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26 de novembro de 2014

O Negócio é sexo na série da HBO – A provocante segunda temporada


Uma das séries nacionais mais ousadas e originais dos últimos anos atende pelo nome de O Negócio (2013 - ?) e narra as aventuras sexuais e amorosas de três prostitutas de luxo e empreendedoras, Karin, Luna e Magali. Instigante, não? A série da HBO Latin America terminou neste mês a segunda temporada, composta por 13 episódios. Ano passado eu falei um pouco da série, e agora vou comentar sobre o segundo ano.


Se você ainda não conhece a série, O Negócio tem três lindas protagonistas: Karin (Rafaela Mandelli, sedutora sempre) a mais empreendedora das três e que citou uma frase que resume bem os anseios da sua personagem, “Só porque é a profissão mais antiga do mundo não significa que tem que ser a mais atrasada”.  Luna (Juliana Schalch) é a narradora da série, a mais simpática e dona de um belo sorriso. Por fim, Magali (Michelle Batista), é a mais louca do trio, sempre despreocupada, adora viver perigosamente.


Na primeira temporada, Karin aplicou as técnicas de marketing no ramo em que atua e fundou a Oceano Azul, empresa especializada em “qualidade de vida”, ou seja, dar muito prazer aos clientes. Na segunda temporada, a vida das garotas tomaram rumos inesperados, culpa de um roteiro que explorou ao máximo o rico universo da série. 

O elenco principal da série luxuosa e provocante


Na nova fase, Karin, Luna e Magali tiveram que lidar com a “pirataria”,  ou seja,  garotas que diziam ser as famosas prostitutas da “Oceano Azul”. Porém, as "piratas" apenas denegriam a imagem da empresa de Karin e suas amigas, já que cobravam muito pouco e faltavam a elas a sensualidade e a elegância das verdadeiras. O plot da pirataria foi muito bem sacado e enquanto a história durou, foi divertido. Muita coisa aconteceu no segundo ano, muito mesmo. Karin tentou namorar o Augusto (João Gabriel Vasconcellos), que a pressionava para largar a profissão.  Luna teve que dividir o seu namorado aspirante a garoto de programa, Oscar (Gabriel Godoy), com uma mulher rica. E Magali, resistiu ao máximo, mas se apaixonou pelo advogado Zanini (Kauê Telloli), uma das mais divertidas adições do elenco. 


Sem revelar muito mais sobre a série, caso ainda você não tenha visto, e sim, aconselho você a dá uma espiadinha no programa, a segunda temporada foi muito superior à primeira, as personagens foram mais desenvolvidas, expandiu-se o mundo de luxo e da prostituição a níveis nunca imaginados e os roteiristas foram muito criativos e corajosos ao colocar as protagonistas em constante mutação. 



O Negócio não é uma série perfeita. A última temporada  teve seus defeitos, como a inserção de diversas subtramas repentinas, que terminavam sem mal começar. Explorar todas as possibilidades em um contexto tão rico e personagens tão interessantes, logicamente é inevitável e deve sim ser explorado, afinal, não há outra série igual sobre o tema na TV. No entanto, com o propósito de fechar os 13 episódios, boas histórias foram desperdiçadas e mereciam uma atenção maior dos roteiristas. Se a HBO aprovar a terceira temporada, a equipe de criação terá um trabalho imenso e os envolvidos deverão ser mais criativos do que já são, porque a sensação que eu fiquei no fim da segunda temporada é que a máquina de ideias foi usada em sua potência máxima.


O Negócio da série é sexo e por isso é tão instigante e gostosa de assistir, é o mais provocante e sensual seriado que você vai ver hoje na TV, merece ser vista não apenas por ser um produto com o selo da HBO, o que já é grande coisa, mas porque apresenta o mundo de luxo e do sexo com muita propriedade, sem pudor, com muita audácia e humor.

