Documentário mostra a conturbada jornada de três jovens
condenados a prisão perpétua por um crime que não cometeram, culpa de uma
sociedade que exigia justiça às pressas
Paraíso Perdido 3: Purgatório (Paradise Lost
3: Purgatory, 2011), indicado ao Oscar de Melhor Documentário este ano, é a terceira parte que trata sobre o caso do
assassinato de três crianças que chocou os Estados Unidos nos início dos anos
90. Porém, aviso que não é necessária
assistir aos primeiros documentários para entender a história, as sequências apenas acrescentam novas informações acerca do caso, e considerando isto, Paradise
Lost 3, é o que oferece uma visão mais abrangente.
O documentário começa com cenas
fortes advindas de gravações da polícia. Stevie, Christopher e Michael,
meninos de 9 anos de idade, são encontrados mortos num rio, nus, com
mãos e pés amarrados. Alguns deles tiveram seus órgãos reprodutores arrancados. Se uma criança é vítima de um
crime brutal já é o suficiente para chocar a comunidade, imaginem o que
acontece se o número de vítimas infantis
sobe para três.
Os três de West Memphis!
Bom, o que aconteceu na pequena
cidade de West Memphis colocou em prova a credibilidade do sistema jurídico e
da polícia local, ainda revelou os medos e preconceitos de uma sociedade que, apavorada e indignada pelo evento, clamava desesperadamente por justiça e
pressionava as autoridades para encontrar os culpados.
Com a mídia em peso na cidade
para reforçar a pressão em cima das autoridades, a polícia chegou a três
suspeitos: Damien, Jason e Jessie. Bem, ninguém tinha nada concreto contra os
três jovens, mas eles foram interrogados por motivos rasos assim mesmo,
baseados no histórico e no comportamento
“incomum” que tinham.
Damien, vida interrompida por 18 anos!
Damien era o típico cara que se vestia
de preto e adorava heavy metal. Era o suficiente para afirmarem que ele fazia
rituais satânicos no quintal de casa. Jason, era seu amigo, os dois
viviam sempre juntos, o bastante para a polícia prendê-lo também. O terceiro, Jessie, o mais conturbado, devido
a uma “deficiência mental”, foi interrogado por 12 horas pela polícia, um ato
desonesto e injusto, já que ele era menor de idade e estava sem a presença de
um advogado.
A essa altura, a polícia estava completamente satisfeita com
os jovens suspeitos e não estava procurando
mais ninguém, com isso, a cidade toda estava nervosa querendo a condenação dos três o mais rápido possível, sem deixar
vazão para refletirem se eles realmente eram os culpados, apenas queriam culpar
alguém.
Todos foram vítimas!
Em resumo, mesmo com provas tão
duvidosas e artificiais, os três foram condenados. Damien foi condenado à
morte por injeção letal, Jason seu amigo, pegou prisão perpétua, assim como
Jessie, que após ficar 12 horas num interrogatório, deu um depoimento afirmando
que seus companheiros tinham realmente matado os garotos, o que depois provou
ser uma mentira e mais uma artimanha das autoridades para encerrar logo o caso.
Após o julgamento, a história dos três condenados de West Memphis ganhou notoriedade pública. Eddie Veder, Johnny Depp e
várias bandas de rock comentaram sobre o assunto e tiveram papel fundamental na jornada dos
jovens e na sua libertação. O primeiro documentário da HBO sobre o
acontecimento apenas trouxe mais “luz” sobre
o caso e incentivou a realização de um novo julgamento, pois novas provas
iam surgindo frequentemente e cada vez mais a responsabilidade dos três jovens pelos
crimes era colocada em dúvida.
Em 2010, os três tiveram um novo
julgamento. Provas de DNA revelaram que nenhum deles tiveram relação com o assassinato. Em
setembro de 2011, após 18 anos presos, Jason, Damien e Jessie foram
libertados.
Jason, no meio, após a libertação, com os diretores do doc.
Paraíso Perdido 3: Purgatório é emocionante, conta algo inacreditável, mas felizmente real. O doc vai
além da saga dos três jovens acusados de um homicídio triplo, fala de preconceito e desmascara
aquela convenção de que a justiça (principalmente a americana) é
perfeita e que a polícia é competente. Mas a culpa não se restringe somente às autoridades. O
povo que, apesar de terem suas razões para culpar os jovens, se torna uma ameaça
“nuclear” quando consumido pela fúria. A
sociedade fica cega e irracional, e piora quando um “suposto” ritual satânico, como neste caso, é envolvido no processo.
Daí tudo ocorre como um efeito
dominó. O poder público se revolta e comove, a mídia potencializa estes
sentimentos e as autoridades se sentem pressionadas
a agirem com rapidez - e
consequentemente com maior tendência a cometer erros e ilegalidades no
caminho. Bom, foi isso o que aconteceu. A justiça falhou, e quase acabou com a vida
dos três jovens, que somente agora, (re)começam a viver plenamente suas vidas. VEJA um vídeo.
Para ajudar os “três de West Memphis” com as despesas judiciais, foi criado o site WM3 (clique aqui e conheça), feito por pessoas simpatizantes com a causa e revoltadas com a condenação injusta.
E descobriram o verdadeiro assassino?
ResponderExcluirInfelizmente, ainda não.
ResponderExcluirO maior e aguardada estréia dos melhores documentarios da HBO é Guerras alheias, onde Carlos Moreno apresenta-nos com imagens chocantes da dura realidade campesionos vivem perto da coca planios na Colômbia
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