Grandes poderes exigem grandes responsabilidades, e limites
também. Os adolescentes Matt, Andrew e
Steve não sabem disso – eles nunca viram Homem-Aranha - mas aprendem essa lição
da pior forma possível. No ótimo Poder sem Limites (Chronicle, 2012), os três garotos ganham poderes extraordinários ao encontrar um objeto luminoso e
estranho enterrado numa floresta.
Poder sem Limites é mais um filme
que tem como característica aquele estilo documental, com os próprios atores
usando a câmera, que vem sendo incansavelmente explorado em produções de terror
de baixo orçamento como Atividade Paranormal, Apollo 18 e outras bem
ruinzinhas. Mas surpreendentemente essa ficção pseudo-documental traz um novo fôlego a um gênero que supostamente estava fadado à mesmice e à
falta de originalidade.
Após o contato com o tal objeto
misterioso, os jovens ganham poderes telecinésicos e começam a brincar uns com
os outros. A primeira parte da película mostra Matt (o metido a sábio), Andrew
(o nerd tímido) e Steve (o esportista e garanhão) treinando suas novas
habilidades, como mover e destruir objetos e parar uma bola no ar. As cenas em que eles usam seus poderes para
fazerem “pegadinhas” com as pessoas são hilárias.
A segunda parte se revela um
filme de super-herói de qualidade impressionante, cenas de ação intensas e
muito bem filmadas e “planejadas”, considerando a estética adotada, como por exemplo, no momento em que a ação é mostrada através
das câmeras de rua, dos celulares e de imagens televisivas. Um sequência incrível.
Josh Trank, o diretor que é
novato no ramo cinematográfico, certamente depois desse competente trabalho, no qual conseguiu efeitos
especiais espetaculares com um orçamento tão apertado (estimados 10 milhões), receberá
milhares de convites para comandar filmes de grande orçamento, ou no
mínimo, vai ensinar aos executivos de Hollywood como criar efeitos especiais
decentes e convincentes com pouco dinheiro. Apenas não entendo como ainda existem megaproduções de 200 milhões de
dólares com efeitos tão medíocres. Aprendam com Josh gente!
Não pensem que Poder sem Limites
é apenas sobre adolescentes irresponsáveis com superpoderes. Existe sim uma carga dramática envolvida.
Acompanhamos também o amadurecimento e a dolorosa transformação dos personagens. Impossível
não se identificar ou não gostar dos protagonistas, e mesmo quando um
deles ruma para caminhos tortuosos,
torcemos pelo seu happy end, afinal, nem todo herói é super.
Assista ao filme sem
expectativas, e sairá da sala satisfeito. Descontraído, engraçado,
despretensioso, o filme mais divertido do ano.
Quatro filmes no estilo "gravação amadora", que
você precisa ver antes de morrer:
A Bruxa de Blair (1999) – O precursor do gênero. Você nunca
mais vai acampar depois desse filme. E o final aterrorizante, você nunca mais
esquecer.
Cloverfield: Monstro (2008) - A primeira ficção do gênero e
produzida por J.J. Abrams (Lost). Godzilla “comeu poeira” depois desse thriller
realista e caótico sobre um monstro que destrói a cidade de Nova York.
REC (2007) – A versão
espanhol original. A perfeita
combinação de câmera tremida, zumbis
surgindo na escuridão claustrofóbica, resulta num dos filmes de horror mais
assustadores da década.
Atividade Paranormal (2009) – Apesar da premissa batida,
câmeras escondidas numa casa para gravar
acontecimentos estranhos e sobrenaturais, o suspense cumpre o que promete, assusta, e muito. Você nunca mais vai olhar
para uma porta aberta do mesmo jeito. Ah, não veja o filme sozinho.
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