A série foi renovada para a terceira temporada, que deve estrear no segundo semestre de 2015. Viva!  (Post atualizado em 26/12/2014)




23 de novembro de 2014

Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1




Do primeiro filme Jogos Vorazes lançado em 2012 - considerado por mim, na época, uma obra bem realizada, mas com falhas técnicas e um pouco bobo e descaradamente juvenil - para este terceiro capítulo, A Esperança, as diferenças são exorbitantes, em termos narrativos e técnicos.  Assim como a saga de Harry Potter foi se tornando mais sombria e “séria” a cada novo filme, o novo Jogos Vorazes transformou-se em uma obra adulta e corajosa demais para uma adaptação de uma obra adolescente.


Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 (Hunger Games: Mockingjay – Part 1), segue o tom “maduro” apresentado na parte anterior, Em Chamas, também pincelado pelo visionário diretor Francis Lawrence, responsáveis por ótimos filmes como Constantine, Eu Sou a Lenda e clipes emblemáticos como Bad Romance.  


No terceiro capítulo da franquia, Katniss (Jennifer Lawrence) é convocada a ser a “voz” da revolução. Enquanto tenta saber do paradeiro de Petta (Josh Hutcherson), Katniss se junta a Logan (Liam Hemsworth, com mais destaque na saga) na visita aos Distritos a fim de promover a campanha contra Snow e  o sistema fascista.

  Katniss  e  Gale: pausa na "revolução"


Jogos Vorazes deixa a arena e os jogos perigosos de lado quando uma guerra civil ganha corpo, e como toda guerra, há muitas mortes, sangue, medo, ação e reação. É por tratar de temas tão desconcertantes e complexos como política, manipulação da mídia e fanatismo, que a saga tem conquistado o seu diferencial e sendo uma das mais fantásticas adaptações do gênero juvenil desde Harry Potter. Mesmo sendo para o público teen, tais assuntos são escancarados como devem ser, com veemência e realismo. 


Francis é mestre em construir mundos que estão em decadência e assombrados por pessoas sem esperança, por isso neste contexto, as cenas de ação que envolve o hospital no Distrito 8 e outra no tal Distrito 13, onde Katniss está hospedada, soam mais nervosas e impactantes.



E são nas condições mais adversas e desafiadoras que o ser humano fica mais complexo e interessante. Em Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1, assistimos a uma evolução na relação entre Katniss e Petta e nossa heroína, ainda se ver imersa em diversos dilemas morais, o que a faz se questionar sobre a verdadeira finalidade da revolução e o seu real papel como a porta-voz dos rebeldes.  

 Katniss torna-se a voz da "rebelião" !



Apesar de ter menos ação que nos filmes anteriores, A Esperança nunca fica arrastado, e isto deveria acontecer já que um só livro foi dividido em dois filmes, mas o roteiro é enxuto, sem exageros, e surpreende o espectador com efeitos especiais eficientes e atuações dignas de todo o elenco, destaque para Elizabeth Banks (a engraçada Effie), Julianne Moore (como a misteriosa presidente Alma Coin) e o finado Philip Seymour Hoffman (Plutarch), em um dos últimos papéis de sua vida.


Jogos Vorazes: A Esperança: Parte 1, mesmo sendo um filme sem conclusão, é uma obra arrebatadora. O forte teor moral e psicológico embutido na história, não interfere na verdadeira finalidade do filme, que é a de entreter. Este capítulo desfaz totalmente o pré-conceito que me acometeu quando eu assisti ao primeiro filme, dois anos atrás, de que esta seria mais uma adaptação que ganharia uma versão muito insossa, vazia e boba para as telas, como a saga Crepúsculo.  Enganei-me. 


NOTA: 9,0  



16 de novembro de 2014

Jane The Virgin - Uma série irresistível e muito "mexicana”



 


Como não ficar intrigado e no mínimo curioso com a seguinte premissa: Quando Jane era uma garotinha, sua avó a convenceu de duas coisas: novelas são a melhor forma de entretenimento e mulheres devem preservar suas virgindades a qualquer custo. Agora, com 23 anos, a vida de Jane de repente se tornou tão dramática e complicada como uma novela que ela sempre amou, pois uma série de eventos inesperados fez com que ela fosse inseminada artificialmente (!!!!). Tem como resistir?


