Indicado a 10 Oscars, O Artista, filme
mudo francês – mas com atores coadjuvantes hollywoodianos – merece sim todas as nomeações e prêmios que tem
angariado ao longo dos últimos meses, merece crédito pela originalidade e pela
ousadia, convenhamos, fazer um longa a la anos 20 em plena época onde o 3D predomina, é no mínimo corajoso. Porém, não é o meu favorito para levar o Oscar
de Melhor Filme, minha torcida é para Os Descendentes.
O Artista (The Artist, 2011) é
descaradamente uma homenagem ao cinema, pois narra uma das evoluções que a
sétima arte sofreu na década de 20, o advento do som. Ambientado entre os anos 1927 e 1932,
justamente na época do desaparecimento dos filmes mudos e o surgimento e a
popularização dos filmes com sons, que se passa a história do longa de Michel
Hazanavicius.
Jean e Bérénice sorriem em P/B.
O francês Jean Dujardin, está perfeito como o charmoso ator George
Valentim, galã dos filmes mudos e que perde seu “espaço” na indústria cinematográfica
ao se recusar - orgulhoso do jeito que é - a atuar em filmes sonoros. Seu posto
de “queridinho do cinema” é tomado pela sua fã Peppy Miller, interpretada
com graça pela linda Bérénice Bejo, que por curiosidade, é franco-argentina nascida em Buenos
Aires, e participou do filme Coração de Cavaleiro.
Aliás, esta dupla de
protagonistas, ambos de sorrisos encantadores e marcantes, é a alma do filme francês.
A fotografia é linda, a trilha sonora, como não poderia deixar de ser, é
fantástica, mas O Artista não teria
tanto brilho se não fosse pelo talento da dupla principal. E se Jean ou
Bérénice levarem o Oscar, será muito bem merecido.
Ah, e tem o cachorro. O fofo Uggie,
esse é seu nome, não está indicado ao prêmio da Academia, óbvio, mas já abiscoitou
um prêmio por sua “roubada” de cena no filme. Ele ganhou o “Coleira de Ouro”, Golden Collar, premiação voltada para as estrelas caninas de
Hollywood. Muito bem Uggie.
O Artista começa bem, com o
Valentim esbanjando sorrisos largos e enquanto Peppy ainda é só uma fã do
astro. Mas o drama começa a cansar no momento em que a carreira do protagonista entra em decadência e
a trama toma caminhos bem previsíveis. Aí, a sensação de que já vi essa
história antes me acomete, com a diferença de que o filme agora é mudo e em
preto e branco.
Bérénice e Jean sorriem em cores também.
Mesmo com essas ressalvas, O
Artista, é aquela filme que não se deve julgar pela capa, não é recomendado
apenas para cinéfilos e saudosistas, é perfeitamente indicado para esta nova geração, e que muito provável nunca tenha assistido a um filme
mudo, possivelmente só conhecem Tempos Modernos com Charles Chaplin, só porque
o professor pediu para fazer uma resenha sobre ele.
É sim uma agradável película, travestida de homenagem
ao cinema ou de crítica ao mundo dos espetáculos, cujo maior triunfo é de seus
protagonistas. Estes sim, devem ter um futuro mais promissor em produções
hollywoodianas daqui para frente.
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