O universo Marvel acaba de ser
expandido no cinema com a chegada de Doutor Estranho (Doctor Strange, 2016),
dirigido por Scott Derrickson, vindo de filmes de terror como O Exorcismo de
Emily Rose e A Entidade. A julgar pelo universo místico do super-herói e as
influências em nível hard de A
Origem, vistas em trailers (na sala de cinema, ressalto), esperava que este fosse
o “divisor de águas” dentre os filmes da Marvel, mas não é, Doutor Estranho
diferencia-se estilisticamente de outros exemplares do gênero, porém o visual
arrojado e de “encher os olhos” esbarra na estrutura acomodada presente nas
histórias de origem de super-heróis.
O início impressiona. De cara,
ficamos encantados e pasmos com as cidades que se dobram. Mas logo, o filme segue a “fórmula Marvel” – fase
de descontentamento do protagonista, chance de redenção, fase de treinamento, conflito, (re)início de um nova vida – que já
conhecemos demasiadamente, tornando, muitas vezes, a história aborrecida.
Benedict
Cumberbatch (Sherlock), sempre maravilhoso em cena, vive um neurocirurgião de
renome e arrogante que vai do auge do sucesso à decadência após sofrer um
acidente. Depois de encontrar os magos Mordo (Chiwetel Ejiofor) e a Anciã
(Tilda Swinton) e conhecer o mundo das artes místicas, Strange inicia a sua
jornada de autoconhecimento, redenção, ao mesmo tempo, tem que lidar com
a descoberta de poderes que interferem no tempo e no espaço e com as ameaças (óbvias)
do vilão Kaecilius (Madds Mikkelsen).
A trajetória bastante previsível do
protagonista e de outros personagens só não tem um peso maior no “conjunto da
obra” graças a seus intérpretes, Cumberbatch, por exemplo, mostra porque é um
do atores mais requisitados do momento, emendando um filme no outro, mesmo vivendo
um ser narcisista, é impossível não compreendê-lo ou não rir de suas piadas;
Swinton e Rachel McAdams também mostram competência em cena, embora esta
última, como interesse romântico de Strange, tenha sido mal aproveitada. Já
Mikkelsen, vive um vilão unidimensional, risível e de fácil esquecimento, o que
não se pode dizer da Capa (interpretando ela mesma), que rouba a cena até do seu dono.
Doutor Estranho acerta mesmo no
visual psicodélico, colorido e tecnicamente impecável, nos efeitos vertiginosos das cidades
se dobrando, não sei você, mas nas cenas de luta, eu estava olhando para o
entorno, vendo as paisagens se modificando, e não para os golpes e socos. A cena final,
aquela do rewind, também é um dos grandes momentos da produção. Ainda que não
seja perfeito, Doutor Estranho é um bom filme, tem um super-herói e um universo
riquíssimos, que podem ser explorados mais densamente nas continuações. Espero. Clique AQUI e veja o trailer.
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