Em clima olímpico, o Cinemidade indica um dos melhores
filmes de futebol já realizado
Os nomes Sylvester Stallone,
Pelé, Michael Caine e nazismo, juntos na mesma frase podem soar estranho, no
mínimo curioso, mas imagine eles compartilhando um mesmo cenário? Pois então, a
estranheza inicial desta combinação se desfaz logo nos primeiros minutos de Fuga para a Vitória (Escape to Victory,
1982) um divertido longa-metragem sobre aquele bom e velho futebol e ambientado
em tempos de guerra.
Michael Caine
interpreta Colby, um ex-jogador de futebol que agora é treinador de um time
formado por prisioneiros de guerra. No campo alemão de prisioneiros onde vive,
Colby é convocado pelo major Steiner
(Max Von Sydow), a realizarem uma partida contra o time alemão. Claro que a proposta significa mais uma forma
de ostentação nazista e uma manifestação de superioridade da raça ariana, do
que a partida em si.
Vai que é tua Sylvester!
O time de Colby é
repleto de estrelas dos gramados e do cinema. Caine é o treinador. Stallone é o
goleiro que está ali contra sua vontade e tem sempre algo engraçado a dizer:
“Onde eu fico na hora do escanteio?”.
Edson Arantes, o Pelé, e Bobby Moore, um famoso jogador inglês dos anos
60 e 70 são algumas das lendas do futebol que aparecem no filme, e mostram que
sabem mais que fazer dribles e dominar a bola no pé.
Pelé, por exemplo, toca
gaita, atua e ainda dá uma aula de futebol ao “Rocky” Stallone. Ah, e só para
informar aos mais desavisados, Pelé marcou 6 gols de bicicleta em toda sua
carreira e não cinco como consta nos
registros oficiais. O sexto, ele marcou contra
os alemães neste filme numa partida dramática e comovente. Acho que este belo gol
fictício deve ser considerado, por que não?
Cena inusitada: Pelé dando umas aulas para o Rocky.
Fuga
para Vitória diverte não só por vermos grandes
jogadores “brincando” de atuar e Stallone interpretando um goleiro irregular, um papel bem diferente do que estamos acostumados, mas também pelas lições de moral
e mensagens transmitidas. O longa deixa claro como a energia do esporte pode trazer mudanças às pessoas, principalmente
em momentos de pessimismo e opressão, isto é evidente quando os jogadores
decidem colocar em risco a liberdade em troca de uma vitória digna, honrada.
Este filme é baseado
numa história verídica, mas o final foi diferente do inventado pelo diretor
John Huston. Os verdadeiros
jogadores-prisioneiros de guerra que jogaram com os alemães, ganharam lugar de
destaque não somente na história do futebol, mas do esporte, pois foram
ameaçados pelos arianos e se vencessem o jogo, morreriam. Eles são a máxima
representação do caráter e da camaradagem que o desporto pode ofertar. Em face
da morte, decidiram encarar o destino cruel que lhes foi reservado, mas não
perderam sua integridade. Enfrentaram não só o destino, como seus rivais. Foram
vitoriosos e, por consequência, executados. Partiram de alma limpa, caráter
imaculado e memória perpétua no hall da fama do esporte.