Um dos cineastas mais hypados da atualidade, Christopher
Nolan, realiza a sua primeira obra pós-Batman e o mundo inteiro está com os
olhos voltados para a ficção científica Interestelar (Interstellar, 2014) que
estreou esta semana nos cinemas.
Vou dizer algo sobre o filme, é o mais irregular da carreira
de Nolan. Digo isso, não como algo definitivo, tampouco dispenso a ideia de eu
estar enganado e posso mudar meu parecer no futuro. Interestelar é uma obra que
merece ser esmiuçada, analisada cuidadosamente, vê-la uma única vez para
entender o “todo” não basta, é preciso revisitá-la, e por isso, no momento, minha
nota sobre o filme não seja tão alta, mas é justa.
Interestelar não é o novo “A Origem” ou “Gravidade”, é mais
complexo e abstrato que os filmes citados. A trama mescla teorias físicas do
espaço - inclui aí buracos de minhoca, relatividade, gravidade, tempo-espaço e etc. - com filosofia, fé e amor, este último elemento,
é o que fala mais alto nos 169 minutos de projeção. É uma longa duração, mas são três horas que se passam na rapidez
da velocidade da luz, acredite, Nolan sabe envolver o espectador.
McConaghey e Hathaway: salvadores da humanidade
A história se passa em um futuro pessimista, a humanidade
está ruindo aos poucos e a Terra se tornando a cada dia um lugar insuportável
de se viver. Cooper (Matthew McConaghey,
ótimo para variar) e Brand (Anne Hathaway) são a única esperança da humanidade,
ambos são alguns dos exploradores que vão ao espaço em busca de novos planetas
habitáveis para que a raça humana tenha a chance de se reestruturar e continuar
a viver. Falar mais que isso é minar com a empolgação de qualquer um.
Nolan adora cercar-se de gente talentosa em seus trabalhos, e
aqui não é diferente, o elenco grandioso
conta com Jessica Chastain, Matt Damon, Michael Caine, Casey Affleck, Topher
Grace, Ellen Burstyn, além de McConaghey e Hathaway. Chastain tem momentos
poderosos na fita. Portanto, é do McConaghey, em uma época brilhante de sua
carreira, a cena mais comovente do filme, o que torna cada vez mais possível a indicação
do ator nas premiações do cinema no início de 2015.
Chastain é um dos destaques da ficção
Como todo trabalho de Nolan, Interestelar é visualmente belo,
rico e apresenta um universo de fácil imersão, os efeitos especiais são
impressionantes e a condição em que a Terra se encontra é tão intrigante quanto um planeta desconhecido. Já a
trilha sonora, exagera em momentos precisos em que o “silêncio” seria mais
eficiente, mas é a trilha que evoca a tensão e o suspense nas cenas mais agonizantes.
O “problema” de Interestelar é criar uma necessidade de
reviravoltas a cada instante, em algum momento, elas soam forçadas, assim
como a atitude de alguns personagens. Mas Nolan sabe fazer com que os tais “defeitos”
sejam ofuscados diante da magnitude de seus filmes.
Interestelar é uma típica ficção científica, traz
questionamentos filosóficos, discute teorias científicas, faz um alerta
ecológico e ainda impõe ao espectador avaliar a sua própria espécie e o seu
verdadeiro papel na Terra. Mas o filme vai ao infinito e além, e se consolida
como uma obra que valoriza a família, o amor paterno. No final deste drama familiar
disfarçado de sci-fi - ou seria o inverso? - as "coisas" do coração se sobrepõem a
qualquer pergunta não respondida ou teoria não compreendida.
NOTA: 8,0
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