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26 de agosto de 2014

Picante e sangrenta, True Blood chega ao fim




When you came in the air went out, and every shadow filled up with the doubt…I wanna do bad things with you, há sete anos True Blood estreava na HBO e de cara já me enamorei  pela música de abertura do seriado, countryzinho bacana  de Jace Everett , canção que  me  fez cantarolar todas as noites de domingo no início da exibição desta série bizarra, divertida, violenta e muito sensual. 


Com muito sangue, sexo (muitos peitos e bumbuns de fora, rs) e humor negro, True Blood (2008-2014) conquistou o público e a crítica aos poucos, mas ao fim da primeira temporada, todos já a amavam. Para quem não aguentava ver os “vampiros” brilhantes e certinhos de Crepúsculo, que naquela época já era uma febre, a série baseada nos livros de Charlaine Harris, tornou-se a opção mais adulta e ousada para os fãs das criaturas noturnas e um “afago” para os revoltados que pensavam que a releitura demasiadamente delicada de Stephenie Meyer era uma afronta à mitologia dos vampiros. Vou falar a verdade, Meyer errou feio ao denominar seus personagens vegetarianos de “vampiros”, eles podiam ser qualquer coisa, menos isso.


True Blood transformou-se num fenômeno e em um grande sucesso comercial para o canal HBO, abrindo as portas para a produção de outros programas similares como The Vampire Diaries e The Originals. O programa “ressuscitou” a carreira de Anna Paquin, que já ganhou o Oscar de Atriz Coadjuvante aos 12 anos pela sua interpretação no filme O Piano, mas antes da série, participava apenas como coadjuvante na franquia X-Men como a mutante Vampira.  Anna levou até o Globo de Ouro de Melhor Atriz por dar vida à carismática garçonete/fada Sookie Stackhouse. A série ainda alavancou a carreira do até então desconhecido Alexander Skargard, o charmoso vampiro Eric, antes de atuar na série e num filme de Lars Von Trier, seu trabalho mais relevante era a sua aparição marcante no ótimo clipe de Paparazzi, de Lady Gaga.

Esses rostinhos deixarão saudades...


A série de Alan Ball (criador da excelente Six Feet Under) agradou nas primeiras três temporadas, depois disso tudo desandou. Allan Ball deixou a série, e então, tudo virou uma bagunça. E ficava pior a cada temporada. As histórias foram ficando menos empolgantes e os desfechos, decepcionantes, Tara (Rutina Wesley) perdeu a graça, o casal Bill (Stephen Moyer) e Sookie começou a irritar e foram acrescentadas centenas de seres mágicos de uma diversidade assustadora, fadas, lobisomens, mulher-pantera, bruxas, muitos deles nem lembro mais, para você ver o quão irrelevantes se tornaram.


No entanto, se a trama era capenga demais para segurar o espectador por sete anos, as cenas bizarras e sangrentas, diga-se trash,  e sobretudo as personagens cercadas de mistérios e vidas esquisitas, eram a razão pelo qual nunca abandonei o seriado. A ingenuidade do devasso Jason (Ryan Kwanten), a desbocada Arlene (Carrie Preston), a atrapalhada Sookie, o sedutor Eric Northman, o divertido Lafayette (Nelsan Ellis), a doce e exótica Jessica (Deborah Ann Woll) e até dos gritos histéricos da Ginger (Tara Buck) sentirei falta, eles sempre foram os maiores trunfos da série. Ah, claro que não esqueci a preferida do público, a vampira Pam De Beaufort, que nos fazia chorar te tanto rir com suas frases debochadas e sarcásticas. Eu até escolhi algumas para relembrar:


“Eu também adoro uma vagina francesa, Eric...”


“É como ser chutada na vagina como um canguru, né?”


“Eu estou usando um agasalho do Walmart por vocês. Se isso não é demonstração de espírito de equipe, eu não sei o que é.”


“Para mim, a maioria dos vampiros é tão irritante quanto os humanos.”


“Eu não sei o que eu tenho que faz as pessoas acharem que quero ouvir seus problemas. Talvez eu sorria demais. Talvez eu use muito rosa. Mas lembre-se de que eu posso arrancar sua garganta se for preciso. E também saiba que eu não sou uma prostituta. Isso foi há muito, muito tempo.“


“Olhe para você, e agora olhe pra mim. Quem tem bom gosto aqui?”



A última temporada apenas confirmou o que a gente já sabia há alguns anos, os sinais de desgaste que o programa apresentava tornou-se muito mais evidente nestes últimos capítulos. A sétima temporada foi marcada por poucos momentos realmente importantes  - exceto pela impagável dupla, Eric e Pam, salvando a temporada do desastre total - mortes súbitas de personagens queridos e tramas mal desenvolvidas que terminavam sem qualquer aprofundamento e de forma repentina, a  sensação é que os roteiristas estavam cansados da série e inventaram histórias sem nexo, ação e pouco sangue, apenas para preencher os 10 episódios.

 Momentos que só TB proporcionava para você, rs.