Pois é, esta é a premissa excepcional da nova e hilária série do canal The CW, Jane The Virgin. A produção é um remake de uma telenovela venezuelana chamada Juana La Virgen. A exuberante atriz colombiana Sofia Vergara (Modern Family) e Ben Silverman, que produziu Ugly Betty, são responsáveis pela adaptação, ou seja, a série tem suas  qualidades e muita “latinidade” graças aos nomes envolvidos. E se você adorava Ugly Betty, Jane The Virgin é um programa obrigatório. 

 Jane descobre o "impossível"!!


Há algumas semelhanças com o seriado fashionista, como o elemento bilíngue, há o núcleo da família  da protagonista que fala espanhol e inglês, o roteiro ágil e as situações mais que engraçadas em que Jane é envolvida. A cena em que ela descobre que está grávida - mesmo virgem - é impagável.


Jane é interpretada por Gina Rodriguez, carismática e boa atriz, tão perfeita no papel quanto America Ferrera era vivendo a Betty Suarez.  Xiomara (Andrea Navedo), a mãe sexy e escandalosa de Jane e a sua avó, viciada em telenovelas, são outros destaques da história absurda e divertida. 


Além dos personagens cativantes que a gente passa a gostar já no primeiro episódio, Jane The Virgin tem outros fatores que a diferenciam de todas as outras  séries em exibição e transforma-a na aposta mais ousada e bem sucedida do canal The CW  -  que não envolve super-heróis. A narração em off, que está sempre nos guiando na história ou interrompendo um diálogo para nos contar algo engraçado ou implícito sobre as personagens, é um artifício eficiente, esperto e atribui todo o clima despretensioso ao seriado. A característica mais importante, então, é o jeito “mexicano” de ser da série, representado aqui pelas múltiplas tramas, que nos deixam tontos com tantas reviravoltas e brincam com a possibilidade de que (quase) todas as personagens se conhecem.

O pai da criança de Jane e sua namorada


Jane The Virgin é uma das maiores surpresas da TV este ano, sem dúvida. Despretensiosa, ambiciosa, alegre e descaradamente “mexicana”, no bom sentido, mas com qualidade e bons atores. A série ganhou a simpatia da crítica americana e o público.  The CW garantiu a primeira temporada completa, composta por 22 episódios. Com cinco episódios exibidos e muito bem escritos, a história  está sempre avançando a passos largos, espero que Jane The Virgin mantenha esse “frescor” por muito tempo. É uma daquelas séries que ninguém espera muito, mas quando descobre, não quer  mais largar.

Confere o trailer  e sente o clima gostoso do novelão:

9 de novembro de 2014

Interestelar – Um sci-fi disfarçado de drama familiar




Um dos cineastas mais hypados da atualidade, Christopher Nolan, realiza a sua primeira obra pós-Batman e o mundo inteiro está com os olhos voltados para a ficção científica Interestelar (Interstellar, 2014) que estreou esta semana nos cinemas. 


Vou dizer algo sobre o filme, é o mais irregular da carreira de Nolan. Digo isso, não como algo definitivo, tampouco dispenso a ideia de eu estar enganado e posso mudar meu parecer no futuro. Interestelar é uma obra que merece ser esmiuçada, analisada cuidadosamente, vê-la uma única vez para entender o “todo” não basta, é preciso revisitá-la, e por isso, no momento, minha nota sobre o filme não seja tão alta, mas é justa.


Interestelar não é o novo “A Origem” ou “Gravidade”, é mais complexo e abstrato que os filmes citados. A trama mescla teorias físicas do espaço - inclui aí buracos de minhoca, relatividade, gravidade, tempo-espaço e  etc. -  com filosofia, fé e amor, este último elemento, é o que fala mais alto nos 169 minutos de projeção. É uma longa duração, mas são três horas que se passam na rapidez da velocidade da luz, acredite, Nolan sabe envolver o espectador.

 McConaghey e Hathaway: salvadores da humanidade


A história se passa em um futuro pessimista, a humanidade está ruindo aos poucos e a Terra se tornando a cada dia um lugar insuportável de se viver. Cooper (Matthew McConaghey, ótimo para variar) e Brand (Anne Hathaway) são a única esperança da humanidade, ambos são alguns dos exploradores que vão ao espaço em busca de novos planetas habitáveis para que a raça humana tenha a chance de se reestruturar e continuar a viver. Falar mais que isso é minar com a empolgação de qualquer um. 


