As atualizações de medo do desconhecido e de claustrofobia
foram realizadas com sucesso. O termo clichê “o melhor filme de terror de todos os tempos”
é, sem dúvida, um exagero do marketing promocional, mas Bruxa de Blair (Blair
Witch, 2016) pode ser um dos filmes mais claustrofóbicos de todos os tempos – há
um superlativo para “claustrofóbico”? Seria claustrofobiquérrimo?.
Se tiver, aplica-se muito bem a esse
reinício – com cara de continuação – da história contada no sucesso de 1999, A
Bruxa de Blair. Ah, ignore o deplorável A Bruxa de Blair 2, lançado em 2002, feito
com único intuito comercial e totalmente alheio aos acontecimentos do longa
original.
Dirigido por Adam
Wingard, responsável pelo excelente The Guest – crítica aqui – Bruxa de Blair expande a mitologia do
filme original de uma forma verossímil e esperta, inclui novos elementos sobrenaturais
– que dá pano pra muitas teorias – e deixa o espectador se contorcendo na
cadeira tamanha a tensão e o terror. Outro acerto é que esse filme pode ser
visto independente se você viu ou não o primeiro longa.
O novo filme segue a fórmula do original – até os símbolos feitos
de madeira estão presentes – na trama, Peter (Brandon Scott) e um
grupo de amigos resolve se embrenhar numa floresta, cenário de várias histórias
macabras, em busca de uma resposta sobre a sua irmã, que desapareceu lá há 17
anos.
Na linha found footage e
com uso de câmeras subjetivas, colocando o espectador sob a perspectiva dos personagens
– recurso utilizado sabiamente no ótimo Hardcore: Missão Henry – a produção
apresenta imagens bem menos tremidas que as do longa original, devido aos
equipamentos moderníssimos usados pelo grupo, como drones e microcâmeras. O que
não deixa a experiência menos assustadora.
À medida em que entram na floresta e percebem que não
conseguirão sair dali vivos ou sãos, o medo e o pavor aumenta. A noite chega e, com ela,
os sons arrepiantes da floresta que cria armadilhas e deturpa o psicológico dos
corajosos jovens (pois só em filme, eles saem de suas cabanas no meio de uma
floresta amaldiçoada para saber o que está acontecendo lá fora).
Wingard conseguiu criar uma atmosfera mais assustadora e
sufocante que a do primeiro filme, as
andanças pela floresta em que se enxerga apenas onde a luz de uma pequena
lanterna alcança, provoca uma sensação de claustrofobia, que nos faz fechar os
olhos involuntariamente temendo ver aquilo que pode surgir da escuridão a qualquer momento e em
qualquer canto da tela. Falando em
desespero, a sequência no túnel é de tirar o fôlego – não é modo de dizer.
Bruxa de Blair dá sequência à boa safra de filmes de terror e
suspense que o ano está nos presenteando como A Bruxa, Boa Noite, Mamãe,
Invocação do Mal 2, Águas Rasas, O Homem nas Trevas. Que venha mais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário