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9 de outubro de 2016

O Lar das Crianças Peculiares


No início da nova obra de Tim Burton, O Lar das Crianças Peculiares (Miss Peregrines home for peculiar children, 2016), há uma cena em que o protagonista percorre pelas ruas escuras de um subúrbio, que logo nos remete ao cenário de Edward, Mãos de Tesoura, representando um bom indício do que vem a seguir, correto? Não. Infelizmente, o filme é menos burtoniano do que se esperava, é mais uma aventura infantil/juvenil de super-herói previsível, cujo roteiro segue à risca a cartilha de filmes do gênero.

Tim Burton parecia o sujeito perfeito para transpor o material literário de Ransom Riggs para o cinema, a história de tom macabro sobre crianças marginalizadas com poderes extraordinários, parece mesmo uma obra com a qual ele se envolveria, mas O lar das crianças peculiares não tem a bizarrice típica do cineasta,  é divertida e infantil – isso fica claro na sequência de luta entre esqueletos e os monstros Etéreos –, Burton dá o seu “toque” apenas em momentos pontuais.



As crianças são cativantes apenas por suas características peculiares, mas o roteiro não se preocupou em desenvolvê-las, enquanto personagens, focando nos poderes delas em momentos de ação – aí a comparação com a saga X-Men é inegável. 

Faltou empatia, substância e ritmo nessa história. Jake (Asa Butterfield) e Emma (Ella Purnell) têm química e formam um belo casal, mas não deveria ser o cerne do roteiro (o cenário de guerra, a relação problemática de Jake e seu pai, a autoaceitação e até uma abordagem mais psicológica dos personagens seriam bem mais atraentes), a relação entre os jovens apenas evidencia a insistência de Hollywood em colocar um par romântico em qualquer filme, julgando ser sempre o único elemento de ligação afetiva com o público.


Eva Green é o maior acerto do filme, sua presença em cena cativa de um jeito que ofusca qualquer outro elemento que esteja ali com ela, seja humano ou não. Já a escolha de Samuel L. Jackson para ser o vilão, foi infeliz, caricato, o ator está numa “fenda” e está se repetindo há anos. Triste.

O lar das crianças peculiares tem uma estética de encher os olhos e bons momentos que devem agradar muito as crianças, mas aviso que não é um filme genuinamente burtoniano. Saudades de Sleepy Hollow...

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