Ao término da sessão do novo
filme de Ridley Scott, O Conselheiro do Crime (The Counselor, 2013), a única
cena realmente memorável que ficou na minha mente é a da personagem Malkina
(Cameron Diaz arrasando) em um momento sexual e bizarro em cima de um carro.
Não por acaso, é a loira atriz quarentona que surpreende e se destaca na
produção composta por um elenco de peso com nomes como Michael Fassbender,
Javier Barden, Brad Pitt e Penélope Cruz.
Bom, já que a obra do prestigiado
cineasta é tão morna que dá preguiça de escrever sobre a trama, vou falar mais sobre a Cameron
Diaz e sua atuação hipnótica, de longe, a melhor qualidade do filme. Malkina, sua personagem, exala frieza,
agressividade e outras impressões negativas desde o primeiro momento em que
surge em cena. Minhas impressões são
confirmadas pouco tempo depois, na cena em que contracena com Penélope Cruz, instantes de muita sensualidade e diálogos ambíguos. Um dos bons momentos da
fita.
Diaz: sexy e fatal.
Diaz está incrível, ofusca o seu
parceiro de cena Javier Barden - bem
caracterizado fisicamente mas numa performance sem muito brilho - e seu
desempenho como uma mulher complexa e dúbia bem que poderia lhe render ao menos
uma indicação ao Globo de Ouro, este seria um bom momento para a atriz desviar
um pouco da imagem de comediante e mostrar a todos sua versatilidade.
Com um elenco invejável,
obviamente que este não é o defeito do filme. O Conselheiro do Crime peca pela
linearidade do roteiro de Cormac McCarthy (autor de A Estrada) e pelo texto
rebuscado. Alguns diálogos são maravilhosos, é verdade, mas há outros que soam
forçados demais e destoam da realidade ficcional.
Barden e Fassbender em cena.
Sobre a trama, vamos lá, um
conselheiro (Fassbender, competente como sempre) decide participar de um negócio
ligado a tráfico de drogas a fim de ganhar dinheiro fácil. Sabemos desde o
começo que ele vai se dá mal e todos avisam das consequências que está
sujeito a sofrer e dos dilemas morais que enfrentará. Daí quando algo sai
errado, o roteiro mostra suas fraquezas, e o efeito disso é que o espectador não
sente - e não vê - que ocorreu uma "reviravolta" e fica perdido até o último ato.
Não sei, talvez estejamos muitos acostumados com os formatos do suspense hollywoodiano
com suas reviravoltas mais incisivas, quem sabe a ideia de McCarthy era justamente entregar uma obra que fugisse do "arroz com feijão". Também penso que se a trama fosse
não-linear, a exemplo de 21 Gramas, o resultado poderia ser melhor e a jornada
infinitamente mais interessante.
No geral, O Conselheiro de Crime
tem bons momentos, que funcionam separadamente, mas em um quadro geral, o resultado é frustrante.
E desde Hannibal o Sr. Scott ainda continua
devendo um bom filme aos fãs.
NOTA: 5,5
Uma pena mesmo que o filme não seja tudo aquilo que aparenta ser. E nesse contexto de cartéis de drogas, ainda achava que Oliver Stone estava sofrendo de crise criativa com seu "Selvagens". Pelo visto essa crise é epidêmica em Hollywood!
ResponderExcluirabraço
Pois é, este entra para aquela lista de filmes com elenco grandioso e um historia que parecia promissora mas não foi..rsrsrrs.
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