Muitos veem a ficção científica, ou
melhor, os filmes do gênero, como algo feito apenas para os nerds, costumam apelidá-los
de "filmes espaciais", "filmes de monstros", isto não é apenas
eu que estou dizendo, esta convenção coletiva foi confirmada por Wagner Moura
no ótimo Saneamento Básico – O Filme, de Jorge Furtado. Mas a FC (vou abreviar
assim o termo ficção científica) é mais que um gênero cinematográfico. É o
espelho do mundo e do caos vivido em certo período, é uma crítica aos governos,
é um meio de alertar as pessoas, dar um ’’puxão de orelha’’ sobre um tema
considerado mais preocupante da época vigente.
Em 2009, Keanu Reeves ficou
encarregado de nos alertar sobre a desenfreada supressão do meio ambiente, a
questão, ainda é válida e discutida ainda mais nos dias de hoje. Em algum
momento do longa-metragem O Dia em que a Terra Parou ele diz: “não podemos continuar no
planeta, pois estamos destruindo-o’’. A frase é citada nesta refilmagem de uma produção
de 1951, e que naquele tempo, passara uma outra mensagem.
Em O Dia...o alerta vem de outro mundo
Nos anos 50, o mundo vivia com medo,
receio de uma iminente guerra, países trocavam ameaças e se abasteciam de armas
poderosíssimas, uma provável guerra nuclear afligia a todos. E a mensagem para
as pessoas e para os governos na versão original era, "parem de fazer ameaças entre si ou todo o
planeta será destruído’’. A nova versão de O Dia em que a Terra Parou,
chama a atenção do público para a importância da preservação ambiental e faz um
apelo para que a gente cuide melhor do lugar onde vivemos. É um filme que te
induz a pensar o quão destrutível nós somos. A problemática ambiental também foi
descaradamente discutida no surpreendente Avatar.
Outros clássicos da FC também
refletem algumas etapas - nada agradáveis - pelo qual a humanidade passou em
certos momentos. A obra-prima de Terry Gilliam, Brazil (1985),
apresenta um mundo tomado pela burocracia e pela repressão, características dos
tempos da ditadura. Metropolis
é outra cultuada ficção, filme mudo de 1927, mas com um tema ainda bastante
atual. Trata-se de um futuro onde os trabalhadores (pobres e que vivem no
subsolo) são obrigados a trabalharem 10 horas por dia para, obviamente, sustentarem
os poderosos. Não sei por que, mas acho que o diretor Fritz Lang tinha uma bola
de cristal, não é?
Brazil: Quando a burocracia voa pelos ares
Outro caso relevante a comentar, é Distrito
9, ficção científica com
toques de documentário e que surpreendeu
o mundo como uma empolgante fita de entretenimento mas que apresentava
um conteúdo crítico e audaz sobre a sociedade. O
filme começa com relatos de pessoas que tiveram contatos com os alienígenas,
chamados de langostinos, que por alguma razão, dividem há vinte anos espaço com
os humanos em uma favela da cidade Joanesburgo, África do Sul.
Em resumo, os visitantes vivem em uma terra estranha, se alimentam do lixo produzido por humanos e são alvos de discriminação e de pedras, tornando-se seres inferiores porque foram privados de auxílio à saúde, comida, lugares decentes para viver, além do esquecimento do governo. Algo semelhante ocorre com alguns povos do planeta. É praticamente a nossa realidade, mas somos inferiores a qualquer tipo de ser vivo que exista, pois marginamos e discriminamos indivíduos de nossa própria espécie.
Distrito 9: a união entre humanos e langostinos
restringida ao monumento
Esta semana chega aos cinemas
Elysium, o novo filme do diretor de Distrito 9, Neill Blomkamp, é mais uma
produção caprichada e que também trará uma trama bem politizada, focado agora
nas desigualdades sociais, em um mundo dividido por duas classes, a pobre e a
rica.
A ficção científica é assim, mais
que filmes-catástrofes feitos com o único intuito de diversão, é um reflexo da sociedade e de seus problemas, é sempre
um convite à reflexão individual acerca do mundo lá fora. Mais pessoas deveriam estar mais atentas nas mensagens transmitidas pelas obras do gênero.
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