“When you came in the air went out, and every shadow filled up with the
doubt…I wanna do bad things with you”, há sete anos True Blood estreava na
HBO e de cara já me enamorei pela música
de abertura do seriado, countryzinho
bacana de Jace Everett , canção que me fez
cantarolar todas as noites de domingo no início da exibição desta série
bizarra, divertida, violenta e muito sensual.
Com muito sangue, sexo (muitos
peitos e bumbuns de fora, rs) e humor negro, True Blood (2008-2014) conquistou o público e
a crítica aos poucos, mas ao fim da primeira temporada, todos já a amavam. Para
quem não aguentava ver os “vampiros” brilhantes e certinhos de Crepúsculo, que
naquela época já era uma febre, a série baseada nos livros de Charlaine Harris,
tornou-se a opção mais adulta e ousada para os fãs das criaturas noturnas e um “afago”
para os revoltados que pensavam que a releitura demasiadamente delicada de Stephenie
Meyer era uma afronta à
mitologia dos vampiros. Vou falar a verdade, Meyer errou feio ao denominar seus personagens
vegetarianos de “vampiros”, eles podiam ser qualquer coisa, menos isso.
True Blood transformou-se num
fenômeno e em um grande sucesso comercial para o canal HBO, abrindo as portas
para a produção de outros programas similares como The Vampire Diaries e The
Originals. O programa “ressuscitou” a carreira de Anna Paquin, que já ganhou o
Oscar de Atriz Coadjuvante aos 12 anos pela sua interpretação no filme O Piano,
mas antes da série, participava apenas como coadjuvante na franquia X-Men como
a mutante Vampira. Anna levou até o
Globo de Ouro de Melhor Atriz por dar vida à carismática garçonete/fada Sookie
Stackhouse. A série ainda alavancou a carreira do até então desconhecido
Alexander Skargard, o charmoso vampiro Eric, antes de atuar na série e num
filme de Lars Von Trier, seu trabalho mais relevante era a sua aparição
marcante no ótimo clipe de Paparazzi, de Lady Gaga.
Esses rostinhos deixarão saudades...
A série de Alan Ball (criador da
excelente Six Feet Under) agradou nas primeiras três temporadas, depois disso
tudo desandou. Allan Ball deixou a série, e então, tudo virou uma bagunça. E
ficava pior a cada temporada. As histórias foram ficando menos empolgantes e os
desfechos, decepcionantes, Tara (Rutina Wesley) perdeu a graça, o casal Bill
(Stephen Moyer) e Sookie começou a irritar e foram acrescentadas centenas de
seres mágicos de uma diversidade assustadora, fadas, lobisomens,
mulher-pantera, bruxas, muitos deles nem lembro mais, para você ver o quão
irrelevantes se tornaram.
No entanto, se a trama era
capenga demais para segurar o espectador por sete anos, as cenas bizarras e
sangrentas, diga-se trash, e sobretudo as
personagens cercadas de mistérios e vidas esquisitas, eram a razão pelo qual
nunca abandonei o seriado. A ingenuidade do devasso Jason (Ryan Kwanten), a
desbocada Arlene (Carrie Preston), a atrapalhada Sookie, o sedutor Eric
Northman, o divertido Lafayette (Nelsan Ellis), a doce e exótica Jessica
(Deborah Ann Woll) e até dos gritos histéricos da Ginger (Tara Buck) sentirei
falta, eles sempre foram os maiores trunfos da série. Ah, claro que não esqueci
a preferida do público, a vampira Pam De Beaufort, que nos fazia chorar te
tanto rir com suas frases debochadas e sarcásticas. Eu até escolhi algumas para
relembrar:
“Eu também adoro uma vagina francesa, Eric...”
“É como ser chutada na vagina
como um canguru, né?”
“Eu estou usando um agasalho do Walmart por vocês. Se
isso não é demonstração de espírito de equipe, eu não sei o que é.”
“Para mim, a maioria dos vampiros é tão irritante quanto
os humanos.”
“Eu não sei o que eu tenho que faz as pessoas acharem
que quero ouvir seus problemas. Talvez eu sorria demais. Talvez eu use muito
rosa. Mas lembre-se de que eu posso arrancar sua garganta se for preciso. E
também saiba que eu não sou uma prostituta. Isso foi há muito, muito tempo.“
“Olhe para você, e agora olhe pra mim. Quem tem bom
gosto aqui?”
A última temporada apenas
confirmou o que a gente já sabia há alguns anos, os sinais de desgaste que o
programa apresentava tornou-se muito mais evidente nestes últimos capítulos. A
sétima temporada foi marcada por poucos momentos realmente importantes - exceto pela impagável dupla, Eric e Pam,
salvando a temporada do desastre total - mortes súbitas de personagens queridos e tramas mal
desenvolvidas que terminavam sem qualquer aprofundamento e de forma repentina,
a sensação é que os roteiristas estavam
cansados da série e inventaram histórias sem nexo, ação e pouco sangue, apenas para preencher os
10 episódios.
Momentos que só TB proporcionava para você, rs.
O episódio final de True Blood foi bem morno e
choroso, parecia mais um final de novela global com casamento, novos pares
românticos e um jantar reunindo todo o elenco na derradeira cena. Ao menos, um momento bizarro e nojento - do tipo
que eu adorava na série – marcou esse último capítulo, aquele em que
Sookie está toda ensanguentada dentro de um caixão, num cemitério. O sangue? Ah, era
do grande amor da sua vida. São imagens como esta que True Blood fez história e
conquistou o mundo.
A série vampiresca teve mais baixos que altos, é
verdade, mas tem seus méritos, como as personagens cativantes com sotaque caipira, a
ousadia nas cenas de nudez e sexo, além das sequências violentas. Mas True Blood fincou
seus “dentes” na história da
teledramaturgia por ter um universo muito próprio e singular, mesmo recheado de
criaturas fantásticas, a série abordou temas pertinentes do mundo real, como preconceito, vícios, homossexualismo, politicagem
e religião, com muito humor e acidez. As aventuras da fada telepática e seus amores vai deixar saudades, mas já estava
mesmo na hora de dizer adeus. Descanse em paz!
A querida Anna Paquin deixou um último recado aos fãs da série, agradecendo todo o apoio e o carinho do público. Clique aqui e confira!