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23 de agosto de 2015

Ex-Machina – Instinto Artificial




A criação de um robô com inteligência artificial e a sua relação - geralmente conturbada - com o próprio criador, o homem, é novamente retratada em mais uma obra relevante lançada este ano, Ex-Machina – Instinto Artificial (Ex Machina, 2015). A outra produção que aborda o mesmo tema é a intrigante série Humans - clique aqui e confira a crítica.


Não dedicado a um público comum, Ex-Machina tem um tom reflexivo, nunca cansativo e tensão do começo ao fim. O filme prioriza os momentos de interação entre homem (Domhnall Gleeson, de Frank) e máquina (Alicia Vikander) acerca da inteligência artificial e a consciência de ambos.



No enredo, Caleb (Gleeson) é recrutado pelo dono de uma empresa tecnológica, Nathan (Oscar Isaac, do aguardado Star Wars: O Despertar da Força) a participar de uma experiência inusitada na sua casa, localizada em uma área isolada. Caleb é convidado então, a aplicar o teste de Turing em uma robô com inteligência artificial.  Criado por Alan Turing – que ganhou vida na pele de Benedict Cumberbatch em O Jogo da Imitação - o tal teste tem o intuito de verificar se a máquina consegue mesmo se comportar de forma equivalente a um ser humano. 


Em Ex-Machina, Ava, a robô, é tão inteligente quanto o seu entrevistador, Caleb. Por sete sessões, o espectador vai acompanhando o envolvimento entre o homem e máquina até chegar a um ponto em que não sabemos quem está enganando a quem. A trilha sonora pulsante e sempre presente e a relação de desconfiança entre os três protagonistas apenas potencializa o desconforto que sentimos durante todo o filme.

 

Este é o primeiro filme que Alex Garland dirige, acostumado a escrever grandes filmes como Dredd, Extermínio e Não Me Abandone Jamais, o cineasta demonstra em Ex-Machina total controle sobre a sua obra em todos os níveis, desde os diálogos espertos aos efeitos especiais impressionantes.


Ex-Machina – Instinto Artificial é um sci-fi desconfortante, um suspense com profundas discussões sobre o embate entre o homem e a sua criação, que curiosamente sempre se mostra mais inteligente que o seu próprio criador.


O filme, muito bem recebido pela crítica e público, será lançado este mês aqui no Brasil, diretamente em DVD.

 NOTA: 8,0






Se você curte o gênero sci-fi, conheça outro filme sensacional, O Sinal - Frequência do Medo. 



15 de agosto de 2015

Missão: Impossível – Nação Secreta - Um filme de ação diferenciado




Tom Cruise é o ator mais corajoso do cinema, isso é inquestionável, que outro astro arrisca a vida dispensando dublês pulando de arranha-céus e se pendurando em aviões em movimento? A arrepiante sequência inicial de Missão: Impossível - Nação Secreta (Mission: Impossible - Rogue Nation, 2015) é justamente essa do avião, que por si só, já vale a pena ver o filme. Esse é o quinto capítulo de uma das franquias mais sólidas do cinema, que até agora, não tem sequer um filme ruim.

Brian De Palma, John Woo, J. J. Abrams e Brad Bird foram os diretores que já imprimiram o seu estilo em cada um dos filmes da saga de Ethan Hunt,  agora, Christopher McQuarrie (do ótimo Jack Reacher, também com o Tom Cruise e a exuberante Rosamund Pike) dá o seu toque em Missão: Impossível - Nação Secreta e realiza uma obra baseada em um jogo de aparências repleto de intrigas no qual ninguém é confiável.


Na trama, a MI6 é desmantelada e obriga Ethan Hunt a agir sozinho, além de perseguir uma rede criminosa chamada Sindicato, o agente ainda é caçado pela CIA. Ethan continua contando com a ajuda de Jeremy Renner (Brandt), Ving Rhames (Luther) e Simon Pegg (Benji), que ganha maior destaque na série - ebaaa - e é responsável pela parte cômica. Mas com os recursos escassos, Hunt vai precisar também da ajuda da misteriosa e sedutora Ilsa Faust, personagem de Rebecca Ferguson (de The White Queen e Hércules) que rouba a cena e os nossos corações.  

McQuarrie já se mostrou um diretor de ação diferenciado em Jack Reacher, em Nação Secreta, ele cria as sequências de suspense e de ação mais fantásticas e engenhosas do ano: a longa sequência nos bastidores de uma ópera, a missão de Hunt debaixo d´água - que nos deixa até sem fôlego - e a visualmente bela sequência em Londres. 


As cenas de ação diferenciadas e detalhadamente planejadas, a recusa do uso de dublês, a escolha minuciosa do diretor, entre outras coisas, apenas ressalta a preocupação do Tom em estar sempre renovando a franquia e entregar aos fãs nunca o “mais do mesmo”, mas o melhor filme da saga ou o melhor filme de ação do momento, por isso, apesar de ser o quinto capítulo, Nação Secreta, que já pode ser considerado um dos melhores da franquia, revigora a série e traz um genuíno filme de ação, sem excessos e com a proposta de dar ao espectador algo mais substancial e diferente das produções recentes do gênero.

E Tom Cruise, claro que eu ia falar dele, bom, o ator com 53 anos continua em plena forma e perfeito na pele do herói e mostra que ainda tem pique para mais algumas sequências. E que venham mais boas e surpreendentes missões impossíveis pela frente...Veja o trailer!

NOTA: 9,0

9 de agosto de 2015

Quarteto Fantástico – Não é o pior filme de super-heróis




O novo Quarteto Fantástico (2015) está sendo apedrejado pela mídia e público desde a sua estreia, convenhamos, não é para tanto, eleger o longa do Josh Trank como o pior filme de super-heróis da história é um exagero tremendo, afinal, esse título é de Batman & Robin e nenhum outro tira. 


