A soma de um sistema educacional falho com lares disfuncionais pode criar os piores tipos de seres humanos. Esta é a base do elogiado Sem Saída (Eden Lake,
2008), thriller psicológico violento que passou despercebido pelo público brasileiro na época, mas que
ainda merece toda a nossa atenção. A produção conta com Michael Fassbender
- um pouco antes de cativar Hollywood em Bastardos Inglórios - um dos
astros mais requisitados do momento e um dos meus atores preferidos da atualidade.
A trama é simples. Steve
(Fassbender) e Jenny (a exótica Kelly Reilly de O Voo) formam um casal adorável
e apaixonado. Eles vão passar o final de semana em um lago um pouco distante da
civilização. Lá, se deparam com um grupo de adolescentes que transformarão o
fim de semana em um inferno sangrento.
Sem Saída pode parecer clichê e
genérico, mas não se engane. Graças ao roteiro inteligente, ácido e
(muito) ousado de James Watkins (que também dirige o filme), o thriller tem
muitas qualidades que o diferenciam de qualquer outro filme do gênero, como o
desprendimento total em relação aos personagens e o final, no mínimo, estarrecedor. Mas não é só.
Eden Lake – prefiro o nome original do que o título em português, que também é o nome de um filme com Taylor Lautner – não usa
a violência de forma gratuita, discute de forma severa uma questão polêmica: a
inserção de jovens na criminalidade em razão da liberdade e má educação dada pelos pais, e para piorar o
quadro, são adolescentes que se recusam a frequentar uma escola por não se
adequar às regras estabelecidas pela instituição. Logo no início do filme,
ouvimos pelo rádio uma discussão sobre este assunto, mas não podemos prever o
que está para acontecer.
A temática da vivência em um determinado grupo
social no qual um ser individual não tem voz própria e é obrigado a fazer o que
o grupo – ou o líder – manda é abordado aqui de forma contundente e
extremamente realista. Interessante ver também a desconstrução da personagem
Jenny, professora, ela passará por
situações terríveis perpetradas por adolescentes e que acenderá em si um lado negro que ela nunca conheceu
antes.
Brutal, intenso e urgente, Eden
Lake deveria até passar nas reuniões de pais nas escolas, não custa nada
prevenir possíveis “monstros” na sociedade. Por coincidência, o drama A Caça, leia a crítica, que vi recentemente, tem uma trama que também envolve educadores que têm suas vidas “transformadas”
por crianças e/ou adolescentes, cujas famílias sofrem do excesso de
protecionismo. Assista ao trailer.
Muito curioso!
ResponderExcluirBruno Paes