“Ao menos concordamos que o
terceiro filme é bem pior”. Quando Jean Grey dispara essa frase eu já
suspeitava, a essa altura, que X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, 2016) não
seria melhor que o sofrível X-Men: O confronto final. Enganei-me um pouco, essa
nova aventura é levemente superior à parte 3 da primeira trilogia, é divertida
e tem cenas empolgantes, ainda assim, decepcionante, vazia e confirma a teoria
de Jean.
X-Men: Apocalipse inicia bem, de
forma pomposa, no Egito antigo, nos apresentando o vilão Apocalipse (interpretado
por Oscar Isaac, debaixo de quilos de maquiagem azul) no ritual de troca de
corpo, que é interrompido por um grupo de revoltosos. A sequência é
espetacular, mas de nada adianta agradar
os olhos, se não toca o coração, e é justamente essa falta de conexão com os
personagens o maior defeito do filme. O roteiro não tem aprofundamento
emocional, não há elementos dramáticos, embora haja
uma tentativa de cativar o público na subtrama de Erik/Magneto (Michael
Fassbender), essa história, pela rapidez e a falta de densidade com a qual é
contada, não nos envolve emocionalmente. Um desperdício, pois Magneto é de
longe o personagem mais interessante da saga.
Após o início deslumbrante, a
produção se rende a uma dinâmica que já estamos cansados de ver, que é o
recrutamento dos inúmeros mutantes, que devem se preparar para a batalha final. Os mutantes do bem, são
recrutados por Xavier(James McAvoy) e os do mal, pelo azulão. De forma genérica,
o filme pode ser definido assim, em três partes: introdução do vilão,
recrutamento e clímax apoteótico.
Outro problema de Apocalipse é o
próprio personagem que dá título ao filme, sua presença apenas justifica a
origem dos mutantes. O vilão não mete medo algum e suas intenções são tão óbvias
que nos soam banais, até senti falta de Sebastian Shaw, vilão nazista
interpretado com afinco por Kevin Bacon em Primeira
Classe.
Dentre os novos mutantes, o único
que empolga é Mercúrio (Evan Peters). A impressionante sequência “Sweet dreams”
protagonizada por ele é um dos poucos bons momentos do filme, uma das melhores
cenas de toda a franquia. As jovens Tempestade (Alessandra Shipp) e Jean Grey
(Sophie Turner) não nos cativam, quanto aos antigos, Jennifer Lawrence não justifica
o valor do ingresso e a aparição de Wolverine poderia ser cortada, não por
culpa do personagem, mas pela classificação 13 anos, que tornou a sua sequência
de luta “furiosa” em uma broxante sequência de cortes rápidos em que só aparecem
as suas garras e as caras e bocas.
O que salva X-Men: Apocalipse é a
oportunidade de novamente poder vivenciar o universo mutante e, claro, o
carisma de personagens que aprendemos a gostar desde o primeiro filme da saga,
há 16 anos. Apesar de seus defeitos, o filme entretém - os menos exigentes - e
tem efeitos especiais melhores que o de Guerra Civil. Com a recepção morna do
filme, provavelmente Bryan Singer deixará os mutantes em paz – e isso será
ótimo – pois “sangue novo” na cadeira de diretor significa inovação no universo
mutante, vejam só o que Matthew Vaughn fez com Primeira Classe, até hoje, a
obra-prima dos filmes dos X-Men.
NOTA: 6,5
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