O diretor Josh Trank (do bacaníssimo Poder Sem Limites) revelou que o estúdio Fox interferiu na parte criativa do filme e que a versão que ele tinha em mente, nunca será vista. Bom, essa confusão envolvendo o cineasta e a Fox fica clara quando sobem os créditos finais. Quarteto Fantástico, o reboot, é “incompleto”, tem um final abrupto - certamente refilmagens de última hora ocorreram, prejudicando a versão que Trank tinha imaginado para a produção - efeitos especiais duvidosos e uma única e longa sequência de ação, o que  foge completamente  à regra dos últimos filmes de super-heróis.




Comparando ao primeiro Quarteto Fantástico, esta nova versão é mais séria e sombria, já o outro com o Chris Evans e Jessica Alba tem uma estrutura mais convencional dos filmes do gênero, é mais divertido e os protagonistas são bem mais carismáticos.


O elenco é competente, Miles Teller (Sr. Fantástico), Jamie Bell (Coisa), Kate Mara (Mulher Invisível), Michael B. Jordan (Tocha Humana) e Toby Kebbell (Destino) dão conta do recado e atribuem carga dramática ao texto. Apesar do filme priorizar o lado humano dos personagens, deixando o lado “super-herói” para segundo plano, o grupo não criou empatia, faltou química entre o quarteto, o roteiro até tenta “ser engraçado” em alguns momentos, mas é em vão.



Apesar do resultado frustrante, Quarteto Fantástico não é tão ruim quanto dizem, é mais um suspense que um filme de super-herói a la Os Vingadores. O desenrolar da história é bem construída e não cansa o espectador enquanto a ação não começa, o visual dos heróis não decepciona, há boas ideias, como o fato de os heróis serem usados como arma militar pelo governo, mas quando o filme começa a empolgar, já é o fim, daí a sensação de que houve confusão nos bastidores é inevitável.

Obviamente, esta não é a versão que o diretor queria, e nem a gente. Mas eu te digo uma coisa, horrível mesmo é Batman & Robin, dentro do universo Marvel, Homem de Ferro 3 é bem mais enfadonho. Agora, pior que tudo isso, é que com as péssimas críticas, a Fox fará em breve mais um reboot do Quarteto Fantástico não tão fantástico assim...



NOTA: 6,0

5 de agosto de 2015

Humans – A série dos robôs sentimentais


  
O eterno dilema do homem versus máquina ganha contornos realistas na reflexiva série Humans (2015), produção do canal americano AMC com o Channel 4, do Reino Unido. O drama sci-fi é uma refilmagem de outro programa de TV, Real Humans, produção sueca. Humans encerrou a primeira e bem sucedida temporada - de oito episódios - este mês e devido à boa audiência, foi renovada para a segunda temporada.


A ideia de vivermos cercados por robôs e que estes “sirvam” apenas para nos “servir”, realizando nossas tarefas domésticas e atividades afins, não é tão nova assim e nem é algo que está tão distante de nossa realidade. Apesar dessa questão ser incansavelmente debatida em centenas de filmes e seriados, Humans apresenta um novo olhar, mais intimista e real, sem efeitos espetaculares – ou lutas grandiosas entre homens e robôs - para nos desviar a atenção do conteúdo, que aqui é o mais importante. 



Na série sci-fi, somos apresentados primeiramente à família Hawkins. Acompanhamos no episódio piloto a exaustiva rotina do pai ao cuidar dos três filhos, sozinho. Com a ausência da mãe e os afazeres se multiplicando, o patriarca decide comprar um synth (robô de alta tecnologia com aparência humana, feito para realizar os trabalhos que os humanos já não querem mais fazer, como limpar a casa, cozinhar, ir ao supermercado, enfim) para lhe ajudar a colocar a ordem na casa. Anita (Gemma Chan, ótima atuação “robótica”) é a robô misteriosa que além de ajudar a família nas tarefas domésticas, vai causar muitas dores de cabeça também.


Desde o primeiro episódio, sabemos que Anita faz parte de um seleto grupo de robôs especiais, que foram "presenteados" com inteligência artificial e que por isso, possuem “sentimentos” e às vezes, são mais humanos que os próprios humanos. Paralelo à subtrama da família Hawkins e a Anita, tem a história desse grupo de synths, que se passam por humanos para não serem "desligados". Há um mistério envolvendo esses robôs que apenas será descoberto nos últimos episódios. Humans é muito eficiente quando se trata de revelar lentamente os segredos da história principal, segurando o espectador até o próximo capítulo.



Humans, a saga dos robôs sentimentais, levanta discussões pertinentes dos dois lados, o do criador, o homem que criou um ser tão capaz a ponto de causar-lhe o medo da própria invenção, e o lado da criatura, seres que são ameaçados e adorados pelos humanos na mesma proporção, mas desejam a liberdade, não apenas a servidão. Questões como até que ponto o convívio com synths é saudável e/ou perigosa para os humanos, o preconceito, a importância da família, o respeito ao que é “diferente”, são densamente explorados na série.


Alguns rostos conhecidos integram o elenco, Colin Morgan – da série The Fall e As Aventuras de Merlin - interpreta o Leo, Katherine Parkinson (de The It Crowd) e William Hurt (do filme que aborda a mesma temática, A.I. Inteligência Artificial) são alguns deles.


Com uma estrutura e atmosfera que lembra mais os seriados britânicos e menos os americanos, muitos diálogos e um desenvolvimento que não força os acontecimentos, Humans é uma série bem curiosa, o que a torna bem única, para quem curte mesmo o gênero sci-fi, realista e intrigante, com um universo amplo a ser explorado. 


NOTA: 8,0

Confira o trailer:



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