Depois de explorar a destruição
de um relacionamento amoroso no pesado e ultra realista Namorados Para Sempre,
Derek Cianfrance conta agora sobre os percalços da relação entre pai e filho
sob diversos níveis no novo drama O
Lugar Onde Tudo Termina (The Place Beyond the Pines, 2013), retomando a
parceria com o ator Ryan Gosling.
O filme é dividido em três
narrativas distintas, mas dependentes entre si e com o foco em personagens
diferentes em cada uma delas, algo
semelhante com Crash - No Limite. De
forma linear a história nos apresenta
primeiro ao motoqueiro do Globo da Morte Luke (Gosling loiro e tatuado), sua
vida vazia vira do avesso quando ele descobre que tem um filho, fruto de um
relacionamento rápido com a personagem de Eva Mendes. Para ter uma maior
participação na vida do filho, o rapaz começa então a roubar bancos. E eu parei
por aqui, vale ressaltar, é nesta primeira parte que há as cenas mais belas
e emocionais do filme, a cena do batismo e aquela em que Luke está vivendo um raro
momento como “pai” dando sorvete ao filho, uma cena singela e simples, mas
muito bonita.
Bradley Cooper, roubando a cena...
Na segunda narrativa acompanhamos
a trajetória do policial Avery (Bradley Cooper, roubando a cena e mostrando seu
talento dramático para aqueles que acharam exagerada a sua indicação ao Oscar por
O Lado Bom da Vida), sua luta contra
a corrupção e a consequente ascensão profissional. A terceira parte, é a mais
fraca de todas, se passa 15 anos depois dos acontecimentos relatados na segunda, e
é aqui onde o diretor não conseguiu se livrar da previsibilidade e no qual a
resolução da trama que amarra as três narrativas não alcançou o impacto
desejado, o que era tão esperado durante as 2 horas e 20 minutos de exibição.
Sinceramente, senti falta dos personagens das histórias anteriores nesta última
parte.
Uma "quase" família feliz.
O Lugar Onde Tudo Termina é um filme corajoso (nem sempre é fácil
se desapegar de um personagem e dar atenção a um novo que surge na metade do
filme e nada sabemos sobre ele) culpa de um roteiro autêntico escrito por Derek
como ele bem quis, ou seja, liberdade total.
O drama ainda conta com personagens bem delineados e surpreendentemente
realistas - característica dos filmes
do cineasta - , defendidos com unhas pelo ótimo elenco. Como em Namorados para Sempre, o diretor retrata
aqui novamente a vida como ela é, cruel, injusta e cheia de fortes sentimentos.