O cineasta Richard Linklater levou a sério aquele pensamento
que diz “a minha vida daria um filme”. E deu mesmo. Mas foi a vida do menino
Ellar Coltrane que virou uma obra cinematográfica e se transformou em um dos melhores filmes do
ano: Boyhood – Da Infância à Juventude (Boyhood, 2014).
Como já diz o título português da produção, o diretor acompanhou por 12 anos a vida de Ellar Coltrane, que na história vive o garoto introvertido
Mason. Acompanhamos Mason dos 5 aos 18
anos, da infância conturbada à adolescência confusa. Linklater usou sempre os
mesmos atores na decorrência dos anos, como Patricia Arquette e Ethan
Hawke - excelentes - que interpretam os pais do garoto.
O cineasta, mais conhecido pela trilogia Antes do Amanhecer,
Antes do Pôr do Sol e Antes da Meia-Noite e a comédia Escola de Rock, concebeu
um projeto arriscado, a princípio, mas como tudo que envolve riscos dá certo, o
resultado dessa investida ousada de Linklater é um ensaio simples, comovente e
realista sobre a vida, o tempo, o amadurecer.
Coltrane/Mason - dos 5 aos 18 anos
Boyhood inicia com a música Yellow do Coldplay, nos dando a
entender que a história começa no ano de 2002. É assim, com músicas, cortes de
cabelo, figurinos, e claro, os aspectos físicos do garoto, que vamos notando o
passar do tempo.
A história de Mason é comum. Ele faz parte de uma família
comum, filho de pais separados, vive com a irmã insuportável e a mãe solteira,
que está sempre arrumando um namorado. O
filme trata de coisas banais da vida de
Mason, como as brigas com a irmã, aquele corte de cabelo horroroso, a festa de aniversário, a formatura, a primeira namorada, a primeira bíblia, a preocupação com o futuro que parece tão
incerto.
Mais importante,
porém, é que a obra nos faz refletir sobre o verdadeiro sentido da vida, qual o
nosso papel no mundo? Por que a vida nos oferece um caminho tão predeterminado? Conseguimos fugir dele e fazer algo diferente? Quando eu ficar adulto, serei
mais sábio, ou ainda terei perguntas sem
respostas? Devemos nos preocupar com o que os outros pensam? Estão são algumas
das perguntas que Mason faz a si mesmo constantemente.
Mais um rito de passagem na vida de Mason
Boyhood - Da Infância à Juventude é simples mesmo, sem
exageros, honesto, e por isso nos sentimos tão próximos das personagens e vimos
tanto de nós, ali na tela, relembramos
nossas experiências da infância, da adolescência e da juventude cheia de
planos, questionamentos e indecisões e percebemos que Mason não é muito diferente
da gente.
Linklater esculpiu uma obra tocante, que nos faz olhar para nós
mesmos, notamos que a vida é efêmera, feita
de pequenos momentos banais, mas importantes, e que nós vamos crescendo e curando as feridas
sem percebermos, assim como o tempo passa e não nos damos conta.
NOTA: 9,0
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