O mundo está nas mãos de jovens criminosos
As produções inglesas têm o
grande mérito - sim, é algo positivo - de mostrar a juventude através de um prisma realista, crua e um pouco pessimista.
Veja o caso de Misfits, série que tem
como protagonistas, delinquentes juvenis que recebem poderes extraordinários
enquanto fazem serviço comunitário. Apesar do elemento fantástico aqui, a realidade e o comportamento dos jovens não são nada glamourosos, como os jovens ricos e bonitos dos seriados americanos. Ah, outro bom exemplo é Skins, que trata de um grupo de adolescentes vindo de famílias
disfuncionais cuja rotina se resume a baladas, sexo, drogas e ... mais sexo.
A mais recente produção da terra
da rainha, o divertido filme Ataque ao Prédio (Attack the Block, 2011) não foge desse estilo britânico, é mais um exemplar
dessa quebra de padrão elucidada por protagonistas anti-heróis, que vivem nas marginais
das grandes cidades, nada semelhante aos personagens estereotipados das produções
americanas. (Só para constar, adoro programas americanos tá, mas como um curioso com C maiúsculo, também amo descobrir e assistir às produções de outros países.)
Quer saber como as produções inglesas podem ser tão "liberais" artisticamente? Lá vai. Você
veria, numa série americana, por exemplo, jovens assaltantes maconheiros salvando o planeta
de uma invasão alienígena?
Nem é preciso pensar muito né? NO.
Então, essa é a trama de Ataque ao Prédio, dirigido pelo estreante Joe Cornish
- esse cara vai longe hein! - e produzido pelo visionário Edgar Wright (Todo Mundo quase
Morto, Scott Pilgrim contra o Mundo).
O longa já vale ser visto só pela premissa tão incomum. Ataque é
bastante movimentado e já começa com a gangue, formado por esses jovens
aspirantes a criminosos, moradores da parte pobre na zona sul de Londres, assaltando
uma moça indefesa. Minutos depois, um meteoro cai na rua e logo eles descobrem
o tal alienígena. Não demora muito para o líder do grupo, Moses (John Boyega),
uma versão teen do Jay-Z, matar o bicho. Também não tarda muito para que a moça
assaltada se alie aos moleques e comece a lutar contra os macacos-pretos de dentes fosforescentes, que invadem o
prédio onde moram.
Aquele humor britânico cheio de sarcasmo
e os diálogos politicamente incorretos não poderiam faltar em Ataque ao Prédio - "Que tipo de alien cai justo num bairro pobre de Londres!". E não esperem efeitos especiais grandiosos, eles existem e são decentes, as criaturas do espaço sideral tampouco decepcionam. Outro ponto positivo na produção, é o tratamento dado à história, tudo é crível demais, o ambiente, o contexto social e principalmente os personagens, que por serem meninos
de rua acostumados com a violência, não demonstram, na maioria das vezes, medo algum da criatura, perseguindo-a
incansavelmente e munindo-se de qualquer objeto ao alcance, nesse cenário, nem desconfiamos da coragem dos moleques. Tudo é verossímil.
Se no início do filme é difícil
nos identificar com os personagens, causando
certa estranheza – será que esses assaltantes juvenis serão os heróis? Afee!
- isso é superado após uns 15 minutos de projeção. No fim, estamos torcendo loucamente pela gangue e sentimos muito a cada
membro “abatido” na caçada aos aliens.
Ataque ao Prédio é uma agradável película, é original, envolvente e tem aquele ritmo frenético dos
filmes de Guy Ritchie, além de ser mais divertido que os últimos filmes
hollywoodianos de invasão alienígena, como o cansativo Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (2011) e
Skyline (2010), este, um retalho de clichês mal aproveitados. Confira aqui o TRAILER.
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