Gotham estreou esta semana na TV americana e trouxe aquele
frescor de novidade que realmente surpreende a gente e estilhaçando aquela
sensação ruim de que a série da Fox, sobre o período em que Batman não era
ainda o Batman, fosse se enveredar pelo modelo básico seguido pelas atuais séries
de super-heróis, tipo aquelas do canal CW. Ao fim do primeiro episódio de Gotham
(2014) soltei um Ufa, seguido
de um Wow, respirei aliviado, fiquei
muito satisfeito com o resultado e com a
proposta mais adulta e sombria de Gotham, criando um abismo de disparidades
imenso entre esta nova série e as outras produções do mesmo gênero.
Gotham traz à televisão os personagens icônicos dos
quadrinhos de Bob Kane e Bill Finger e pretende mostrar a infância de Bruce
Wayne e desde o início da carreira de James Gordon (Ben McKenzie) na polícia de
Gotham City, além de explorar todos aqueles vilões do cavaleiro das trevas que
nós conhecemos, só que em versões bem mais jovens. O Pinguim (interpretação
magnífica de Robin Taylor), por exemplo, é quem rouba a cena neste primeiro
momento.
O jovem Pinguim.
No episódio-piloto, Gordon acaba de chegar na cidade, já com
a posição de Tenente, o jovem vai ter que aturar o mau humor de seu parceiro Harvey
Bullock (Donal Logue). Como a gente bem
sabe, Gordon é um policial corajoso, honesto, ingênuo e incorruptível. O maior
embate da série certamente será a relação tempestuosa entre ele e o seu
parceiro, um cara corrompido pela máfia e de atitudes duvidosas. A adaptação ainda vai explorar a vida de
Gordon e a sua maneira de sobreviver em uma cidade suja, em todos os sentidos,
constituída de policiais corruptos, criminosos e pessoas em que não se pode
confiar.
É neste primeiro episódio que Gordon se aproxima do garoto
Bruce Wayne (David Mazouz), a trama inicial da série é justamente sobre o
assassinato dos pais do menino e o esforço de Gordon e Bullock em resolver o
caso.
Como dito antes, Pinguim é o que mais se destaca na estreia,
é muito bom vê-lo em cena, no entanto, outros futuros vilões fazem uma aparição
modesta no piloto, por enquanto, como a Selina Kyle (Camrem Bicondova) que sempre
surge se esgueirando entre os prédios avistando o órfão. A Hera Venenosa e o
Charada também aparecem de relance no primeiro capítulo.
Det. Gordon e Bullock.
Além dos vilões e do mafioso Falcone, a trama ainda conta com
uma adição perigosa à galeria de personagens e que vai dá muito trabalho para o
Tenente Gordon, Fish Mooney, vivida por Jada Pinkett Smith, uma gângster que já
tem seus bons momentos no primeiro episódio.
Diante dos primeiros 48 minutos do piloto de Gotham, minhas
expectativas estão nas nuvens. Criada por Bruno Heller, responsável por Roma e
The Mentalist, a série da Fox tem muitos acertos e um futuro promissor. O elenco foi bem escolhido, Ben McKenzie -
recém-saído de uma experiência intensa e desafiadora na série Southland - convence
e Logue, intérprete do seu parceiro, também se sai muito bem, ambos mostram
muita sintonia em cena.
Gordon consola o garoto Bruce Wayne .
O visual sujo e feio da cidade, o clima sombrio, os cenários
escuros e poluídos, incomodam o espectador e evocam a atmosfera dos filmes de Christopher Nolan.
Também é notável a escolha dos roteiristas em não esconder o sangue e a
violência física, tudo isso torna Gotham uma grata surpresa, mais que uma simples série
sobre o prelúdio de um super-herói, um programa adulto que lembra muito os
filmes de máfia e aposta na ousadia e no realismo, não podia se esperar menos
de um seriado ambientado em um mundo que é bem intimidante, feio, desonesto e
violento.
Gotham será exibida no Brasil pelo canal Warner a partir do dia 29 de
setembro. A primeira temporada terá 16
episódios.