Já nos primeiros minutos de
Trapaça (American Hustle, 2013), elogiado drama indicado a dez Oscars este ano,
somos apresentados a um dos melhores trunfos do filme, Christian Bale,
surpreendente e brilhante em um papel cômico. Bale ganhou uns quilinhos e uma
pança enorme, na primeira cena do filme, seu personagem surge lutando com seus
poucos fios de cabelo para encobrir a calvície. Simplesmente pitoresco!
David O. Russell é um diretor
talentosíssimo, sua maior habilidade é tirar o melhor dos atores com os quais trabalha, assim é Trapaça, cujo ponto forte é a notável atuação do elenco e consequentemente,
os personagens que interpretam. É aquele típico filme no qual grande parte do
público vai sair do cinema comentando sobre situações específicas de algum
personagem e não pela história em si, como por exemplo, a cena do Bale que eu
falei no início ou o momento em que Jennifer Lawrence canta Live and Let Die
loucamente.
Trapaça com elegância
Então já que a principal
qualidade do drama é o elenco afiado, vou me ater a ele. Como já disse Bale
(nosso eterno Batman) está um arraso, sua capacidade de mudar o físico para um
personagem apenas o eleva ainda mais a astro de primeira grandeza, um dos mais
destemidos de sua geração. Bradley
Cooper, de cabelos enroladinhos, tem uma performance que também merece
reconhecimento, embora ele exagere nas caras e bocas em alguns momentos. O fato
é que, Cooper tem talento e pode sim ter uma carreira séria e diversificada na
tela do cinema (Favor, assistam O Lugar Onde Tudo Termina) e se desvirtuar de
papéis em comédias, gênero pelo qual ficou famoso.
No time das mulheres, Amy Adams
sensualiza a cada frame, ah aqueles decotes. Jennifer Lawrence, é sem dúvida o grande
chamariz do filme, mostra novamente porque é uma das atrizes mais talentosas e
carismáticas do momento. Quem for ao cinema com o único intuito de ver a atriz
de Jogos Vorazes não se arrependerá. Não é exagero dizer que a narrativa torna-se
mais envolvente quando a sua personagem Rosalyn, esposa de Irving (Bale), entra
em cena. Instável, cômica e complexa na pele de Rosalyn, Lawrence ganha a simpatia
de todos com um papel tão ousado, é muito bom vê-la em ação.
Em resumo, Trapaça é uma comédia
sobre vigaristas que envolvem a polícia, políticos e gângsteres ambientada nos
anos 70, por isso a trilha nostálgica e tão conhecida é um pequeno deleite. O. Russell tem um enredo engenhoso e inteligente
na mão, mas que poderia ter melhor resultado se a história fosse condensada e mais
dinâmica, porém, a riqueza dos protagonistas torna todo o resto em algo não muito relevante.
É um bom trabalho do diretor e um dos melhores filmes do ano, mas não o melhor
para ganhar o Oscar.
NOTA: 8,0
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