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25 de março de 2017

Fragmentado de M. Night Shyamalan



Quantos retornos “à boa forma” M. Night Shyamalan terá? Meus caros, o diretor de O Sexto Sentido já fez as pazes com o sucesso e o “bom cinema” em 2015, quando lançou o ótimo suspense A Visita, seu filme mais relevante em 10 anos. A sua nova obra, Fragmentado (Split, 2017), apenas dá sequência à boa fase de Shyamalan e reafirma que ele percebeu que o seu forte são filmes pequenos, mais autorais e com menos interferência de estúdio.

Em Fragmentado, James McAvoy interpreta Dennis, Barry, Patricia, Hedwig, Kevin, Jade, Orwell e muito outros.  É um homem que possui 23 personalidades distintas e sequestra e mantém em cativeiro três jovens garotas para um fim “macabro”. Nem preciso comentar que McAvoy está estupendo em cena, poucos atores possuem a versatilidade e a expansão como ator para encarar esse desafio (né Mark Wahlberg!), mas McAvoy traduz esse desafio em uma atuação que impressiona a cada personalidade que surge. 


A câmera em primeiro plano de Shyamalan, usada aqui para causar intimidade com o público, ressalta também as mudanças de personalidades do protagonista, bem como os gestos faciais e corporais, olhares, modo de falar e entonação. Um trabalho complexo de James McAvoy e que merece reconhecimento em premiações.

Dentre as garotas sequestradas, Casey (Anya Taylor-Joy, de A Bruxa) é a que mais ganha destaque no texto de Shyamalan, por compreender que está lidando com várias pessoas num corpo de uma só. Como já tinha dito na crítica de A Bruxa, essa atriz é uma baita descoberta, seu desempenho aqui é igualmente excepcional, transmitindo toda sua vulnerabilidade e tomando decisões que vislumbramos apenas olhando em seus olhos.


Assim como na maioria de sua filmografia, Shyamalan cria uma fábula (perturbadora) sustentada pelo poder da dúvida, na qual nunca sabemos o que realmente está por vir. Em Fragmentado, não há aquele plot twist com o qual o diretor mal acostumou o público, há apenas a preocupação de atender à expectativa e dar um significado ao mistério. O humor, bastante usado em A Visita, também é recorrente nesse thriller psicológico, demonstrando a habilidade de Shyamalan em dosar drama, suspense e humor. Ah, por fim, para os fãs, o diretor deixou umas autorreferências que farão a alegria de muita gente. 

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