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30 de junho de 2012

Deus da Carnificina



“Estou feliz por nosso filho ter quebrado a cara do seu, e eu limpo minha bunda com os seus direitos humanos”. Nancy (Kate Winslet)

Um incidente entre dois garotos causa o maior rebuliço entre os seus pais. Esta é a premissa do novo filme do polêmico diretor Roman Polanski (O Escritor Fantasma, O Pianista), Deus da Carnificina (Carnage, 2011),  o elenco é estelar, Kate Winslet, Jodie Foster, Christopher Waltz e John C. Reilly dividem o mesmo espaço na tela durante os 80 minutos da fita.

O enredo se passa em um mesmo ambiente, na casa de Penelope e Michael (Foster e Reilly respectivamente), pais do menino agredido pelo filho de Nancy e Alan (Winslet e Waltz). O filme inicia com os quatro reunidos para conversar sobre o ocorrido. A ideia é ter uma conversa conciliadora e pacífica, mas a  reunião toma rumos inesperados, cria-se na sala de estar um campo de batalha verbal expondo as fraquezas do casamento e as diferenças de cada um deles.

Elenco de qualidade!

Penelope (Foster) é a politicamente correta, pensa que o filho da colega tem que ser punido, enquanto Alan (Waltz) acha que seu filho não fez nada de mais, e que agressões fazem parte da infância, sua mulher, Nancy (Winslet) é a recatada da história, mas ninguém a segura depois de umas doses de Whisky, e Michael (Reilly), marido da personagem de Jodie, é o inconveniente da turma, e constantemente repreendido pelos outros por ter abandonado o  hamster da filha na rua. 

Personalidades tão distintas só acaloram a discussão que começa calmamente, a troca de farpas é civilizada, ambos pais atuam de maneira bem imparcial acerca do ocorrido, falam sobre o comportamento dos filhos e tentam criar maneiras de resolver isso, mas o assunto e a atitude dos quatro vai se alterando aos poucos, e tudo sai do controle após a entrada em cena de uma garrafa de whisky, cada um querendo se isentar da culpa e responsabilidade pelo incidente com seus filhos.

Os pais que sentem culpa pelo comportamento do filho.

Deus da Carnificina não é o melhor trabalho de Polanski, mas é um drama eficiente, ótimos atores, tem boas cenas cômicas, porém, é mais indicado para cinéfilos, por se tratar de um filme de atuação, amparado por diálogos inteligentes e rápidos. Christopher Waltz e Jodie Foster conseguem se sobressair, mas obviamente Kate Winslet e John C Reilly não fazem feio. 

Baseado na peça de teatro de Yasmina Reza, Deus da Carnificina fala sobre civilidade, relacionamento, culpa e a responsabilidade dos pais para com seus filhos. Uma boa película para o pai ou mãe que já vivenciaram esse tipo de conflito familiar.

21 de junho de 2012

O Mundo Fantástico de Tim Burton




O novo filme de Tim Burton, Sombras da Noite, está chegando nos cinemas, motivo mais que suficiente para listar aqui os trabalhos mais representativos de sua carreira, ao menos para mim. Sua filmografia tem um estilo próprio, é ímpar, e caracterizada por dar vida a personagens excêntricos de uma forma pitoresca que nenhum outro diretor é capaz. 




Os Fantasmas se divertem (1988) - Se você não viu este clássico dos anos 80 na Sessão da Tarde alguma vez na vida, tenho que lhe alertar, você não é normal. Tim Burton inverte aquela premissa batida de “humanos lutam para expulsar fantasmas de suas casas” e cria uma das comédias mais divertidas e originais do cinema, em Os Fantasmas se Divertem, são os fantasmas – Alec Baldwin e Geena Davis, hilários – que querem expulsar os novos moradores da casa onde viviam. Destaque para a impagável cena do jantar no qual todos dançam “Day-O”. Veja a cena aqui.  Incansável de ver,  esta comédia apresentou ao mundo aquele estilo obscuro com tom sobrenatural que ele demasiadamente exploraria nos anos seguintes.



Edward: Mãos de Tesoura (1990)-  Este é o segundo trabalho de Winona Rider com o diretor, eles trabalharam juntos em Os fantasmas se divertem, e agora ela, sem o estilo gótico do longa anterior, interpreta o interesse romântico de Edward, o primeiro personagem esquisito de Johnny Depp e primeira parceria de Burton com o ator. Uma emocionante fábula sobre um homem que em vez das mãos, possui tesouras no lugar, e por isso esconde-se do mundo. Mas Ed é descoberto pela garota e muda radicalmente a sua vida e toda a dinâmica da vizinhança onde vive. Uma linda história sobre superação e como ser diferente numa sociedade preconceituosa.


