A série de terror do canal
Showtime, Penny Dreadful (2014), é uma das melhores surpresas da TV este ano. Com o
encerramento da primeira temporada, a série criada por John Logan e Sam Mendes
(diretor de Beleza Americana e Operação Skyfall) apresentou uma qualidade
inestimável no roteiro que soube mesclar com sucesso personagens de romances
muito conhecidos como Drácula, O Retrato de Dorian Gray e Frankenstein.
Ambientada na sombria Londres do
final do século XIX, Penny Dreadful tem como protagonista Vanessa Ives, interpretada
com intensidade e elegância por Eva Green. Ives é uma personagem
interessantíssima e de densa complexidade, é uma mulher forte e misteriosa cuja
alma é marcada pela vulnerabilidade a possessões demoníacas. Ou o demônio existe
dentro dela? Enfim, apenas sei que os melhores momentos da série certamente são
aqueles em que Vanessa está possuída por essa entidade macabra, e por isso, o
sétimo episódio é aterrorizante e muito superior a muitos filminhos baratos de
possessão que existem por aí.
Com quase uma hora de duração, o episódio 7 se
destacou por focar apenas na personagem de Vanessa e na sua luta para se livrar
do demônio que a possuía. Em resumo, um capítulo poderoso e inesquecível. Aqui,
vale ressaltar dois grandes acertos do seriado, a escolha de Eva Green para o
papel - pressinto prêmios e prêmios para a sua atuação assombrosa - e a escolha muito bem-vinda dos roteiristas em
dedicar um episódio inteiro para desenvolver uma só personagem.
Vanessa Ives é a protagonista e
ela rouba a cena sempre, mas há outras personagens atraentes também. Ethan
Chandler, vivido por Josh Hartnett, fazendo algo relevante após anos de esquecimento,
é um forasteiro bom no gatilho contratado por Vanessa para uma caçada em busca
de Mina, filha de Sir Malcolm (Timothy Dalton) raptada por vampiros altos,
branquelos e de olhos vermelhos. A princípio, Chandler não desperta muita
atenção do telespectador, mas isso muda a partir do episódio 4, quando uma cena
inesperada e sexual nos surpreende e percebemos que sua personagem é bem menos
rasa do que pensávamos. Aliás, uma das grandes surpresas do último episódio da
temporada envolve Ethan Chandler e apenas posso dizer que ele terá um papel
maior na próxima temporada.
O Dr. Frankenstein (Harry Treadaway)
e a sua criatura (Rory Kinnear) também merecem menção e são peças importantes
na trama. Nesse arco, a procura de Caliban (a criação de Frankestein) por um
amor, a sua ingenuidade e a decepção com os seres humanos é uma das tramas mais
delicadas da série. A cena em que ele é despedido do teatro por não ser aceito
pelo elenco, é de partir o coração.
A primeira temporada de Penny
Dreadful é para ver e rever, a série mistura demônios, monstros e cultura
egípcia de uma forma verossímil, não tem pressa em desenvolver as personagens,
tampouco se precipita em mostrar momentos sangrentos de forma gratuita. O
elenco afiado, a direção de arte caprichada e o tom dark da história também são
pontos positivos a destacar. O seriado ainda merece o nosso respeito e atenção,
pois logrou renovar o gênero terror com figuras pra lá de conhecidas sem cair
nos clichês, e como consequência, conquistou e impressionou o público. No Brasil,
a série é exibida pelo canal HBO.
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