Por meses o “monstro” do cancelamento
rondou uma das melhores séries de ficção cientifica da TV, e a melhor série do gênero
em exibição no momento, refiro-me à
cultuada Fringe. Poucos dias antes do
final da quarta temporada o drama scifi foi renovado para uma quinta e última
temporada. A boa notícia foi comemorada pelos
fãs nas redes sociais e o sentimento de alívio impregnou a todos os fringemaníacos.
Se você desconhece a série, deve estar se
perguntando por que um programa de boa qualidade corria risco de ser cancelada? A
resposta é simples: pouca audiência. Fringe chegou na TV com altas
expectativas, afinal ela tem nos créditos J J Abrams, o criador de Lost, além disso, toda a imprensa teimava em aclamá-la como a nova “Arquivo X”.
O primeiro ano da série teve uma ótima
audiência, mas curiosamente é a sua temporada mais fraca. No ano posterior, a
série já tinha perdido mais da metade da audiência, em contraponto, a qualidade do seriado só aumentava, e foi assim sucessivamente, o drama melhorava a cada temporada.
Fringe se tornou então a série cujo
público não é assim tão amplo, mas são fiéis, e causam terror nas mídias sociais. É relevante notar que quanto
mais público perdia, melhor ficava a série, mais complexa e inovadora, talvez porque os produtores perceberam que aquela
pequena audiência estava interessada em algo diferente dos outros programas
de TV, então usaram a criatividade e toda a imaginação possível para fazer algo original, e esta liberdade talvez fosse impedida (ou diminuída) caso o
seriado obtivesse uma trajetória de sucesso, como Lost.
Para comemorar a renovação de
Fringe, resolvi listar aqui alguns pontos positivos do seriado, suas características
únicas e comentar sobre os queridos personagens que fizeram desse drama de ficção um dos
melhores da atualidade, e mostrar para aqueles que não a veem ainda, que ela se trata
de muito mais que a história de dois agentes do FBI que investigam casos estranhos e
sobrenaturais.
Fringe é única porque:
- a trama principal se renova a cada temporada. Os mistérios não
demoram muito a serem respondidos, se um mistério é apresentado no início de uma
temporada, ele não vai se estender não mais que até o final da temporada
vigente, com pouquíssimas exceções. Uma
temporada começa, e um novo enfoque é dado à trama, este é o maior trunfo da
série.
A primeira temporada é a menos empolgante de
todas. Os agentes Olivia e Peter investigam casos de crimes estranhos que possuem
um “padrão” entre eles, até aí tudo bem, parece ser mais uma série policial,
devem pensar. Mas, Fringe começa a ficar mais interessante quando descobrimos a existência
de um “mundo alternativo”. A partir desse elemento, todas as comparações com Arquivo X é totalmente dispensável e a
série começa a construir sua própria mitologia.
A segunda temporada é bem superior
à primeira. É aquele momento em que o público abandonou o show e a crítica
especializada tomou o caminho inverso, começou a idolatrá-la. Neste segundo ano, a qualidade da série
aumenta significativamente. Adentramos
no tal “mundo alternativo” e descobrimos que ele não é tão diferente assim do
nosso, exceto por pequenas diferenças. Testemunhamos pela primeira vez os
poderes psíquicos de Olivia e conhecemos William Bell (Leonard Nimoy, o eterno
Spock da série Star trek), um personagem muito importante para a mitologia da
série.
No terceiro ano, Fringe apresenta
sua melhor temporada, mais complexa e com uma história criativa e muito ousada
para os padrões da televisão. Com dois mundos existentes na série e com cada
personagem tendo o seu outro “eu” equivalente, lá no lado alternativo, a série ousa ao alternar os episódios, ora focado no
mundo real, ora no mundo paralelo, mas sempre com as histórias conectadas.
Episódios com casos isolados? Aqui não
teve nada disso. Todos os episódios tiveram alguma relação com a trama principal,
mesmo que essa referência fosse uma simples
atitude de algum personagem. Nesta temporada, os dois mundos começaram a entrar
em colapso, também conhecemos - e nos
apaixonamos – pela versão alternativa de Olivia, de cabelos mais avermelhados, com o chicletinho na boca, mais descolada,
sorridente e bem mais atraente que a “original”.
A recém-finalizada quarta
temporada, não foi superior à anterior, mas nunca decepcionante, a trama continuou
com sua complexidade e repleta de surpresas. Teve o retorno de personagens de
temporadas passadas aterrorizando a equipe Fringe, o Peter fora de sua linha
temporal - han? –, vislumbramos o apocalíptico e ditatorial futuro (foto) da humanidade e ainda soubemos um
pouquinho dos misteriosos carecas, os Observadores, as figuras mais sinistras
da TV.
Apesar de focar em assuntos que
envolvam viajantes do universo, realidades alternativas, máquinas que podem destruir
o universo, pessoas que mudam de formas, Fringe nunca esqueceu de explorar o
lado humano de seus protagonistas, sempre com histórias emocionantes e incrivelmente
cativantes.