Ed Wood (1994) -  O trabalho menos comercial e conhecido de Burton. Johnny Depp interpreta Ed Wood, considerado o pior diretor de cinema de todos os tempos, e  acredite, é baseado na história real de Edward Davis Wood Jr, conhecido pela péssima qualidade de seus filmes. Rodado em preto em branco, Depp está incrível neste personagem excêntrico e complexo.  As cenas em que Wood está no set filmando, local onde ele usa toda a sua criatividade para compensar a falta de recursos, são as melhores. São momentos que evidenciam ainda mais o talento de Depp, que na época merecia uma indicação ao Oscar, infelizmente, nem isso ele conseguiu, apesar do filme ser aclamado pela crítica naquele ano.



Marte Ataca! (1996) – Uma comédia cruel, ácida e muito divertida, é assim que Burton trata a invasão marciana mais politicamente incorreta do cinema, que  recentemente citei no post 4 Filmes de invasão alienígena que você provavelmente não viu.  Burton subverte o gênero mais uma vez, dá um tempo no sobrenatural/gótico e realiza um filme de invasão diferente de todos os outros, os alienígenas têm senso de humor, as naves são propositadamente toscas,  não há um mocinho para salvar a humanidade no final e o presidente dos EUA,  bom, nem ele se salva.


A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999) – Visualmente um dos filmes mais belos e sombrios do diretor.  Johnny Depp e Christina Ricci estrelam esse suspense que conta a história de um vilarejo que é atormentado por um cavaleiro sem cabeça, que deixa pavor e corpos decapitados sempre quando aparece. Com uma direção de arte primorosa e uma fotografia assustadora que transmite aquela sensação de horror ao espectador, e com cenas belíssimas, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça é, ainda,  o meu filme preferido do cineasta.




Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (2003) -  Uma sequência de histórias fascinantes e de fantasia, assim é este drama comovente protagonizado por Ewan McGregor. Com a  saúde debilitada, Ed Bloom (Albert Finney) começa a contar algumas aventuras do seu passado para a esposa de seu filho, este que sempre pensou que essas histórias, que envolviam seres fantásticos e bizarros, como as irmãs siamesas ou o homem mais alto do mundo,  fossem mentiras, até que um dia ele tem a prova de que elas realmente aconteceram, e que estes seres estranhos, existem de verdade. Um drama  surpreendente e aborda a relação pai-filho sem cair no melodrama.


Tim Burton também se aventurou no mundo dos videoclipes, dirigiu Bones, da banda de rock indie The Killers. O resultado é fenomenal, bem no estilo burtoniano, com esqueletos vivos e cenários sombrios,  aliado à movimentada canção da banda, resultou num dos melhores clipes já feitos. 





13 de junho de 2012

Prometheus



Comentários engraçadinhos fazendo trocadilho com o nome do filme como “o filme promethia”, “Prometheus e não Cumprhius” foram ouvidos por mim ao término da sessão de pré-estreia de Prometheus na semana passada. O novo filme do cultuado diretor Ridley Scott que tem em sua filmografia trabalhos aclamados como Alien, Blade Runner e Gladiador infelizmente faz jus às piadinhas, ainda que o longa tenha seus pontos positivos.

Prometheus (2012) entra naquele caso em que o trailer empolga mais que as duas horas de fita, não espere que a ação mostrada no trailer ganhe uma versão estendida na telona, isto realmente não acontece. O filme é feito de ameaças, ameaça que a coisa vai engrenar em algum momento, de que o roteiro confuso vai te surpreender em alguma cena obscura, então pensamos que todo aquele clima de suspense e tensão apresentado no trailer vai dominar a tela,  no fim, são só promessas.

Mais uma vez, é Fassbender quem rouba a cena.

Prometheus peca pelo roteiro inverossímil - que divaga sobre as possíveis origens da humanidade -  repleto de situações de soluções fáceis e que parece que foi feito com um único objetivo: fazer com que a cena final tenha algum sentido. Outro problema é o talento e a beleza desperdiçados de Charlize Theron, que vive uma personagem totalmente descartável, bem como o mau aproveitamento de Guy Pearce (Amnésia). Quem se sai bem mesmo é Michael Fassbender (ah, sério?), na pele de um robô misterioso e Noomi Rapace, como a protagonista que descobre respostas sobre a existência humana.

