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26 de março de 2012

Paraíso Perdido: a justiça falha e tarda


Documentário mostra a conturbada jornada de três jovens condenados a prisão perpétua por um crime que não cometeram, culpa de uma sociedade que exigia justiça às pressas




Paraíso Perdido 3: Purgatório (Paradise Lost 3: Purgatory, 2011), indicado ao Oscar de Melhor Documentário este ano,  é a terceira parte que trata sobre o caso do assassinato de três crianças que chocou os Estados Unidos nos início dos anos 90. Porém, aviso que não é necessária assistir aos primeiros documentários para entender a história, as sequências apenas acrescentam novas informações  acerca do caso, e considerando isto, Paradise Lost 3, é o que oferece uma visão mais abrangente.

O documentário começa com cenas fortes advindas de gravações da polícia. Stevie, Christopher e Michael, meninos de 9 anos de idade, são encontrados mortos num rio, nus, com mãos e pés amarrados. Alguns deles tiveram seus órgãos reprodutores arrancados. Se uma criança é vítima de um crime brutal já é o suficiente para chocar a comunidade, imaginem o que acontece se o número de vítimas infantis sobe para três.

Os três de West Memphis!

Bom, o que aconteceu na pequena cidade de West Memphis colocou em prova a credibilidade do sistema jurídico e da polícia local, ainda revelou os medos e preconceitos de uma sociedade que, apavorada e indignada pelo evento, clamava desesperadamente por justiça e pressionava as autoridades para encontrar os culpados.

Com a mídia em peso na cidade para reforçar a pressão em cima das autoridades, a polícia chegou a três suspeitos: Damien, Jason e Jessie. Bem, ninguém tinha nada concreto contra os três jovens, mas eles foram interrogados por motivos rasos assim mesmo, baseados no histórico e no comportamento “incomum” que tinham.

Damien, vida interrompida por 18 anos!

Damien era o típico cara que se vestia de preto e adorava heavy metal. Era o suficiente para afirmarem que ele fazia rituais satânicos no quintal de casa. Jason,  era seu amigo, os dois viviam sempre juntos, o bastante para a polícia prendê-lo também. O terceiro, Jessie, o mais conturbado, devido a uma “deficiência mental”, foi interrogado por 12 horas pela polícia, um ato desonesto e injusto, já que ele era menor de idade e estava sem a presença de um advogado.  

A essa altura, a polícia estava completamente satisfeita com os jovens suspeitos e não estava procurando mais ninguém, com isso, a cidade toda estava nervosa querendo a condenação dos três o mais rápido possível, sem deixar vazão para refletirem se eles realmente eram os culpados, apenas queriam culpar alguém.

Todos foram vítimas!

Em resumo, mesmo com provas tão duvidosas e artificiais,  os três  foram condenados. Damien foi condenado à morte por injeção letal, Jason seu amigo, pegou prisão perpétua, assim como Jessie, que após ficar 12 horas num interrogatório, deu um depoimento afirmando que seus companheiros tinham realmente matado os garotos, o que depois provou ser uma mentira e mais uma artimanha das autoridades para encerrar logo o caso.

Após o julgamento, a história dos três condenados de West Memphis  ganhou notoriedade pública. Eddie Veder,  Johnny Depp e  várias  bandas de  rock comentaram sobre o assunto e tiveram papel fundamental na jornada dos jovens e na sua libertação. O primeiro documentário da HBO sobre o acontecimento apenas trouxe mais “luz” sobre  o caso e incentivou a realização de um novo julgamento, pois novas  provas  iam surgindo frequentemente e  cada vez  mais a responsabilidade dos três jovens pelos crimes era colocada em dúvida.

Em 2010, os três tiveram um novo julgamento. Provas de DNA revelaram que nenhum deles tiveram relação com o assassinato. Em setembro de 2011, após 18 anos presos, Jason, Damien e Jessie foram libertados.

Jason, no meio, após a libertação, com os diretores do doc.

Paraíso Perdido 3: Purgatório é emocionante, conta algo inacreditável, mas felizmente real. O doc vai além da saga dos três jovens acusados de um homicídio triplo, fala de preconceito e desmascara  aquela convenção de que a justiça (principalmente a americana) é perfeita e que a polícia é competente. Mas a culpa  não se restringe somente às autoridades. O povo que, apesar de terem suas razões para culpar os jovens, se torna uma ameaça “nuclear” quando consumido pela fúria. A sociedade fica cega e irracional, e piora quando um “suposto” ritual satânico, como neste caso, é envolvido no processo.

Daí tudo ocorre como um efeito dominó. O poder público se revolta e comove, a mídia potencializa estes sentimentos e as autoridades se sentem pressionadas a agirem com rapidez - e consequentemente com maior tendência a cometer erros e ilegalidades no caminho. Bom, foi isso o que aconteceu.  A justiça falhou, e quase acabou com a vida dos três jovens, que somente agora, (re)começam a viver plenamente suas vidas. VEJA um vídeo.

Para ajudar os “três de West Memphis” com as despesas judiciais, foi criado o site WM3 (clique aqui e conheça),  feito por  pessoas simpatizantes  com a causa e revoltadas  com a condenação injusta. 

3 comentários:

  1. E descobriram o verdadeiro assassino?

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  2. O maior e aguardada estréia dos melhores documentarios da HBO é Guerras alheias, onde Carlos Moreno apresenta-nos com imagens chocantes da dura realidade campesionos vivem perto da coca planios na Colômbia

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