“Não
fazemos boa televisão, fazemos o noticiário”. Mackenzie MacHale
A
cena que abre a nova série da HBO, The Newsroom, foi o suficiente para eu colocar
o programa na minha watchist semanal.
Criada por Aaron Sorkin (roteirista de A Rede Social), The Newsroom começa com
um debate político, no qual o âncora de um telejornal, Will McAvoy (Jeff Daniels,
excelente), se esforça através de muito cinismo e piadinhas para manter-se
neutro em questões políticas, até uma estudante perguntar a ele porque o Estados
Unidos é o melhor país do mundo. O jornalista tenta se esquivar da pergunta,
mas logo deixa sua passividade de lado e dispara dados e argumentos que
explicam o porquê o EUA NÃO é o melhor país do mundo, deixando todos de boca
aberta.
Emily e Jeff: sinto cheiro de Globo de Ouro vindo...
The
Newsroom é de longe, a melhor série estreante do ano, e olha que já estamos na
metade do ano e já tivemos muitas estreias, mas infelizmente nenhuma delas
correspondeu às expectativas. O seriado se passa na redação de um telejornal,
Will é o âncora furioso e arrogante de quem todos têm medo, sua vida e rotina
muda quando sua ex, Mackenzie Machale (Emily Mortimer, de Ilha do Medo) torna-se
a sua mais nova produtora. A dupla apresenta uma química irretocável, é uma
delicia vê-los numa mesma cena.
O elenco ainda conta com o blogueiro Neal (Dev
Patel, finalmente em algo relevante após o hit Quem Quer ser um milionário?),
Maggie (Allison Pill, dos ótimos Querida Wendy e Scott Pilgrim Contra o mundo),
assistente de Will, mas cujo nome ele ainda desconhece, e o produtor-assistente
de Mackenzie Jim Harper (John Gallager Jr.), também responsável pelas cenas
cujos diálogos com sua colega Maggie, devem ser os mais rápidos – e por isso, tão
surpreendentes - da televisão.
Maggie, a jovem jornalista leal, e Neal, o blogueiro.
Acompanhar
o ritmo frenético dos diálogos nessa série não é uma tarefa fácil, pode ser mentalmente
exaustivo, porque os personagens falam até enquanto andam. Lembra da cena de
abertura de A Rede Social, aquela
cena em que o protagonista tem uma conversa bem longa com sua namorada numa
velocidade espantosa? Pois é, esses diálogos acelerados, afiados e inteligentíssimos,
são o maior trunfo da série.
O
programa é ambientado no ano de 2010, e o derramamento de petróleo no Golfo do
México naquele ano (se lembra?) é a notícia que faz toda a redação trabalhar
unida e exaustivamente para dar a
informação em primeira mão. O jornalismo pode ter ficado em segundo plano nos
primeiros dois episódios – exceto pelos momentos de tensão que rola em alguns
momentos nos bastidores do telejornal - em virtude dos dramas pessoais, como a relação
de amor e ódio entre Will e Mackenzie, e a tensão sexual entre Maggie e Jim,
mas isso não é defeito algum. O personagens são todos cativantes, cultos (até
demais) e apaixonados pelo que fazem, Maggie, por exemplo, acredita no jornalismo honesto,
sem ferir pessoas, impossível não se identificar com ela.
Elenco rindo à toa. A audiência da estreia da série foi altíssima.
The
Newsroom estreou no mês passado e já foi renovada para sua segunda temporada, é
engraçada, inteligente, sagaz, e muito bem produzida, e claro, deve abocanhar muitos troféus nas próximas
premiações, principalmente Jeff Daniels e Emily Mortimer, ambos em performances
competentíssimas. É uma série que pode não mostrar a redação como ela é realmente,
mas para o roteirista Aaron Sorkin, isto é apenas uma forma dele descarregar suas
ideologias e suas críticas contra a sociedade e a política americana.
Outra série que aborda os bastidores do jornalismo já foi pauta aqui no blog, a britânica The Hour, ambientada nos anos 50 e muito bem aceita entre a crítica especializada. Leia mais aqui!
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