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2 de julho de 2014

Penny Dreadful - A Primeira Temporada




A série de terror do canal Showtime, Penny Dreadful (2014), é uma das melhores surpresas da TV este ano. Com o encerramento da primeira temporada, a série criada por John Logan e Sam Mendes (diretor de Beleza Americana e Operação Skyfall) apresentou uma qualidade inestimável no roteiro que soube mesclar com sucesso personagens de romances muito conhecidos como Drácula, O Retrato de Dorian Gray e Frankenstein. 

Ambientada na sombria Londres do final do século XIX, Penny Dreadful tem como protagonista Vanessa Ives, interpretada com intensidade e elegância por Eva Green. Ives é uma personagem interessantíssima e de densa complexidade, é uma mulher forte e misteriosa cuja alma é marcada pela vulnerabilidade a possessões demoníacas. Ou o demônio existe dentro dela? Enfim, apenas sei que os melhores momentos da série certamente são aqueles em que Vanessa está possuída por essa entidade macabra, e por isso, o sétimo episódio é aterrorizante e muito superior a muitos filminhos baratos de possessão que existem por aí. 


Com quase uma hora de duração, o episódio 7 se destacou por focar apenas na personagem de Vanessa e na sua luta para se livrar do demônio que a possuía. Em resumo, um capítulo poderoso e inesquecível. Aqui, vale ressaltar dois grandes acertos do seriado, a escolha de Eva Green para o papel - pressinto prêmios e prêmios para a sua atuação assombrosa - e a escolha muito bem-vinda dos roteiristas em dedicar um episódio inteiro para desenvolver uma só personagem.

Vanessa Ives é a protagonista e ela rouba a cena sempre, mas há outras personagens atraentes também. Ethan Chandler, vivido por Josh Hartnett, fazendo algo relevante após anos de esquecimento, é um forasteiro bom no gatilho contratado por Vanessa para uma caçada em busca de Mina, filha de Sir Malcolm (Timothy Dalton) raptada por vampiros altos, branquelos e de olhos vermelhos. A princípio, Chandler não desperta muita atenção do telespectador, mas isso muda a partir do episódio 4, quando uma cena inesperada e sexual nos surpreende e percebemos que sua personagem é bem menos rasa do que pensávamos. Aliás, uma das grandes surpresas do último episódio da temporada envolve Ethan Chandler e apenas posso dizer que ele terá um papel maior na próxima temporada.


O Dr. Frankenstein (Harry Treadaway) e a sua criatura (Rory Kinnear) também merecem menção e são peças importantes na trama. Nesse arco, a procura de Caliban (a criação de Frankestein) por um amor, a sua ingenuidade e a decepção com os seres humanos é uma das tramas mais delicadas da série. A cena em que ele é despedido do teatro por não ser aceito pelo elenco, é de partir o coração.

A primeira temporada de Penny Dreadful é para ver e rever, a série mistura demônios, monstros e cultura egípcia de uma forma verossímil, não tem pressa em desenvolver as personagens, tampouco se precipita em mostrar momentos sangrentos de forma gratuita. O elenco afiado, a direção de arte caprichada e o tom dark da história também são pontos positivos a destacar. O seriado ainda merece o nosso respeito e atenção, pois logrou renovar o gênero terror com figuras pra lá de conhecidas sem cair nos clichês, e como consequência, conquistou e impressionou o público. No Brasil, a série é exibida pelo canal HBO.

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