Estreou esta semana a série Scream Queens, mais uma obra da
mente criativa de Ryan Murphy, criador de Glee, American Horror Story e da
antiga, mas ótima, Nip/Tuck. Mais uma
vez Murphy recria e mistura fórmulas batidas e se sai bem nessa tarefa, Scream
Queens mescla comédia e o ambiente dos filmes adolescentes de fraternidades,
como Meninas Malvadas e A Casa das Coelhinhas, com o terror trash de longas como Pânico. O resultado é uma série
politicamente incorreta, bizarra, que não economiza nas mortes, no humor ácido e
ainda arruma espaço para criticar a juventude fútil dos dias atuais.
A nova série da Fox é protagonizada por Emma Roberts, que sem
esforço algum sempre faz bem o papel da bitch
malvada e insuportável. A trama começa lá em 1995 - época em que Waterfalls, do
TLC, era o hino das adolescentes - com uma garota parindo numa banheira em plena
festa da fraternidade e morrendo logo em seguida.
Nesse início, já notamos os
diálogos rápidos e o pesadíssimo humor negro, que não deixam de ser
hilários. A história continua 20 anos
depois com a Chanel (Roberts) no comando da Kappa Kappa Tau e “tocando o terror”
com as suas fiéis escudeiras, Ariana Grande (Chanel 2) e Abigail Breslin
(Chanel 5). Obviamente, os acontecimentos do passado têm relação com as mortes
provocadas por um serial killer nos dias atuais no campus da universidade, mas esse mistério nós
saberemos mais ao longo dos 15 episódios da primeira temporada.
Como se sabe, Ryan Murphy não consegue manter o nível de
qualidade, em termos de roteiro, de suas séries por muito tempo, Glee descambou
após a segunda temporada, o mesmo aconteceu com American Horror Story, cuja antologia
Freak Show deixou muito a desejar.
Então, espero mesmo que Scream Queens tenha um futuro melhor na TV, pois é uma
série ousada e distinta de todo o resto.
Scream Queens tem um punhado de acertos que vale a
pena comentar um por um. Além do já mencionado humor corrosivo, os diálogos
debochados e imbuídos de referências pop são um deleite, a trilha sonora retrô -
tão anos 90 - e as mortes bem
elaboradas, quase uma homenagem aos filmes trash dos anos 80, são muito melhores
que as da série Pânico.
Outro mérito da série é a de criticar a juventude contemporânea,
fria, fútil, hipócrita, que prefere postar no Facebook o próprio assassinato a ligar para o 911. Aliás, a cena na qual uma personagem conversa
com o serial killer, de frente para ele, por mensagens no celular, é impagável.
Além de Ariana Grande, Abigail Breslin e Emma Roberts, a
série conta a ilustre presença da rainha do grito da vida real Jamie Lee
Curtis, a Lea Michele e Nick Jonas, interpretando um gay novamente, mas menos
dramático do que o seu papel na excelente Kingdom.
Aliás, Jonas é responsável por momentos desconcertantes na série, como a
surpresa vista no final do segundo episódio.
Se Scream Queens manter
o pé no acelerador como fez nos primeiros dois episódios e o Murphy não se
perder nos excessos dentro da história, a série pode ser uma das melhores do
ano, pois ela já é uma grata surpresa da TV.
Que a gritaria continue...