Há mais de 40 anos um tubarão branco gigante causava terror
em uma praia, tornando o belo azul do mar em águas vermelhas de sangue. Refiro-me ao primeiro blockbuster de Steven
Spielberg, Tubarão, que levou multidão aos cinemas e tornou o cineasta o
mestre do “cinemão pipoca”, que ele é (ainda) hoje. Após tantos anos sem ter um
filme com tubarão decente e que se leve a sério (Sharknados e produções cafonas semelhantes não valem...), o animal
volta a ser o antagonista em um relevante e eficiente suspense, Águas Rasas (The
Shallows, 2016), dirigido por Jaume Collet-Serra (de A Orfã).
Blake Lively interpreta Nancy, uma garota que vai a uma praia
paradisíaca para surfar, relaxar e ver com seus próprios olhos o lugar que sua
falecida mãe adorava tanto. Logo, o cenário que traz tantas recordações transforma-se
em um campo de batalha pela sobrevivência.
Ilhada em uma pedra no
meio do mar com um imenso tubarão a rodeando, Nancy (e sua amiga gaivota) passa
por maus bocados para se proteger dos dentes afiados e assustadores do bicho.
Lively (nossa eterna Gossip
Girl) entrega a sua melhor performance no cinema até agora, atuando sozinha praticamente o filme todo, a loira vence esse desafio e sedimenta uma
carreira que fica cada vez mais promissora.
Outros acertos de Águas Rasas está nas técnicas
cinematográficas usadas sabiamente por Collet-Serra, como quando ele usufrui
dos (lindos) planos abertos e aéreos para apequenar a protagonista em relação à grandiosidade da
natureza, ou quando faz o contrário, usa o plano fechado no rosto da atriz para potencializar o drama, a tensão e o medo.
Além de belas sequências
fora e debaixo d´água – especialmente uma com águas-vivas – e cenas de
suspense e ação de roer as unhas, Águas Rasas é mais que um
filme de sobrevivência, trata de superação,
de luta, de um recomeço na vida, e mais, ainda arruma espaço para criticar essa geração atual,
que perdem oportunidades de apreciar belas paisagens em volta por não desgrudar os olhos do celular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário