Há cinco anos, J. J. Abrams homenageou
Steven Spielberg e os clássicos juvenis dos anos 80 com o suspense Super 8, cuja trama era propositalmente semelhante a
E.T., O Extraterrestre. Ontem, estreou a excelente série de ficção e
suspense Stranger Things, produção original da Netflix, que também é uma ode à
cultura pop oitentista.
Stranger Things “respira” anos 80 até nos mínimos detalhes (pôsteres
de Tom Cruise e de filmes clássicos como A
Coisa e Evil Dead enfeitam os cenários); a “viajante” trilha repleta de sintetizadores da abertura lembra a
ficção Tron, clássico lançado em 1982; o hit Shoul I stay or should I go, do
The Clash, é presença constante na série; sem falar nos elementos spielberguianos inspirados –
descaradamente – por filmes como E.T., Os Goonies e Contatos Imediatos de Terceiro
Grau, como por exemplo, a turma de garotos caminhando em uma linha do trem ou
andando de bicicleta, que se envolve em uma trama de mistério e tenta resolvê-lo por conta própria.
Criada pelos irmãos Matt e Ross
Duffer, que também dirigem 6 dos 8 episódios, Stranger Things não esconde as referências, e não tem o porquê, mas
possui seus próprios elementos originais. O universo criado pelos irmãos – com a
ajuda de Shawn Levy (Gigantes de Aço), que dirige dois episódios –, refiro-me aquele
que é a maior revelação da série, tem um grande potencial e pode sustentar a
série por mais temporadas.
Sem revelar muito da
trama, a série inicia com o misterioso desaparecimento de um garoto, após se
deparar com uma criatura sinistra em sua casa. Winona Ryder, musa do Tim Burton
naquela década e protagonista de Os Fantasmas se divertem e Edward – Mãos de
Tesoura, encarna com unhas e dentes a mãe do garoto desaparecido, que vive, em grande
parte da temporada, perturbada e dividida entre a esperança e a insanidade.
Há muitas tramas paralelas, mas
vale destacar a dos três amigos: Mike (Finn Wolhard), Lucas (Caleb McLaughlin)
e o engraçadinho Dustin (Gaten Matarazzo), que se juntam à misteriosa Eleven
(Millie Bobby Brown), garota que fugiu de um laboratório estranho presente na
cidade, e vão procurar o amigo Will (Noah Schnapp), desaparecido estranhamente.
Um dos principais pontos altos de
Stranger Things é que todo o mistério
é resolvido até o fim da temporada, embora no último episódio tenham cliffhangers que nos deixem afoitos por
uma segunda temporada, a série não brinca com o espectador e nos presenteia com
uma trama redondinha, dinâmica, bem conduzida e repleta de personagens
cativantes e de momentos de tensão, suspense e horror.
Os irmãos Duffer podem até serem
desconhecidos – por enquanto –, no currículo, eles têm o filme de terror Hidden
e alguns roteiros da fraca série Wayward Pines, mas conheciam muito bem o
material que tinham nas mãos, e realizaram para a Netflix uma obra riquíssima,
nostálgica para os maiores de 30 anos, empolgante para quem não conviveu com as
pedaladas dos quatro amigos de Conta Comigo ou se maravilhou com as “luzes que
falam” de Contatos Imediatos...ah, obrigado irmãos pela deliciosa "viagem no tempo".
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