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11 de março de 2011

Não Me Abandone Jamais





Numa sala de aula de um colégio interno, conduzido com regras rígidas e sanções caso alguém atravesse a cerca, os alunos percebem que não são crianças normais ao ouvirem o desabafo de uma professora, que diz mais ou menos assim: Estão sendo criadas apenas para doarem seus órgãos aos que ficam doentes, e não sobreviverão muito após a terceira ou a quarta doação. Após a declaração da única professora da instituição com o mínimo de humanidade, o silêncio é absoluto. Este é apenas o início do introspectivo Não Me Abandone Jamais (Never Let me Go, 2010), baseado na obra de Kazuo Ishiguro.


O longa de Mark Romanek (Retratos de uma Obsessão) é uma mistura de drama e romance com elementos de ficção científica. A história acompanha a relação entre Kathy, Tommy e Ruth, três amigos que logo desencadearão um triângulo amoroso que atravessará décadas.


A 1° vez dos amigos num restaurante


O trio de atores é o grande trunfo do filme. Todos em atuações inspiradíssimas - e muito magros. Kathy é protagonizada por Carey Mulligan (de Educação), a introspectiva e a única dos três que parece se conformar com o seu destino infeliz – como já disse, quando jovem, doará seus órgãos para aqueles que estão precisando. Keira Knightley (Desejo e Reparação) dá vida a Ruth, arrogante, ciumenta e um pouco escandalosa. Andrew Garfield (visto recentemente em A rede social) interpreta o simpático e sensível Tommy, que ás vezes é cometido por ataques de fúria. Andrew está excelente, quase sempre ofuscando o brilho de suas colegas de cena.


O diretor decidiu por focar mais no triângulo amoroso e não se aprofundar em questões éticas, ou em quem serão os privilegiados com os órgãos ou como e por que os clones foram concebidos. O que se conta é que a expectativa de vida subiu para 100 anos, graças a esses jovens doadores.

Tanto o título original quanto o traduzido para o português, Não Me abandone Jamais, é curioso, pois propositalmente vai contra o inevitável destino dos três amigos, ou seja, ao menos no mundo material, algum dia eles terão que abandonar uns aos outros, para cumprir aquilo que já estava estabelecido antes mesmo de eles nascerem.

Cena de " tá na hora de tirar o lenço do bolso"

O filme estreia este mês nos cinemas, mas é relevante alertar: é preciso se preparar psicológico e espiritualmente antes de ir vê-lo, pois a produção não é um simples romance bobo. Não me abandone Jamais é um ótimo filme, porém, é triste e melancólico. A serena trilha sonora e a fotografia em tons pastéis apenas potencializam essa melancolia numa trama não ausente de clichês, mas que ainda assim é capaz de proporcionar um final impactante, daqueles que você fica paralisado, vendo os créditos subirem e pensando, pensando...

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