O filme materializa na telona o desejo de muitos brasileiros: ver um policial lutando contra o sistema. O que já é motivo suficiente para ir ao cinema!
Tropa de Elite 2 é um fenômeno. Ninguém estava esperando o sucesso estrondoso do filme, nem o diretor José Padilha. Tropa ficou sete semanas na liderança dos filmes mais vistos no Brasil , e se os bruxinhos da J. K. Rowling não aportasse nos cinemas na terceira semana de novembro ainda permaneceria por mais algumas. O blockbuster brasileiro estrelado por Wagner Moura está quase superando o filme Dona Flor e seus dois maridos que levou 10,7 milhões de pessoas às salas de cinemas no longínquo ano de 1976. Até agora, o público do filme de Padilha é de 10,1 milhões de espectadores. É o filme mais visto do ano no país. Nem a pirataria pode interferir na carreira do filme nos cinemas que, certamente, deve ultrapassar o longa da Dona Flor.
Tudo bem, Tropa de Elite 2 é um sucesso. Em termos narrativos e técnicos, é superior ao primeiro. Mas a que se deve todo esse êxito? O que está atraindo o público às salas escuras?
Segundo a revista Veja, grande parte dessa aclamação do público vem de um desejo comum dos brasileiros de poder caminhar pelas ruas das cidades sem sofrer algum tipo de violência e que essa garantia seja gerida por uma polícia honesta, incorruptível. Assim, Coronel Nascimento é tido como um tipo de justiceiro ideal, aqueles que todos querem ver atuando em sua comunidade. Um herói nacional. “Como o Estado falha na segurança, nós, que somos vítimas, temos a tendência de buscar soluções personalizadas, individuais. Nascimento dá vazão a essa ânsia por soluções imediatas. Ele é um justiceiro do século XXI brasileiro”, disse Padilha à revista.
“Para o estudante de psicologia César Gomes, 26 anos, o sucesso do filme é porque o público veem na figura do Nascimento, um herói, que não existe na realidade. “É ele versus o sistema”, afirma. “No primeiro filme, Nascimento não é vilão, nem herói. No segundo, ele já é visto como herói, porque não temos no Brasil, um herói que represente o país, como existe o Capitão América, ou o Superman, nos Estados Unidos” argumenta César.
Denise Alcântara discorda dessa atribuição de “herói” ao protagonista do longa. A universitária que cursa Relações Públicas, diz que o Nascimento é um idiota. Ela justifica: Ele já matou tanta gente e nunca pensou por um segundo porque ele estava matando? Não acredito naquela idéia de que o ser humano é ruim por natureza, acho que as pessoas se transformam de acordo com o ambiente em que vivem. No primeiro filme ele era apenas mais um que matava as pessoas, agora é um idiota consciente, porque agora ele sabe o porquê ele matava as pessoas do morro”, diz Denise. Ela achou o filme interessante, porque mostrou uma realidade pouco conhecida pela maioria das pessoas. “Não foi um filme de luta, violento, como o primeiro em que mostrava que "bandido tinha que morrer". No segundo filme foi apresentado um lado mais social”, conclui.
“Gostei do filme, provoca uma reflexão sobre a nossa condição política, mas o final é fictício”, relata César. “Ninguém vai ao Congresso denunciar os corruptos, criar uma CPI. Isso não acontece”, complementa o universitário se referindo á cena em que Nascimento vai ao Congresso e denuncia diretamente os deputados corruptos presentes ali causando o maior alvoroço no local, enquanto os acusados “berram” desesperadamente alegando serem falácias as acusações do coronel. Certamente essa cena pode parecer utópica na vida real, mas é um episódio que, graças ao diretor, materializou o desejo de muitos brasileiros de verem algum dia tal cena em algum telejornal.
O surpreendente sucesso do filme pode ser justificado por duas razões. Em primeiro lugar, o público brasileiro foi às salas pensando que iria ver mais pancadaria, outra fita de entretenimento, porém não absorvendo nada da mensagem transmitida. Em segundo, os mais de dez milhões de pagantes querem deixar um aviso de que há uma vontade do brasileiro de conhecer mais a fundo a realidade política da nação onde vive, além obviamente, da possibilidade – ainda que fictícia – de ver um policial honesto lutando sozinho contra um sistema falho e fazedores de corruptos.
Os universitários Denise e César tem opiniões contrárias sobre a absorção – ou não – das questões sociais abordadas no filme pelo espectador. Enquanto o primeiro diz que sim, a mensagem é dada ao espectador de forma bem mastigada propositadamente, para as pessoas perceberem o que está se falando na tela. O estudante de psicologia diz que não, a maioria dos espectadores não compreendem a mensagem que o filme transmite, concentram-se apenas na parte superficial, saem do cinema e logo esquecem o que foi visto e dito.
Para José Padilha, diretor dos dois Tropas, o fato do segundo filme ter passado dos dez milhões de espectadores indica que o público está interessado em pensar a realidade através do cinema político e que este tipo de cinema pode, sim, ser popular. “Para mim, esta é uma fonte de motivação. Me estimula a pensar em novos filmes, e a continuar o trabalho de roteirista e diretor que sempre quis fazer”, afirmou o diretor à revista Exame. Bom, se Padilha pensar em fechar uma trilogia para a saga do Cel. Nascimento, já teremos o nosso próprio “Bourne” a brasileira, ou o nosso “Dirty Harry” brazuca. O nosso próprio (anti) herói de ação nacional, ainda que seja apenas nas telonas.
Para José Padilha, diretor dos dois Tropas, o fato do segundo filme ter passado dos dez milhões de espectadores indica que o público está interessado em pensar a realidade através do cinema político e que este tipo de cinema pode, sim, ser popular. “Para mim, esta é uma fonte de motivação. Me estimula a pensar em novos filmes, e a continuar o trabalho de roteirista e diretor que sempre quis fazer”, afirmou o diretor à revista Exame. Bom, se Padilha pensar em fechar uma trilogia para a saga do Cel. Nascimento, já teremos o nosso próprio “Bourne” a brasileira, ou o nosso “Dirty Harry” brazuca. O nosso próprio (anti) herói de ação nacional, ainda que seja apenas nas telonas.
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