- Anna Torv (Olivia Dunham): “Canastrona, e com uma feição
inexpressiva”. Era assim que a imprensa
caracterizava a interpretação da loira Anna Torv, que vive a protagonista
Olivia Dunham. A oportunidade de interpretar uma segunda versão completamente
distinta de seu personagem original, mudou este cenário. Anna teve que rebolar
muito para viver a Olivia “alternativa”, que era bem diferente da moça retraída, menos comunicativa e solitária, com a qual estávamos acostumados desde a primeira temporada. O seu “eu” ruivo do "outro lado" era super descolada, extrovertida, adorava chicletes, e adorava esbanjar seu
sorriso. Os trejeitos, o olhar e a expressão incorporados pela atriz para
diferenciar uma Olivia da outra, fizeram todo mundo “calar a boca” e reconhecer
o talento da australiana. Parabéns para ela. Ah, nem preciso falar, mas a
Olive descolada é a minha preferida.
- O elenco afinado e carismático: Joshua Jackson (Dawson´s Creek)
cresceu muito ao longo da série. No começo seu papel se resumia a ser “ajudante” de Dunham, mas logo sua
participação na série foi aumentando, ganhando mais importância, e evidentemente,
nosso carinho pelo engraçadinho Peter Bishop
também foi desenvolvendo.
O talentoso John Noble ( O Senhor dos Anéis partes 2 e 3) deu vida a um dos personagens mais
divertidos e difíceis da telinha, Walter Bishop, um cientista um pouco excêntrico
que adora cozinhar e comer doces nas
horas mais inconvenientes, como no momento de uma autopsia de um corpo. É a alma de
Fringe, não consigo imaginar a série sem sua presença. Astrid (Jasika Nicole),
outra agente do FBI que aguenta as loucuras de Walter, também é outra figura queridíssima
do programa, seus momentos em cena com o cientista quase sempre são cômicos. Nina
Sharp é aquela personagem ambígua, misteriosa, que nunca sabemos se ela está do
lado do bem ou é vilã. Blair Brown está perfeita como essa mulher intrigante e
tem muitos momentos dramáticos e intensos durante a série. Menções honrosas aos
atores Lance Reddick, que faz o chefão do FBI Agente Broyles e o Seth Gabel,
que interpreta o Agente Lee.
Mundo alternativo: Os
produtores dispensaram o “exagero”
e preferiram a sutileza - devido aos poucos recursos financeiros – para
criar a tal realidade alternativa. O mundo “do lado de lá” em Fringe é quase
parecido com o nosso, exceto por detalhes como a cor da estátua da liberdade em
Nova York – cor de cobre -, a
tecnologia um pouco mais avançada, e os prédios do World Trade Center, que
ainda continuam de pé. A série usa as
cores para diferenciar um mundo do outro. Inteligente hein! Ah, e os personagens “alternativos” da Divisão
Fringe, são um deleite a parte. Que outra série pode-se conferir os
protagonistas em duas versões diferentes? Não há.
Os Observadores : Esses
carecas enigmáticos e sempre vestidos de terno e chapéu aparecem em momentos
relevantes da história da humanidade, são os seres humanos evoluídos do futuro,
segundo September (foto), um deles. Eles aparecem em momentos chaves da trama, estão presentes sempre quando algo muito importante está para acontecer,
mas curiosamente, eles aparecem em todos os episódios, eu disse TODOS, é só
procurar com atenção, muita atenção. É como brincar de “Onde está o Wally?”,
entendem? Esta é mais uma das peculiares desta série igualmente peculiar. Um
pouco sobre estes seres bem vestidos foi apresentado na quarta temporada, e
podemos dizer que, eles são viajantes do tempo, quase um parente de Doctor Who.
Percebeu porque Fringe merece um
lugar na sua watchlist? Atiçar a
curiosidade daqueles que ainda não assiste à série e mostrar as suas particularidades
foi o meu objetivo aqui. Saibam que fiz o máximo para não revelar spoilers
sobre as temporadas.
O Elenco e os produtores!
Daqui há mais ou menos 4 meses
tem início a quinta e última temporada. Fringe deve finalizar respondendo todas
as perguntas que ficaram no ar, pois os produtores e roteiristas já
demonstraram ter preocupação suficiente em dar ao seu pequeno público fiel, um programa
de qualidade incontestável e com um roteiro que sabe o rumo que toma.
Fringe é uma das séries mais inventivas
e originais da TV, às vezes as tramas são tão complexas que rever toda a temporada
é quase uma tarefa obrigatória. O seriado é assim mesmo, surpreendente, tem sua própria mitologia,
e não pode ser comparada com Arquivo X,
não estou menosprezando esta, ambas são essenciais na história da TV e
grandes representantes do mundo scifi.
Vamos todos rir junto com o trio! É isso aí fringemaníacos, nós conseguimos!
Rumo à nova temporada!