O episódio final de True Blood foi bem morno e choroso, parecia mais um final de novela global com casamento, novos pares românticos e um jantar reunindo todo o elenco na derradeira cena.  Ao menos, um momento bizarro e nojento - do tipo que eu adorava na série – marcou esse último capítulo, aquele em que Sookie está toda ensanguentada dentro de um caixão, num cemitério. O sangue? Ah, era do grande amor da sua vida. São imagens como esta que True Blood fez história e conquistou o mundo.


A série vampiresca teve mais baixos que altos, é verdade, mas tem seus méritos, como as personagens cativantes com sotaque caipira, a ousadia nas cenas de nudez e sexo, além das sequências violentas. Mas True Blood fincou seus “dentes” na história da teledramaturgia por ter um universo muito próprio e singular, mesmo recheado de criaturas fantásticas, a série  abordou temas pertinentes do mundo real, como preconceito, vícios, homossexualismo, politicagem e religião, com muito humor e acidez. As aventuras da fada telepática e seus amores vai deixar saudades, mas já estava mesmo na hora de dizer adeus. Descanse em paz!

A querida Anna Paquin deixou um último recado aos fãs da série, agradecendo todo o apoio e o carinho do público. Clique  aqui e confira!

18 de agosto de 2014

Sob a Pele




Meus caros e queridos leitores deste humilde blog de cinema, faço a vocês, uma pergunta pertinente e difícil, e fiquem à vontade para me responder lá nos comentários. A pergunta é a seguinte: Você gostaria de ter ao seu lado, a Scarlett Johansson loira e sensual, mas com roupas, como vimos em Match Point e Vicki Cristina Barcelona, ou a versão morena da Scarlett do filme Sob a Pele, completamente nua, sem o sorriso bonito, ela mal fala e sem qualquer resquício de sensualidade? Bom, eu fico com a primeira opção, a versão loira e sexy. Mas confiram os filmes e me digam a preferência de vocês. Fico no aguardo.


Esta foi apenas uma brincadeira introdutória para falar de um dos filmes mais difíceis do ano, Sob a Pele (Under The Skin, 2013), estrelado, como já disse, por uma Scarlett Johansson diferente da que estamos acostumados a ver, com cabelos pretos, mais reservada e sem o menor sex appeal. 


Jonathan Glazer (de Reencarnação) dirige a moça neste road movie/drama/suspense/ficção bem estranho e abstrato. Quem busca ou espera um cinema óbvio, vai ficar desapontado, Sob a Pele é excêntrico demais para a grande massa. 

 Uma das cenas mais marcantes do filme


Johansson vive uma alienígena, sem nome, ela sai dirigindo a esmo pelas ruas em seu furgão branco em busca de homens para assassinar. Não espere explicações acerca da origem alienígena da moça, apenas acompanhamos a caçada da ET, até ela levar suas vítimas para um ambiente escuro e assustador. Os homens seguem a mulher, cegos por sua beleza, hipnotizados por seu olhar e excitados demais, mergulham numa escuridão da qual nunca escaparão.


Não sei realmente o que o diretor quis mostrar nessa história, o espectador tem um papel importante aqui, tudo é muito intuitivo e particular, o filme sugere muita coisa, talvez Glazer esteja falando da solidão humana, da falta de comunicação ou da incompreensão e medo da sociedade em relação a indivíduos diferentes do considerado “normal”.


O drama é sobre a jornada de uma alienígena rumo à sua humanização e à sua consequente vulnerabilidade. Assim, penso eu. Scarlett encarou um papel desafiador com vontade e o fez muito bem, a atriz está muito convincente como uma alien assassina e sem sentimentos.


Tão fria como a protagonista é a atmosfera na qual está inserida a trama, repleto de lugares lúgubres, sujos, desertos e gelados, causando mais ainda a sensação de inquietação no público. Outro ponto alto da produção é a trilha sonora, tão angustiante quanto o caminhar das presas humanas na penumbra traiçoeira.


Sob a Pele é o tipo de obra que você deve curtir mais nas horas seguintes ou dias depois de tê-la visto. É o tempo necessário para avaliar melhor o filme, relembrar os momentos marcantes, levantar hipóteses e assim edificar a sua própria interpretação. Se for desses que gosta de tudo explicadinho, desista. Em todo caso, o longa merece a atenção apenas por colocar Johansson em um papel esquisito. No entanto, a saga da alienígena torna-se, em certo ponto, um pouco cansativa e sem sentido, fica a sensação de que o filme tem menos substância do que aparenta, o que não é verdade.


NOTA: 7,0

9 de agosto de 2014

O perturbador Miss Violence





“O filme da garota que comete suicídio na sua festa de aniversário”, assim é conhecido o drama grego Miss Violence (2013), e como se percebe, é um filme pesado, perturbador e chocante. 


Sem rodeios, a primeira cena do drama já é impactante: Angeliki está de aniversário, ela completa 11 anos, a família está reunida e todos comemoram e se ajeitam para tirar fotos, mas Angeliki parece estar alheia a toda aquela festividade, com um semblante tristonho a garota caminha para a sacada do prédio e se joga. Assim tem início Miss Violence,  vencedor do prêmio de Melhor Direção, para Alexandros Avranas, no Festival de Veneza do ano passado.


