Conheça a série cult e que apesar do curto tempo de exibição,
continua ganhando fãs até hoje
Antes de comandar o aguardado
filme Os Vingadores, o diretor e escritor Joss Whedon já tinha em seu currículo
duas séries bem sucedidas, Buffy – A Caça Vampiros e Angel, derivada do
programa protagonizado pela Sarah Michelle Gellar. A sua carreira de sucesso na TV teve fim em
2002, quando foi lançada Firefly, uma série inovadora demais para os padrões
televisivos da época e que mesclava western e ficção científica de uma maneira
incrivelmente coerente e divertida.
Bom, a ideia de mostrar o
convívio de nove pessoas numa nave chamada Serenity em um futuro pós-apocalíptico,
no qual o velho - escravidão, prostitutas de luxo, luta de espada, clima de velho oeste americano -
e o futuro - representado pela tecnologia avançada, as naves espaciais e o mandarim como segundo idioma – se
convergem, não agradou o canal Fox desde
antes do seu início. Antes de comentarmos sobre a série em si, é importante falar sobre a conturbada história nos bastidores da produção.
A ideia era ousada e a Fox
tentou complicar a vida de Joss e da produção a todo instante. Por
exemplo, queria tornar o protagonista, o Capitão Malcolm Reynolds menos
misterioso e mais “agradável” ao público. Bobagem, o maior trunfo de Firefly
são os personagens ricos e bem construídos, principalmente o protagonista,
interpretado brilhantemente por Nathan Fillion (que atualmente está em Castle).
Ele dá vida a um sujeito enigmático, um
pouco rude, às vezes cômico, mas é
aquele tipo de personagem intrigante que você se apega não por ser sorridente e
simpático, mas pela sua autenticidade e complexidade, pelo seu jeito particular de demonstrar carinho para a sua tripulação. Nathan, o ator, tem carisma de sobra
e consegue passar isso ao personagem, e é assim que ele ganha
nossa simpatia. Mas falamos do elenco mais adiante. Vamos à novela.
A Fox começou “enterrando” o
seriado já no primeiro dia de sua exibição na TV. A emissora mudou a ordem dos
episódios. Exibiu o episódio de número
dois, ao invés de Serenity, o primeiro, no qual os personagens e todo aquele
mundo eram apresentados ao espectador, como acontece em qualquer episódio
piloto, é a cartilha básica de todo
programa de TV que queira conquistar a sua audiência e isto foi tirado de Firefly. Como o público ia se identificar com os personagens sem conhecê-los? Sem saber como eles chegaram na nave e os seus propósitos? Whedon deve ter ficado puto com isso não é? Além
disso, 3 dos 14 episódios produzidos não foram exibidos no canal. Com apenas
12 episódios no ar, a série já tinha fãs apaixonados e que ficaram totalmente
arrasados com o seu cancelamento prematuro.
Para você não se perder, veja a
verdadeira lista de episódios na ordem correta.
- Serenity
- The Train Job
- Bushwhacked
- Shindig
- Safe
- Our Mrs. Reynolds
- Jaynestown
- Out of Gas
- Ariel
- War Stories
- Trash
- The Message
- Heart
of Gold
- Objects
in Space
Cap. Malcolm, Zoe e Jayne.
Saindo dessa realidade cruel e
adentrando um pouco mais no divertido mundo de Firefly, a série tem
característica únicas, como a óbvia mistura do sci-fi com o estilo “faroeste”
- sim, espere muitas cenas de “bang
bang” e brigas entre cowboys nos
bares - e apesar de ser uma ficção
científica, não há aliens aqui, o futuro é sujo, feio e empoeirado, repleto de desigualdades sociais e num tempo
em que existem outros planetas habitáveis, cada um deles com a sua própria cultura.
Wash, Kaylee e Simon.
