Há quase seis anos estreava Kick-Ass Quebrando Tudo, até então, o filme de super-herói mais
ousado, violento e politicamente incorreto já produzido. Agora, Deadpool (2016) rouba esse título metralhando
palavrões e balas exacerbadamente e sem um “pingo” de vergonha, abrindo um novo
precedente para o gênero: os de filmes de super-heróis com classificação 18 anos.
Deadpool tem uma trama do tipo “já vi isso
antes”, é a mesma fórmula das histórias de origem de super-heróis, e o final é
bem previsível, mas até o próprio protagonista, Wade/Deadpool, sabe disso e
tira sarro.
No entanto, o filme dirigido pelo estreante Tim Miller, atrai
principalmente pelo seu super-herói (ou seria anti-herói?) subversivo, debochado, nerd, furioso,
irreverente, hilário...uma figura distinta de todos os outros que já vimos no
cinema. Ryan Reynolds estava destinado a esse papel desde sempre, é visível o
seu empenho tanto em cena quanto fora dela, atuando incansavelmente na promoção
do longa. Depois de vestir a roupa verde no horroroso Lanterna Verde, ele super merece sentir o gostinho do sucesso.
As cenas de ação são boas e não decepcionam, mas nada é
melhor do que ouvir o falastrão Deadpool e suas piadas sexuais e sobre a
cultura pop/nerd, nem a Fox – que financiou o filme, saiu ilesa – tem pra todo mundo: X-Men, Hugh
Jackman, Star Wars e até Ryan Reynolds – citando ele mesmo num instante metalinguístico
hilário.
A respeito de referências pop, Deadpool é um exemplar riquíssimo, e quem tem menos de 20 anos só “acompanhará”
as piadas sobre o universo Marvel. No entanto, os maiores de 30 anos,
verdadeiro público-alvo da produção, vão se deliciar com as piadas sobre a
Sinead O´Connor – não conhece? Veja seu clipe mais famoso – e com a homenagem
ao clássico Curtindo a Vida Adoidado –
nunca viu? – assista ao trailer e descubra.
Outro ponto a favor de Deadpool
foi a escolha de Tim Miller em mascarar uma comum “história de origem” utilizando-se
da narrativa não linear – alternando entre acontecimentos do presente e do
passado. E o que dizer do par romântico e efervescente de Reynolds, Morena
Baccarin, que exala sensualidade e talento em todos os frames.
Deadpool pode não ser grandioso, ter uma história simples, mas
cativa pela subversividade e bom humor do super-herói e roteiro ousado – convenhamos, o sexo anal e a interação
com o espectador, são detalhes bastantes atrevidos para o gênero não?, ou
melhor, eram, de agora em diante, Hollywood encomendará produções com classificação
R até a gente ficar saturado, mas tanto faz, Deadpool já está consagrado como aquela obra que renovou, de forma
destemida e sem vergonha de mostrar o furo na bunda, os filmes de super-heróis.
NOTA: 8,5
Nenhum comentário:
Postar um comentário