O comentário de uma criança sobre
um professor toma proporções gigantescas e causa danos devastadores e irreparáveis à vida de
Lucas. Lucas é o educador acusado de abuso sexual infantil no filme dinamarquês
A Caça (Jagten, 2012) do cineasta Thomas Vinterberg. Mads Mikkelsen (astro da trilogia
Pusher de Nicolas Winding Refn, Cassino Royale e da série Hannibal) encarna com
sensibilidade o professor que tem a cidade inteira contra ele após o infeliz e
inocente comentário da menina Klara. A adoração da garota pelo professor é tão
grande que, depois de levar uma leve repreendida dele, ressentida, ela diz
à diretora do colégio que Lucas mostrou o seu “pipi” para ela.
Lucas é um profissional ímpar, dedicado,
brinca e tem uma paciência de Jó com as crianças, infelizmente suas qualidades
tornam-se irrelevantes e não impede que
a história do “pipi” saia para além das portas da instituição. Grethe, a
diretora, logo leva o fato aos outros pais e o estrago está feito. Grethe representa
aqui, aquelas pessoas que precipitadamente julgam as outras sem considerar o
seu histórico e não se preocupam em dar espaço às dúvidas.
A menina Klara e sua imaginação fértil.
A questão mais difícil abordada
em A Caça não é o caso do (suposto) abuso sexual, mas a manifestação social que
vem depois. Lucas (que interpretação magnífica de Mads, não à toa levou a Palma
de Ouro em Cannes de Melhor Ator em 2012) tem sua vida devastada, é agredido
nas ruas, todos o tratam com hostilidade,
como um doente mental, exceto o seu filho Marcus. A cena em que Lucas e seu
filho estão na mesa conversando e Marcus chora copiosamente é comovente, tão verdadeira que fica difícil
conter as lágrimas.
Thomas Vinterberg constrói um
filme focado na relação de Lucas com a comunidade - que decide aceitar o fato a
esperar pelo resultado da investigação - e a sua família, sabiamente o diretor dispensa o lado
investigativo da história. Em A Caça, a trilha está mais contida, bem diferente
do ótimo filme Querida Wendy, que tocava The Zombies a todo instante. Vinterberg também faz algo interessante, utiliza-se da
pouca luz em algumas cenas para representar o estado emocional dos personagens, como nos momentos de dor, raiva ou desgosto.
Mads: Atuação digna de Oscar.
A Caça tem muitos detalhes na
trama que requer muita atenção do espectador, alguns traços do roteiro são
implícitos dando margem para muitas interpretações, principalmente nas cenas
derradeiras, tornando o filme uma experiência riquíssima do ponto de vista
psicológico. Perturbador, reflexivo, o longa retrata a injustiça de uma forma
pura, sem qualquer tipo de pirotecnia ou exagero na trama ou nas ações. O drama
conta a história de um homem que tem o caráter questionado e que, provando-se
inocente ou culpado, terá a sua vida assombrada para todo o sempre.
NOTA: 9,5
Gostei muito desse filme. Estou algum tempo querendo escrever uma resenha a seu respeito também, mas não encontro o momento para isso. Fica para o futuro.
ResponderExcluirabraço
Filme extremamente interessante!!!!! Deliro em filmes que envolvem algo da Dinamarca!!! Sempre podemos esperar coisas boas, nesse caso a atuação de Mads!!!!!
ResponderExcluirBruno Paes
É um filmaço, com grande atuação Mikkelsen.
ResponderExcluirUm dos melhores filmes do ano passado.
Abraço
Pois é gente, filmaço mesmo, assisti essas semana porque só agora estreou aqui em Curitiba, mas quem não viu tem que ver. abraço a todos.
ResponderExcluirUal! Preciso ver esse filme!
ResponderExcluirE logo!