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4 de março de 2012

Poder sem limites




Grandes poderes exigem grandes responsabilidades, e limites também.  Os adolescentes Matt, Andrew e Steve não sabem disso – eles nunca viram Homem-Aranha - mas aprendem essa lição da pior forma possível. No ótimo Poder sem Limites (Chronicle, 2012), os três garotos ganham poderes extraordinários ao encontrar um objeto luminoso e estranho enterrado numa floresta.

Poder sem Limites é mais um filme que tem como característica aquele estilo documental, com os próprios atores usando a câmera, que vem sendo incansavelmente explorado em produções de terror de baixo orçamento como Atividade Paranormal, Apollo 18 e outras bem ruinzinhas. Mas surpreendentemente essa ficção pseudo-documental  traz um novo fôlego a um gênero que supostamente estava fadado à mesmice e à falta de originalidade.


Após o contato com o tal objeto misterioso, os jovens ganham poderes telecinésicos e começam a brincar uns com os outros. A primeira parte da película mostra Matt (o metido a sábio), Andrew (o nerd tímido) e Steve (o esportista e garanhão) treinando suas novas habilidades, como mover e destruir objetos e parar uma bola no ar.  As cenas em que eles usam seus poderes para fazerem “pegadinhas” com as pessoas são hilárias.

A segunda parte se revela um filme de super-herói de qualidade impressionante, cenas de ação intensas e muito bem filmadas e “planejadas”, considerando a estética adotada, como por exemplo, no momento em que a ação é mostrada através  das câmeras de rua, dos celulares e de imagens televisivas. Um sequência incrível.



Josh Trank, o diretor que é novato no ramo cinematográfico, certamente depois desse competente trabalho, no qual conseguiu efeitos especiais espetaculares com um orçamento tão apertado (estimados 10 milhões), receberá  milhares de convites para comandar filmes de grande orçamento, ou no mínimo, vai ensinar aos executivos de Hollywood como criar efeitos especiais decentes e convincentes com pouco dinheiro. Apenas não entendo como ainda existem megaproduções de 200 milhões de dólares com efeitos tão medíocres. Aprendam com Josh gente!

Não pensem que Poder sem Limites é apenas sobre adolescentes irresponsáveis com superpoderes. Existe sim uma carga dramática envolvida. Acompanhamos também o amadurecimento e a dolorosa transformação dos personagens. Impossível não se identificar ou não gostar dos protagonistas, e mesmo quando um deles ruma para caminhos tortuosos, torcemos pelo seu happy end, afinal, nem todo herói é super.


Assista ao filme sem expectativas, e sairá da sala satisfeito. Descontraído, engraçado, despretensioso, o filme mais divertido do ano.

Quatro filmes no estilo "gravação amadora", que você precisa ver antes de morrer:


A Bruxa de Blair (1999) – O precursor do gênero. Você nunca mais vai acampar depois desse filme. E o final aterrorizante, você nunca mais esquecer.






Cloverfield: Monstro (2008) - A primeira ficção do gênero e produzida por J.J. Abrams (Lost). Godzilla “comeu poeira” depois desse thriller realista e caótico sobre um monstro que destrói a cidade de Nova York.





REC (2007) – A versão  espanhol original.  A perfeita combinação de câmera tremida,  zumbis surgindo na escuridão claustrofóbica, resulta num dos filmes de horror mais assustadores da década.






Atividade Paranormal (2009) – Apesar da premissa batida, câmeras escondidas  numa casa para gravar acontecimentos estranhos e sobrenaturais, o suspense cumpre o que promete, assusta, e muito. Você nunca mais vai olhar para uma porta aberta do mesmo jeito. Ah, não veja o filme sozinho.

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