Do primeiro filme Jogos Vorazes lançado em 2012 -
considerado por mim, na época, uma obra bem realizada, mas com falhas técnicas e um pouco bobo e descaradamente juvenil
- para este terceiro capítulo, A Esperança, as diferenças são exorbitantes, em
termos narrativos e técnicos. Assim como
a saga de Harry Potter foi se tornando mais sombria e “séria” a cada novo
filme, o novo Jogos Vorazes transformou-se em uma obra adulta e corajosa demais
para uma adaptação de uma obra adolescente.
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 (Hunger Games:
Mockingjay – Part 1), segue o tom “maduro” apresentado na parte anterior, Em
Chamas, também pincelado pelo visionário diretor Francis Lawrence, responsáveis
por ótimos filmes como Constantine, Eu Sou a Lenda e clipes emblemáticos
como Bad Romance.
No terceiro capítulo da franquia,
Katniss (Jennifer Lawrence) é convocada a ser a “voz” da revolução. Enquanto
tenta saber do paradeiro de Petta (Josh Hutcherson), Katniss se junta a Logan
(Liam Hemsworth, com mais destaque na saga) na visita aos Distritos a fim
de promover a campanha contra Snow e o
sistema fascista.
Katniss e Gale: pausa na "revolução"
Jogos Vorazes deixa a arena e os jogos perigosos de lado
quando uma guerra civil ganha corpo, e como toda guerra, há muitas mortes,
sangue, medo, ação e reação. É por tratar de temas tão desconcertantes e
complexos como política, manipulação da mídia e fanatismo, que a saga tem conquistado
o seu diferencial e sendo uma das mais fantásticas adaptações do gênero juvenil
desde Harry Potter. Mesmo sendo para o público teen, tais assuntos são
escancarados como devem ser, com veemência e realismo.
Francis é mestre em construir mundos que estão em decadência e
assombrados por pessoas sem esperança, por isso neste contexto, as cenas de
ação que envolve o hospital no Distrito 8 e outra no tal Distrito 13, onde
Katniss está hospedada, soam mais nervosas e impactantes.
E são nas condições mais adversas e desafiadoras que o ser
humano fica mais complexo e interessante. Em Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1,
assistimos a uma evolução na relação entre Katniss e Petta e nossa heroína, ainda
se ver imersa em diversos dilemas morais, o que a faz se questionar sobre a
verdadeira finalidade da revolução e o seu real papel como a porta-voz dos
rebeldes.
Katniss torna-se a voz da "rebelião" !
Apesar de ter menos ação que nos filmes anteriores, A Esperança
nunca fica arrastado, e isto deveria acontecer já que um só livro foi dividido
em dois filmes, mas o roteiro é enxuto, sem exageros, e surpreende o
espectador com efeitos especiais eficientes e atuações dignas de todo o elenco,
destaque para Elizabeth Banks (a engraçada Effie), Julianne Moore (como a misteriosa presidente Alma Coin) e o finado Philip Seymour Hoffman (Plutarch),
em um dos últimos papéis de sua vida.
Jogos Vorazes: A Esperança: Parte 1, mesmo sendo um filme sem
conclusão, é uma obra arrebatadora. O forte teor moral e psicológico embutido
na história, não interfere na verdadeira finalidade do filme, que é a de
entreter. Este capítulo desfaz totalmente o pré-conceito que me acometeu quando
eu assisti ao primeiro filme, dois anos atrás, de que esta seria mais uma
adaptação que ganharia uma versão muito insossa, vazia e boba para as telas, como a saga Crepúsculo. Enganei-me.
NOTA: 9,0
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