Páginas

5 de setembro de 2013

Eden Lake (Sem Saída)



A soma de um sistema educacional falho com lares disfuncionais pode criar os piores tipos de seres humanos. Esta é a base do elogiado Sem Saída (Eden Lake, 2008), thriller psicológico violento que passou despercebido pelo público brasileiro na época, mas que ainda merece toda a nossa atenção. A produção conta com Michael Fassbender - um pouco antes de cativar Hollywood em Bastardos Inglórios - um dos astros mais requisitados do momento e um dos meus atores preferidos da atualidade.

A trama é simples. Steve (Fassbender) e Jenny (a exótica Kelly Reilly de O Voo) formam um casal adorável e apaixonado. Eles vão passar o final de semana em um lago um pouco distante da civilização. Lá, se deparam com um grupo de adolescentes que transformarão o fim de semana em um inferno sangrento.



Sem Saída pode parecer clichê e genérico, mas não se engane. Graças ao roteiro inteligente, ácido e (muito) ousado de James Watkins (que também dirige o filme), o thriller tem muitas qualidades que o diferenciam de qualquer outro filme do gênero, como o desprendimento total em relação aos personagens e o final, no mínimo, estarrecedor. Mas não é só.

Eden Lake – prefiro o nome original do que o título em português, que também é o nome de um filme com Taylor Lautner – não usa a violência de forma gratuita, discute de forma severa uma questão polêmica: a inserção de jovens na criminalidade em razão da liberdade e má educação dada pelos pais, e para piorar o quadro, são adolescentes que se recusam a frequentar uma escola por não se adequar às regras estabelecidas pela instituição. Logo no início do filme, ouvimos pelo rádio uma discussão sobre este assunto, mas não podemos prever o que está para acontecer.


A temática da vivência em um determinado grupo social no qual um ser individual não tem voz própria e é obrigado a fazer o que o grupo – ou o líder – manda é abordado aqui de forma contundente e extremamente realista. Interessante ver também a desconstrução da personagem Jenny, professora, ela passará por situações terríveis perpetradas por adolescentes e que acenderá em si um lado negro que ela nunca conheceu antes.

Brutal, intenso e urgente, Eden Lake deveria até passar nas reuniões de pais nas escolas, não custa nada prevenir possíveis “monstros” na sociedade. Por coincidência, o drama A Caça, leia a crítica, que vi recentemente, tem uma trama que também envolve educadores que têm suas vidas “transformadas” por crianças e/ou adolescentes, cujas famílias sofrem do excesso de protecionismo. Assista ao trailer.  

NOTA: 8,0

Um comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...