Bradley Cooper encarna um “herói” americano da vida
real no excelente Sniper Americano (American Sniper, 2015), mais novo trabalho
do cineasta/ator Clint Eastwood – cuja personalidade dispensa apresentações,
não é? O longa, indicado a seis Oscars, já faturou mais de 300
milhões nos EUA e figura como o filme de maior bilheteria da carreira do
diretor.
Grande parte do sucesso do filme deve-se ao seu
protagonista, ou melhor, ao cara que inspirou esta história. Refiro-me ao
soldado Chris Kyle, considerado o atirador de elite mais letal e eficaz da
história militar americana. Oficialmente, durante sua ação na Guerra do Iraque,
Kyle executou 160 pessoas. O marine era tão bom de mira que até despertou a ira
dos inimigos, que estavam dispostos a pagar 80 mil dólares para quem o matasse.
Kyle, a “lenda”, como ficou conhecido entre os
amigos de guerra, é interpretado na telona por Bradley Cooper, que ganhou 18
quilos a fim de tornar o personagem o mais fiel possível do homem da vida
real. A trama, que já mencionei um pouco no último parágrafo,
acompanha a trajetória de Kyle, da infância no Texas e do período em que tinha
aspirações a caubói, até os momentos dramáticos do pós-guerra. O enredo fixa-se
entre duas narrativas: aquela em que Kyle está em ação no Iraque, sendo o
atirador cultuado pelos amigos e temido pelos inimigos, e noutro em que assume
o papel de pai de família, ao lado de sua mulher Taya, vivida pela linda Sienna
Miller, em ótima atuação.
Kyle em ação na guerra
Eastwood retrata em Sniper Americano dois lados do soldado,
o homem exageradamente nacionalista que acreditava que o seu trabalho como
atirador ajudava a salvar milhares de vidas - ele sequer questionava
sobre o ato de matar em si. E também acompanhamos o Kyle psicologicamente
afetado pelos dias de guerra, paranoico e incapaz de manter-se em paz quando em
convívio com a família.
Bradley Cooper mostra-se um ator versátil e
competentíssimo em cena mais uma vez, algo que já ficou claro em filmes como O Lugar Onde Tudo Termina, O Lado Bom da Vida e Trapaça. Clint Eastwood apresenta
uma obra tensa e angustiante, mas emocionante. As sequências de ação e de
suspense são alguns dos pontos altos da trama, como a aflitiva cena de abertura
que mostra o atirador apontando a arma para um garoto.
Clint instrui o seu protagonista
Para quem curte filmes de guerra, sem a preocupação
sobre qual ideologia o diretor está defendendo (ou não), se está promovendo uma
propaganda (ou não) a favor da guerra ou se o retrato dos conflitos no
Iraque foi muito limitado, Sniper Americano é um filmaço, cinemão de
entretenimento de qualidade. Eastwood apenas se preocupou em adotar o ponto de
vista nacionalista do seu protagonista, e isto fica claro em cada frame do
drama.
Um aspecto bastante apontado e criticado pela imprensa
em Sniper é o patriotismo exagerado. Confesso
que há momentos desnecessários, como a cena do reencontro de Kyle com um rapaz
que ele salvou, reafirmando pela centésima vez que Kyle é um herói. No entanto,
este amor à pátria dos americanos nunca me incomodou e isto tampouco diminui a obra, afinal, é a biografia
de um homem considerado por muitos, um herói de guerra – você pode concordar ou
não. Mas o que me incomoda mesmo é ver o povo brasileiro julgar o patriotismo alheio,
comunidade esta, que como bem sabemos, não demonstra muito amor e orgulho pela
nação em que vive. Isso sim é feio.
NOTA: 9,0
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