A ambientação da série pode não
ser, de imediato, muito atraente, mas lhe
dou dois episódios para você mudar de opinião. E lhe dou apenas um episódio
para você se apaixonar pelos nove personagens. Alguns podem reclamar que o seriado “falhou” por causa da ausência de
cenas de ação em alguns capítulos, isso pode até ser verdade, mas nos
apegamos tanto aos tripulantes, todos com suas próprias características e tão
autênticos, que a ação começa a ficar em segundo plano e só de vê-los
conversando, com os diálogos mais inteligentes, dinâmicos e engraçados da TV, já nos sentimos o 10° passageiro
da nave.
Inara, Pastor e River.
Malcolm é o capitão da Serenity,
o chefe da tripulação. Seu passado pode ser meio desconhecido, mas seu interesse pela bela Inara, uma prostituta de
luxo interpretada pela brasileira Morena Baccarin (Homeland, V) não é nenhum
segredo. As cenas de tensão sexual entre eles são sempre interessantes e cômicas.
Zoe (Gina Torres) é a amiga de infância do capitão e a segunda no comando. É uma mulher forte,
decidida. Ela também namora o piloto
Wash, o brincalhão da turma e que morre
de ciúmes de Zoe. Ele entrou na Serenity apenas para conhecer as estrelas.
E aí, vai encarar?
Antes de viver o agente brucutu
Casey em Chuck, Adam Baldwin viveu outro bronco e insensível nessa série, o Jayne. A cena em que ele conhece o capitão é hilária. Kaylee (Jewel Staite) é a
mecânica da nave. É a personagem mais fofa e querida da série, dona de um
sorriso encantador. Ela acaba se apaixonando pelo médico Simon (Sean Maher),
que entra na nave já no primeiro episódio. De família rica, o jovem está
fugindo do governo por “roubar” a sua irmã de um experimento secreto. Por agir com frieza, mesmo que
inconscientemente, o bonitão está sempre
atrapalhando os planos de Kaylee de ter algo mais sério com ele. River (Summer Glau) é a irmã do doutor,
esperta, inteligente demais, mas um pouco perturbada. Apesar de ser uma personagem intrigante, nunca
sabemos do que ela é capaz, porém é a menos com o qual nos importamos. Isso
certamente mudaria se a série vingasse né! E por fim, tem o sábio Pastor Book (Ron
Glass), aquele que põe em discussão toda as questões morais em momentos
decisivos e conflituosos que o grupo enfrenta.
O elenco é gigante, como deu para ver. Mas Joss
Whedon mostra que tem uma habilidade impressionante em lidar com múltiplos
protagonistas. Nenhum deles é dispensável, todos têm os seus momentos. Divertido e
genial, cenas de ação bem boladas, personagens bem delimitados e cativantes, efeitos
especiais que faz os produtores de Terra
Nova morrerem de vergonha, um roteiro bem amarrado e uma premissa
inusitada, Firefly é uma raridade, programa obrigatório para qualquer nerd e fã de ficção científica ou para quem
busca algo inovador na telinha.
O super elenco reunido em trajes normais.
Todas essas habilidades descritas
acima sobre o Whedon, só me faz pensar que não tinha nerd melhor que ele capaz
de comandar a aguardadíssima união dos heróis da Marvel na megaprodução Os
Vingadores – The Avengers. Aos fãs mais xiitas dos heróis, fiquem tranquilos, o
filme está nas mãos certas.
Após o seu cancelamento abrupto e
muitos protestos contra a Fox, Firefly começou lentamente a ganhar fãs e
tornou-se uma obra cult. Depois de muita batalha do diretor para vender o show
para outra emissora, Joss decidiu que o melhor seria fazer um filme, para sanar todas as dúvidas que a série tinha
deixado e para dar um final mais digno à jornada do
Capitão Malcolm e sua equipe. Serenity –
A Luta pelo Amanhã chegou aos cinemas em 2005, e
os fãs puderam respirar mais aliviados pois finalmente Firefly conseguiu ter um final mais justo e do jeitinho
que seu criador e seus fãs apaixonados queriam, sem ninguém metendo o dedo.
Descubra Firefly (assista aqui o trailer), ao lado de Arquivo X e Fringe, uma das melhores séries de ficção de todos os tempos.