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6 de setembro de 2010

A Vida em Preto e Branco


O que você faria se tivesse acesso a um controle remoto mágico que o fizesse entrar na TV? Ou melhor, te transformasse num personagem daquele seriado que tanto ama?

Com certeza iríamos fazer muitas mudanças na história original, iríamos colocar em prática tudo aquilo que falamos e opinamos quando estamos sendo telespectador de um programa.

Bom, isso é o que fazem os protagonistas do simpático filme A Vida em Preto e Branco (1998). Aqui, os irmãos David (um Tobey Maguire pré-Homem Aranha) e Jennifer (Reese Whiterspoon, pré-Legalmente Loira) são transportados para um seriado de TV em preto e branco, passado nos anos 50 chamado Pleasantville – nome original do filme.
David e Jennifer logo se tornam os personagens Bud e Mary Sue respectivamente. E não demoram muito para eles alterarem o universo da série. A cidade de Pleasantville é perfeita, todos são excessivamente felizes, não há sexo e nada de sentimentos negativos ou qualquer tipo de acidente, seja ele provocado pela natureza ou não. Para se ter uma ideia, nesta cidade, o principal - e único - trabalho dos bombeiros é salvar os pobres gatinhos presos nas árvores.

Mary-Sue vai ser aquela que vai “corromper” as pessoas e infringir as leis da decência comum na cidade. É ela que vai dar uma cor – literalmente e metaforicamente – na vida cinza e preto e branco dos cidadãos de Pleasantville. Tudo começa quando ela leva seu namoradinho (um Paul Walker magricela e pré-Velozes e Furiosos) para a Alameda dos Amantes, lugar aonde os jovens vão para conversar, pegar nas mãos e....só. 

Bom, isso acontecia até a Mary-Sue fazer com que seu namorado sinta emoções e sensações nunca antes conhecidas. Logo, todos os jovens estão experimentando formas de prazer e descobrindo suas potencialidades. Mas a cada quebra na conduta dos moradores, o universo – as pessoas e seu comportamento, a cidade – do seriado começa a ser alterado e colorido.




A inocência, a felicidade, e a vida perfeita livre de qualquer problema dos cidadãos de Pleasantville começam a ser substituídos por violência, repressão, e despertando a ira dos mais conservadores. Logo, os “coloridos” são repreendidos pelos “cinzas” por aderirem à liberdade individual, por suprirem seus desejos sexuais e saírem de suas zonas de conforto.


A Vida em Preto e Branco, filme de Gary Ross, pode ser de doze anos atrás, mas os temas discutidos aqui nunca ficarão “velhos”. E esse filme trata de questões como acesso à cultura, igualdade, censura, liberdade de expressão sempre de uma maneira engraçada, leve e original. 

A direção de arte é magnífica – as cenas que mesclam cenários pretos em branco com objetos coloridos são quase uma obra de arte – e os atores dão um show. Além de Whiterspoon e Maguire, Joan Allen, William H Macy e Jeff Daniels se destacam em seus personagens. Uma agradável película que merece ser vista inúmeras vezes.

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