Scott quis criar aquele clima de tensão crescente de Alien, mas falhou.  Porém, esteticamente o longa não desaponta, a fotografia escura é linda e torna o mundo na tela mais imersivo na versão em 3D, a direção de arte, os cenários grandiosos, a  trilha sonora e os efeitos especiais, são incríveis. As cenas de ação deixam a desejar,  mas o momento do parto cesariano é a única capaz de deixar lembranças do filme por dias a fio,  este é um momento de aflição, de roer as unhas, como deveria ser toda a película.

Theron: Que eu faço aqui mesmo?

Quer ver um filme de ficção realmente assustador? Veja Alien, a razão pelo qual esta produção existe.  Prometheus realmente não “atendheus” às minhas expectativas – e acredito que a de muita gente também. É apenas um bom filme do verão americano, e um dos mais mornos trabalhos de Ridley Scott.

6 de junho de 2012

A volta dos lobisomens e vampiros da TV


Teen Wolf e True Blood estreiam novas temporadas e prometem muita ação, sangue, corpos sarados  e sensualidade


Teen Wolf é, acredite se quiser, uma das melhores séries teens da atualidade. O programa da MTV estreou sua segunda temporada esta semana. Quem viu?

Recentemente vi a primeira temporada, sem qualquer expectativa, me viciei. Claro que uma série teen sempre tem aqueles clichês do gênero, eles existem e lá estão eles: o protagonista bonito sarado popular (Scott McCall, vivido por Tyler Poser) e a garota linda e carismática (Allison, interpretada por Crystal Reed) novata na cidade e que logo torna-se o interesse romântico do rapaz e causando aqueles inevitáveis conflitos de casal que já estamos cansados de ver. O diferente nessa trama é o elemento denominado licantropia, ou seja, o protagonista é um recente lobisomem e sem controle nenhum sobre suas ações, isso é o mais bacana na trama, sem contar, a ótima química entre a dupla de protagonistas e o carisma do restante do elenco, principalmente o amigo abobalhado de McCall, Stiles (Dylan O´Brien).


Além dos dramas do protagonista e sua conturbada vida amorosa, a temporada tem como trama recorrente uma misteriosa criatura que anda aterrorizando a cidade. Não faltam cenas de ação e suspense em Teen Wolf, o ritmo de videoclipe dado à série só a torna mais empolgante. O episódio 7 da primeira temporada é o meu preferido, escuro e tenso do começo ao fim, o episódio dá uma pausa nos dramas dos personagens e prioriza a ação numa correria sem fim de McCall e seus amigos, que ficam presos na escola com o lobo gigante no seu encalço.



O elenco bonito, jovem e sarado não faz feio, a trilha sonora atual repleta de hits indies é outro grande atrativo para quem adora vasculhar novidades musicais nos seriados, os efeitos especiais até que convencem, apesar de parecerem superficiais em alguns momentos, mas nada gritante.



Em resumo, esqueça o lobisomem chorão de Crepúsculo, Teen Wolf é despretensioso, viciante, assista sem culpa, é um passatempo dos mais divertidos. Vale ressaltar que a MTV, com duas excelentes séries de qualidade e com um estilo tão próprio, esta e a engraçadíssima Awkward – cuja segunda temporada inicia no fim do mês -  em breve poderá transformar-se em uma concorrência de peso para as tradicionais emissoras especializadas em seriados. Nós, o público, só temos a ganhar com isso. Ficou curioso? Veja um vídeo.


Mudando para uma série mais adulta, com vampiros sexys e a garçonete mais bela e carismática da telinha – óbvio que é a Sookie Stackhouse - True Blood retorna para a sua quinta temporada neste domingo no canal HBO. Quem está mordendo de ansiedade aí?


A expectativa para esta nova temporada está altíssima, pois apesar da quarta temporada ter seus bons momentos, não foi uma das melhores da série. Com base nos trailers divulgados, a new season ressuscitará antigos e terríveis vilões de temporadas passadas, o que não significa que novos personagens não surgirão para atormentar ainda mais a vida já muito atribulada de Bill, Sookie, Tara, Jason  e companhia.


Pelo que vi nos trailers, esta quinta temporada tem tudo para se igualar à terceira, absurdamente violenta e descaradamente trash, com um foco maior no clã dos vampiros. True Blood é uma série tão peculiar e tão bizarra, com personagens tão ímpares e apaixonantes, que vale a pena vê-la mesmo quando a trama não é lá tão interessante, o que vale mesmo é que no próximo domingo vamos ouvir aquela musiquinha linda da abertura, “I wanna do bad things with you’. Confira o trailer da quinta temporada.
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