Com o sucesso do post Shame e o cinema sem vergonha, que traz filmes que abordam o sexo de forma escancarada e
natural, listei outras obras que celebram/problematizam o que há de melhor na vida, mesmo que
muitos, em pleno século 21, teimam em discordar, ao menos de forma pública.
Love (2015) – O filme de Gaspar
Noé que causou polêmica no ano passado pelas cenas tridimensionais de sexo
(super) explícito - realmente acho estranho a sociedade se chocar com cenas de
sexo, sendo que é algo que “supostamente” faz parte da nossa rotina. A história
é sobre a relação conturbada entre o americano Murphy (Karl Glusman) e a
francesa Electra (Aomi Muyock), que entre brigas e juras de amor, fazem muito,
mas muito sexo – a primeira cena é impressionante. O mais interessante de Love,
é que o sexo é apresentado por inúmeras perspectivas (há o sexo mais amável, o
selvagem, a dois, a três, em todas as posições e em ambientes diversos), no
entanto, devido à longa duração do filme, chega um momento em que não
aguentamos mais, nem as cenas picantes, nem as lamentações do protagonista.
Ninfomaníaca Vol. 1 (2013) – Essa obra sexual de Lars Von Trier é bem
menos subversiva e chocante do que aparenta ser – tendo como parâmetro, é
claro, o perturbador Anticristo, do
mesmo diretor. O Vol. 1 pode ser considerado como um romance,
com mais cenas de sexo do que os filmes convencionais, é verdade, pois a
protagonista Joe acredita que o amor é um empecilho para as relações sexuais. Nessa
primeira parte, é narrada a jornada triste e constrangedora da protagonista,
seus casos sexuais e a busca contínua pela satisfação sexual. As figuras
aludidas ao sexo, as cenas despudoradas - não vulgares - de sexo e o elenco bem
à vontade, composto por Shia LaBeouf, Charlotte Gainsbourg e Uma Thurman, são os
acertos da obra.
Ninfomaníaca Vol. 2 (2014) – Bem
inferior ao primeiro capítulo, esse volume destoa muito da primeira parte, tem
menos sexo e mais sadomasoquismo. Joe, a protagonista, agora luta contra a
degradação física e psicológica e a sociedade, que a julga simplesmente como
uma viciada e banaliza a sua condição. Repleto de cenas desconfortáveis –
principalmente aquelas em que Jamie Bell surge como uma opção de curar a “doença”
de Joe com o “tratamento de nós” – o Vol. 2 pode ser irregular, mas junto com o Vol. 1, constrói uma obra
ousada, indiscutivelmente, cujo mérito é provocar a reflexão sobre o
sexo, o nosso corpo e a perspectiva da
sociedade sobre essa questão. Boatos que há uma versão sem cortes muito mais
provocante e picante do que a versão que foi exibida nos cinemas...ui!
Calígula (1979) – Um pornô disfarçado
de épico romano, ou um épico travestido de pornô? Talvez seja os dois, mas
certamente é um dos filmes mais controversos e odiados da história do
cinema. Calígula tem tudo o que um épico
hollywoodiano precisa: um elenco respeitado (Peter O´Toole, Helen Mirren e Malcolm
McDowell, de Laranja Mecânica), cenários grandiosos e figurino pomposo. Porém,
a diferença dos filmes de época como Ben-Hur e Gladiador, é que Bob Guccione
(editor da revista Penthouse), o diretor, teve a “grande” ideia de unir o “cinema
clássico” com o mundo pornográfico. O resultado é duas horas e meia de cenas hardcore de violência e sexo –
masturbação, muito nu frontal, sexo oral, orgias e por aí vai – sinceramente, não é um filme para
qualquer um. Na época em que o vi, fiquei constrangido e chocado com
tudo o que acontece, mas também me lembro bem da interpretação magnífica de
McDowell, como o detestável imperador Calígula. O filme completo e dublado está no You Tube, clique aqui e veja por sua conta e risco....rs.
Shortbus (2006) – Uma terapeuta
que nunca teve um orgasmo e um casal de homossexuais com crise na relação estão
entre os personagens principais desse longa bem-humorado e reflexivo. A
primeira cena pode chocar os desavisados, um pênis surge na tela de uma forma
que não estamos acostumados, mas não é um filme transgressor, o diretor John
Cameron Mitchell apenas não se importa em mostrar partes genitais. Na dramédia,
todos os personagens frequentam um mesmo local, o Shortbus, um lugar regado a
muito sexo, mas que também serve para que os protagonistas conversem, bebam,
dancem e superem seus dramas. É um filme sensível e honesto, com personagens
cativantes e trata o sexo de forma harmônica.
Um Estranho no Lago (2013) –
Nesse filme francês, são os homens que protagonizam cenas de sexo e aparecem naturalmente
nus. Nos arredores de um lago, homens
frequentam o local em busca de aventuras sexuais com desconhecidos. Entre
flertes ali e acolá, Franck, o protagonista, testemunha um assassinato,
cometido justamente pelo cara que ele está atraído. Um estranho no lago é um suspense
bem realizado, tem momentos de roer as unhas e o roteiro nunca deixa o
espectador antever a cena seguinte. O sexo aqui, não é gratuito, é um elemento
essencial da história. A obra também trata de solidão e é despida de qualquer
moralismo, pois mostra o sexo masculino com muita sensibilidade.
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