Um retrato honesto, mas
incompleto de uma das figuras mais icônicas e importantes do século, Steve
Jobs, o co-fundador da Apple, assim pode ser definida a cinebiografia Jobs (2013),
dirigida pelo desconhecido Joshua Michael Stern e com Ashton Kutcher no papel
principal.
Jobs é um bom filme, mas tem
muitas falhas, e acredite, Ashton Kutcher não é uma delas. Se o maior medo do
público era a atuação de Ashton, fiquem despreocupados, o ator fez o dever de
casa correto, incorporou muito bem o modo de andar e gesticular do homem
visionário e entregou uma performance esforçada, sólida e que nada lembra o
“cara” das caretas de That 70´s Show e Two and a Half Men.
Já que estou falando de pontos
positivos, a “humanização” de Steve Jobs a
fim de ressaltar suas falhas e mostrar que além de gênio ele era
imperfeito e de difícil personalidade, foi bem desenvolvida pelo roteiro. As
cenas em que ele vende suas primeiras placas de computador e aquela em que ele
despede um engenheiro da Atari – minha cena favorita – dizendo em alto e bom
som: “Você não compartilha do nosso entusiasmo”, reflete bem a genialidade e as
suas características menos aprazíveis. Ah, os fãs também vão vibrar com o
momento em que ele cria o nome da empresa.
Josh Gad (Amor e Outras Drogas) e
Dermot Mulroney (O Casamento do meu Melhor Amigo) que interpretam respectivamente
Steve Wozniak – que fundou a Apple junto com Jobs – e Mike Makkula – o
investidor – também se destacam como coadjuvantes e vale a menção aqui.
São muitos os pontos negativos da
produção que custou apenas R$ 12 milhões de dólares. Primeiro, a trilha sonora
constante e desnecessária em algumas cenas. Usar músicas seja instrumental ou não
para atribuir emoção à cena, me pareceu amadorismo demais. Segundo, a opção por
priorizar o lado “corporativo” de Jobs e a sua jornada cheia de altos e baixos tornou dispensável a subtrama sobre o seu lado
pessoal. Mal desenvolvida, a história da filha que ele na queria reconhecer retratada
no início, é esquecida durante grande parte do filme e reaparece no último ato sem
nenhum impacto ou qualquer explicação. Assim acontece com a relação entre Jobs
e seu parceiro Wozniak, se no início do filme mostrava potencial, já na segunda
meia-hora já esquecemos da personagem.
Como verdadeiro parceiro de Jobs na vida real, ele merecia mais atenção. Para
complementar, o co-fundador Wozniak criticou este filme e disse que sua relação
com Jobs foi retratada erroneamente. Isso eu percebi. Em tempo, vale comentar que Wozniak está
trabalhando em outra cinebiografia sobre Steve Jobs.
Jobs apresenta a Apple.
Os excessos na trilha sonora, os personagens que vão e vêm inexplicavelmente, como já citado, o drama ainda peca pela ausência de passagens importantes
da vida de Jobs como a compra da Pixar Studios e a sua doença, faz de Jobs uma
cinebiografia ainda não definitiva e limitada. A produção, mais longa do que
deveria, entretém aos fãs do homem do Ipod e a quem deseja conhecer melhor
sobre este visionário, no entanto, fica a sensação de que a história poderia
ser mais bem contada.
Nota: 7,0
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