizinho do lado...
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