Em tempos em que os filmes de ação se resumem basicamente a
filmes de super-heróis e de agentes (Kingsman, Jason Bourne), é reconfortante saber
que, fora do mainstream, tem gente no
cinema trabalhando para trazer inovação a esse gênero tão subestimado e
oferecer ao público uma obra desafiadora, ousada e diferente de qualquer filme de
ação que você tenha visto ultimamente, é o caso de Hardcore: Missão Extrema
(Hardcore Henry, 2015), do estreante diretor russo Ilya Naishuller – que também
roteirizou o longa – e protagonizado por Sharlto Copley (Distrito 9, Elysium).
Sabe esses vídeos em que uma pessoa com uma câmera GoPro
atrelada à cabeça realiza perigosas aventuras de bike ou esportes radicais e
nos deixam tontinhos, parece até que estamos ali com ela? Pois então, Hardcore: Missão Extrema utiliza esse
recurso de uma maneira bastante eficiente durante todo o filme, colocando o
espectador sob a perspectiva do personagem principal Henry.
Na simples trama, Henry é um ciborgue do tipo Robocop, acorda
em um laboratório desmemoriado, quando o megalomaníaco Akan (Danila Kozlovsky)
invade o lugar e sequestra a sua namorada. Henry, então, parte em uma missão violenta
e de ação ininterrupta. Com a ajuda de Jimmy (Copley, que interpreta várias facetas
de um mesmo personagem, mostrando o quão versátil é o ator), Henry precisa
evitar que Akan use a sua tecnologia para formar o seu exército imbatível.
Com a perspectiva em primeira pessoa, o sci-fi Hardcore: Missão Extrema se assemelha
muito com um vídeo game, é como você tivesse realmente jogando, a estrutura do
filme também justifica isso, a troca constante de armas pelo protagonista e as muitas
mudanças de cenário apenas potencializa essa sensação de “estar jogando um jogo”,
e dos mais violentos.
O filme é violentíssimo, uma carnificina a cada sequência de
ação, e o diretor parece se divertir muito com as cenas de morte, uma mais
inventiva que a outra. Aliás, criatividade muito bem aplicada, que colaborou
muito para que o longa não se tornasse cansativo ou repetitivo, devido ao
recurso utilizado e às tremedeiras da câmera. A parte técnica é impecável, dos
efeitos visuais à maquiagem, incluindo uma trilha sonora vintage/eletrônica deliciosa.
Cada cena de ação é sempre mais impressionante que a anterior, colocando o
espectador no meio da ação, nos deixando tão atordoado (quase tontos) quanto o
protagonista, em momentos extremos de perigo. O fato de a câmera estar ali no
meio da ação torna tudo mais surpreendente, evidenciando aí um trabalho primoroso
e cauteloso da equipe técnica.
Aliando um pouco do experimental com tecnologia visual, Hardcore:
Missão Extrema é uma experiência frenética (e isso é bom), o filme alcança um
novo nível dentre os filmes de ação, se a ideia do diretor era colocar o
espectador no corpo de Henry e fazê-lo “viver” momentos insanos e perigosos,
ele conseguiu isso e muito mais.
Hardcore: Missão Extrema não chegou aos cinemas nacionais, mas já está disponível na Netflix. Confira o trailer.
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