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9 de novembro de 2014

Interestelar – Um sci-fi disfarçado de drama familiar




Um dos cineastas mais hypados da atualidade, Christopher Nolan, realiza a sua primeira obra pós-Batman e o mundo inteiro está com os olhos voltados para a ficção científica Interestelar (Interstellar, 2014) que estreou esta semana nos cinemas. 


Vou dizer algo sobre o filme, é o mais irregular da carreira de Nolan. Digo isso, não como algo definitivo, tampouco dispenso a ideia de eu estar enganado e posso mudar meu parecer no futuro. Interestelar é uma obra que merece ser esmiuçada, analisada cuidadosamente, vê-la uma única vez para entender o “todo” não basta, é preciso revisitá-la, e por isso, no momento, minha nota sobre o filme não seja tão alta, mas é justa.


Interestelar não é o novo “A Origem” ou “Gravidade”, é mais complexo e abstrato que os filmes citados. A trama mescla teorias físicas do espaço - inclui aí buracos de minhoca, relatividade, gravidade, tempo-espaço e  etc. -  com filosofia, fé e amor, este último elemento, é o que fala mais alto nos 169 minutos de projeção. É uma longa duração, mas são três horas que se passam na rapidez da velocidade da luz, acredite, Nolan sabe envolver o espectador.

 McConaghey e Hathaway: salvadores da humanidade


A história se passa em um futuro pessimista, a humanidade está ruindo aos poucos e a Terra se tornando a cada dia um lugar insuportável de se viver. Cooper (Matthew McConaghey, ótimo para variar) e Brand (Anne Hathaway) são a única esperança da humanidade, ambos são alguns dos exploradores que vão ao espaço em busca de novos planetas habitáveis para que a raça humana tenha a chance de se reestruturar e continuar a viver. Falar mais que isso é minar com a empolgação de qualquer um. 


Nolan adora cercar-se de gente talentosa em seus trabalhos, e  aqui não é diferente, o elenco grandioso conta com Jessica Chastain, Matt Damon, Michael Caine, Casey Affleck, Topher Grace, Ellen Burstyn, além de McConaghey e Hathaway. Chastain tem momentos poderosos na fita. Portanto, é do McConaghey, em uma época brilhante de sua carreira, a cena mais comovente do filme, o que torna cada vez mais possível a indicação do ator nas premiações do cinema no início de 2015.

 Chastain é um dos destaques da ficção 


Como todo trabalho de Nolan, Interestelar é visualmente belo, rico e apresenta um universo de fácil imersão, os efeitos especiais são impressionantes e a condição em que a Terra se encontra é tão intrigante quanto um planeta desconhecido. Já a trilha sonora, exagera em momentos precisos em que o “silêncio” seria mais eficiente, mas é a trilha que evoca a tensão e o suspense nas cenas mais agonizantes. 


O “problema” de Interestelar é criar uma necessidade de reviravoltas a cada instante, em algum momento, elas soam forçadas, assim como a atitude de alguns personagens. Mas Nolan sabe fazer com que os tais “defeitos” sejam ofuscados diante da magnitude de seus filmes. 


Interestelar é uma típica ficção científica, traz questionamentos filosóficos, discute teorias científicas, faz um alerta ecológico e ainda impõe ao espectador avaliar a sua própria espécie e o seu verdadeiro papel na Terra. Mas o filme vai ao infinito e além, e se consolida como uma obra que valoriza a família, o amor paterno. No final deste drama familiar disfarçado de sci-fi - ou seria o inverso? - as "coisas" do coração se sobrepõem a qualquer pergunta não respondida ou teoria não compreendida. 


NOTA: 8,0

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