O filme existencialista não deve agradar a muitos,
mas é um belo ensaio sobre a vida
mas é um belo ensaio sobre a vida
A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011) não é um filme “palatável” para o grande público, ao menos para aqueles que esperam dele um drama linear e convencional. O longa de Terrence Malick (Além da linha vermelha) é permeado por questões filosóficas, alguns dizem que é um filme religioso, outros dizem que não, trata-se apenas da história de um homem que questiona a sua vida e a si mesmo. A Árvore da Vida é, a meu ver, um filme sobre a vida, o “viver”. É também sobre culpa, perdão, morte, Deus.
A fita começa com a voz de um narrador fazendo perguntas filosóficas acerca da vida. Somos apresentados ao personagem de Sean Penn, Jack, e logo adentramos em suas memórias aleatórias - sim, as cenas aparecem aleatoriamente - de quando era criança. O filme pode parecer muito confuso para as pessoas não acostumadas com esse tipo de obra existencialista – me incluo nesse meio também, nunca vi Cinzas do Paraíso e Terra de Ninguém do Malick, apenas o “recente” Além da Linha Vermelha, que não gostei, talvez por não ter entendido muita coisa, o mesmo aconteceu quando vi 2001 – Uma Odisseia no espaço. Acredito que eu não tinha “maturidade cinematográfica e bagagem cultural” suficiente para entender ambos os filmes.
A Árvore da vida torna-se mais compreensível após a parte “Discovery channel”. Eu explico. Como dito antes, o filme é sobre a vida, o “nascer da vida”, e para exemplificar o longa divaga sobre o nascimento da Terra, do ser vivo, nos mostra a natureza, os planetas, os animais, os dinossauros, erupções vulcânicas, tudo isso numa sucessão de imagens - e cenas - magníficas bem ao estilo daqueles documentários exibidos no canal Discovery ou no Globo Repórter.
Dinossauros: uma das cenas mais bonitas do longa.
Essas imagens se mostram relevantes quando se tem um personagem, o Jack, que se questiona a todo momento sobre a sua vida e sobre si mesmo, um homem que talvez se sinta culpado, que sofreu por não ter “contato” suficiente com o mundo, impedido pelo pai carinhoso, mas muito intransigente, interpretado brilhantemente por Brad Pitt.
Após aquela sucessão de imagens, a produção foca-se mais na infância de Jack – o personagem de Penn enquanto criança é interpretado pelo ótimo ator Hunter McCraken, - na família, na sua relação tempestuosa com o pai. As cenas concentram-se nas brincadeiras com os irmãos e com a mãe, serena, vivida pela ruiva Jessica Chastain. Ela é a mulher que é toda sorridente com os filhos, enquanto o pai os afasta com seu jeito rígido.
O enfoque familiar torna tudo mais fácil para o espectador, mas essa clareza vai até os 10 minutos finais. Nesse momento, começamos a ter a sensação de estarmos assistindo a uma obra de Chico Xavier, as cenas exalam “espiritualidade” - ou seria “filosofia”?. Enfim, ainda assim, ante as imagens na tela somos “empurrados” para um mar de positividades, uma sensação boa nos preenche, e começamos a questionar sobre tudo, sobre nós, a vida, a morte. E é isso que Malick deseja, que saiamos do cinema com reflexões, que tenhamos uma experiência única.
Celebre a vida e viva-a com veemência. Creio que essa é uma das mensagens transmitidas pela obra, eu sei, é piegas, mas A Árvore da Vida dá margem para muitas interpretações, esta é a minha, e a sua?
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