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13 de dezembro de 2015

O Clã – Sobre uma família tão unida que dá náuseas




Não há criatura de filme de terror que nos assuste mais do que o ser humano. É chocante quando sabemos de casos atrozes cometidos por homens aparentemente normais, que escondem suas perversidades pousando de “marido perfeito” ou “generoso pai de família”. Em O Clã (El Clan, 2015), filme argentino perturbador, conhecemos a história de um homem, não,  uma família inteira, que se dedicava a fazer “desaparecer” pessoas na Argentina dos anos 80. O longa de Pablo Trapero (Elefante Branco) recria essa história real que chocou o país em 1985.


Arquimedes Puccio (Guillermo Francella, em atuação assombrosa), é um homem comum, à primeira vista, contador diplomado, vive com quatro filhos e sua esposa em um bairro de classe média. O que ninguém sabe, é que Arquimedes era um dos responsáveis pelo desaparecimento dos “inimigos” na época da ditadura militar. Com o fim do regime e a escassez do “trabalho”,  ele percebe que o “negócio” ainda pode ser viável, mas agora, as vítimas não necessariamente precisam ser inimigas do governo, bastam ser ricas. 



Com a ajuda do filho mais velho Alejandro (Peter Lanzani), Arquimedes, com aquela ideia de que “faz tudo pela família”, sequestra, tortura, pede resgate aos familiares do sequestrado, e depois que é "pago", assassina a vítima. A falta de humanidade e frieza do personagem é revoltante, de dar náuseas. 


O que mais perturba na história é a condescendência da família, cuja rotina nunca é abalada pelos gritos das pessoas que ficam presas no banheiro da casa onde vivem. Alejandro, por exemplo, é o segundo maior personagem da trama. Ele é o único filho que ajuda, diretamente, o pai no negócio, popular e jogador de um time de rúgbi, é um personagem complexo, ora passivo e obediente, ora aterrorizado, tentando arrumar um jeito de sair da “empresa do desaparecimento”. Alejandro é um tipo de personagem em que o seu desconforto, medo, angústia, impotência e outros sentimentos transpassam a tela e nos atingem de um modo que nos deixa desconcertados.

 

O Clã é aterrorizante – o filme, e a família mais ainda – e sem dúvida, uma das melhores películas do ano, destaque para a trilha sonora marcante repleta de clássicos e a história bem arquitetada e tensionada, além disso, nos apresentou a um dos vilões mais detestáveis e repulsivos do cinema, sim, o Arquimedes. 

Vale mencionar que esse ano o cinema argentino já nos presenteou com outra obra sensacional, Relatos Selvagens. Quem não viu, eu super indico. Confira o trailer de O Clã AQUI. 


NOTA: 9,0

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