O aclamado filme do diretor Alejandro González Iñárritu, O Regresso (The Revenant, 2016), pode
ser descrito como uma experiência brutal e espetacular ao mesmo tempo, em razão da parte técnica impecável.
Se o visual arrebatador nos deixa maravilhado com a
supremacia da natureza – exemplificado aqui por meio dos planos em que as
árvores aparecem de baixo pra cima, tornando-as gigantes enquanto o homem é
reduzido a um ser irrelevante –, por outro lado, a via-crúcis do protagonista nos
tira o fôlego, é agonizante acompanhar a jornada de Hugh Glass (Leonardo DiCaprio)
enfrentando a fúria da natureza e homens inescrupulosos.
O Regresso tem uma história simples, basicamente é sobre um
caçador de peles (Glass) que após ser atacado por um urso – numa sequência
aterrorizante – é abandonado por seus companheiros de expedição em uma paisagem
inóspita. Mas a força da produção está, além da fotografia e cenários
estonteantes, na atuação inigualável de DiCaprio, que fala pouco, mas diz muito
através de seus movimentos corporais e expressão facial.
DiCaprio apresenta uma performance irretocável, é verdade, mas o
trabalho de Tom Hardy – presente em
outro filme bastante festejado em 2015, Mad Max – como antagonista também é
digno de reconhecimento, não há como o espectador ficar indiferente com esse
personagem odioso.
O trabalho de Iñárritu obviamente beira a perfeição, e O Regresso confirma sua obsessão em
filmar longas sequências sem cortes, a sanguinária batalha entre os indígenas e
os caçadores de peles no início é um dos pontos altos do longa, tudo acontece
de forma fluida, é uma coreografia minuciosamente ensaiada e de encher os
olhos. E eu adoro que o cineasta goste de planos longos, espero que continue utilizando essa técnica em suas próximas obras-primas.
NOTA: 9,5
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