Se você pensa que o começo do filme é forte demais, o pior está por vir, quanto mais conhecemos a família de Angeliki, imersa num ambiente depressivo cheio de regras e punições, mais assustados e revoltados, nós ficamos.

 Uma família anormal; um ambiente opressor


O cotidiano dessa família esquisita é comandado com severidade pela figura do avô (Themis Panou, ganhador do prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza)  um homem misterioso, que impõe um clima de autoritarismo e perversidade na casa.  Se as ações cruéis do avô revolta o espectador, a passividade da família nos indigna ainda mais, isso é claramente visto na personagem de Eleni, mãe da garota suicida, controlada cegamente pelo pai e que finge não ver e saber das atrocidades que ele comete.


Com a câmera atuando como se fosse os olhos de alguém escondido dentro da casa com o intuito de desvendar o motivo do suicídio de Angeliki e a fotografia pálida, sem vida, apenas acresce mais a sensação de depressão e mal estar no público.  Avranas realizou um trabalho ímpar, impacta não por cenas sangrentas, mas por tratar de temas tabus, como o suicídio e violência doméstica de uma forma muito crua.

 Risos forçados antes da tragédia doméstica


Com poucos diálogos, o diretor deixa que as imagens falem por si e mostrem o que há de errado com a família, impossível é não se surpreender e se chocar com as revelações. Miss Violence é um chute no estômago, te atormenta, mas proporciona uma experiência intensa e inesquecível.


NOTA: 9,0

2 de agosto de 2014

Guardiões da Galáxia




E quem diria, Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014), filme de heróis desconhecidos que a Marvel desenterrou lá dos quadrinhos sessentista é uma grata e divertidíssima surpresa, a melhor do ano. Com uma árvore falante, um guaxinim e uma garota verde como protagonistas, eu não esperava muito da produção, nunca me animei com os trailers, mas a marca Marvel fez com que eu não perdesse o otimismo, afinal, o estúdio não errou feio até agora e está muito bem cercada de pessoas criativas e respeitosas com as obras adaptadas, como James Gunn, diretor do ótimo filme Seres Rastejantes e desta incrível aventura espacial.


O início de Guardiões da Galáxia já dá o tom bem humorado que a trama vai seguir: Peter Quill (Chris Pratt, hilário, personagem feito sob medida para o ator que já participou de séries como The OC. e do elogiado filme O Homem que Mudou o Jogo) dançando ao som de Come and Get Your Love, do grupo Redbone, enquanto procura por um poderoso artefato. Desde já, uma cena antológica.


Peter, também chamado de Star Lord, conhece seus amigos não convencionais numa prisão. Com a companhia de Groot (Vin Diesel), Gamora (Zoe Saldana, que entra aqui na sua terceira franquia de sucesso, além de Avatar e Star Trek, tá podendo hein!), Rocky Racum (Bradley Cooper, com voz irreconhecível) e o brutamontes Drax (Dave Bautista), Peter vai combater inimigos poderosos como Ronan, o Acusador (Lee Pace), que deseja a todo custo acabar com a raça do povo Xandarians, mas para isso, precisa do objeto que está sendo protegido pelos cinco amigos. 



A história é ágil, muito bem contada e o longa muito bem produzido, os efeitos visuais arrasadores, o humor é certeiro e sutil  -  destaque para a piada com Kevin Bacon -  mas é pelo elenco entrosado e a relação entre os cinco personagens e claro, a deliciosa trilha sonora com hits dos anos 70 que Guardiões da Galáxia é tão apaixonante, já é considerado pela mídia especializada, como um dos melhores filmes da Marvel, perdendo apenas para Os Vingadores.


Apesar dos cinco personagens serem muito diferentes, gerando discussões a todo o momento, logo eles se tornam uma família e percebem que precisam muito um do outro, e a amizade torna-se tão forte em apenas duas horas de filme que até para nós, espectadores, é como conhecêssemos os guardiões há muito tempo, são personagens cujo carisma pode ser comparado à Han Solo e sua trupe em Star Wars ou até mesmo aos amigos de Os Vingadores.


Já as músicas da fita cassete de Peter Quill, coletânea carinhosamente chamada de Awesome Mix Vol 1, é sensacional, de outra galáxia. De Jackson 5, David Bowie a The Runaways, a trilha nostálgica é uma eficiente ferramenta para conferir humor ou sentimento de calmaria entre as cenas mais explosivas. Se você acha que uma aventura espacial recheado de seres bizarros não combina com uma trilha descolada dos anos 70 e 80, obviamente ainda não viu Guardiões da Galáxia. Eu saí da sala do cinema cantarolando as músicas. 

Sem dúvida GG é mais um grande acerto da Marvel, uma aventura despretensiosa protagonizada por figuras esquisitas, como a árvore chamada Groot, mas que carrega consigo mais humanidade que muitos super-heróis por aí.

Olha o que o StarLorde está ouvindo no seu walkman:


Se curtiu, tem mais músicas da trilha sonora. Clique aqui!


NOTA: 9,0
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