Nolan adora cercar-se de gente talentosa em seus trabalhos, e  aqui não é diferente, o elenco grandioso conta com Jessica Chastain, Matt Damon, Michael Caine, Casey Affleck, Topher Grace, Ellen Burstyn, além de McConaghey e Hathaway. Chastain tem momentos poderosos na fita. Portanto, é do McConaghey, em uma época brilhante de sua carreira, a cena mais comovente do filme, o que torna cada vez mais possível a indicação do ator nas premiações do cinema no início de 2015.

 Chastain é um dos destaques da ficção 


Como todo trabalho de Nolan, Interestelar é visualmente belo, rico e apresenta um universo de fácil imersão, os efeitos especiais são impressionantes e a condição em que a Terra se encontra é tão intrigante quanto um planeta desconhecido. Já a trilha sonora, exagera em momentos precisos em que o “silêncio” seria mais eficiente, mas é a trilha que evoca a tensão e o suspense nas cenas mais agonizantes. 


O “problema” de Interestelar é criar uma necessidade de reviravoltas a cada instante, em algum momento, elas soam forçadas, assim como a atitude de alguns personagens. Mas Nolan sabe fazer com que os tais “defeitos” sejam ofuscados diante da magnitude de seus filmes. 


Interestelar é uma típica ficção científica, traz questionamentos filosóficos, discute teorias científicas, faz um alerta ecológico e ainda impõe ao espectador avaliar a sua própria espécie e o seu verdadeiro papel na Terra. Mas o filme vai ao infinito e além, e se consolida como uma obra que valoriza a família, o amor paterno. No final deste drama familiar disfarçado de sci-fi - ou seria o inverso? - as "coisas" do coração se sobrepõem a qualquer pergunta não respondida ou teoria não compreendida. 


NOTA: 8,0

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2 de novembro de 2014

Boyhood – Da Infância à Juventude





O cineasta Richard Linklater levou a sério aquele pensamento que diz “a minha vida daria um filme”. E deu mesmo. Mas foi a vida do menino Ellar Coltrane que virou uma obra cinematográfica e se transformou em um dos melhores  filmes do  ano: Boyhood – Da Infância à Juventude (Boyhood, 2014). 


Como já diz o título português da produção, o diretor acompanhou por 12  anos a vida de Ellar Coltrane, que na história vive o garoto introvertido Mason. Acompanhamos Mason dos 5 aos 18 anos, da infância conturbada à adolescência confusa. Linklater usou sempre os mesmos atores na decorrência dos anos, como Patricia Arquette e Ethan Hawke - excelentes -  que interpretam os pais do garoto.


O cineasta, mais conhecido pela trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol e Antes da Meia-Noite e a comédia Escola de Rock, concebeu um projeto arriscado, a princípio, mas como tudo que envolve riscos dá certo, o resultado dessa investida ousada de Linklater é um ensaio simples, comovente e realista sobre a vida, o tempo, o amadurecer. 

Coltrane/Mason - dos 5 aos 18 anos


Boyhood inicia com a música Yellow do Coldplay, nos dando a entender que a história começa no ano de 2002. É assim, com músicas, cortes de cabelo, figurinos, e claro, os aspectos físicos do garoto, que vamos notando o passar do tempo.


A história de Mason é comum. Ele faz parte de uma família comum, filho de pais separados, vive com a irmã insuportável e a mãe solteira, que está sempre arrumando um namorado. O filme trata de coisas banais da vida de Mason, como as brigas com a irmã, aquele corte de cabelo horroroso, a festa  de aniversário, a formatura, a primeira namorada, a primeira bíblia, a preocupação com o futuro que parece tão incerto. 


Mais importante, porém, é que a obra nos faz refletir sobre o verdadeiro sentido da vida, qual o nosso papel no mundo? Por que a vida nos oferece um caminho tão predeterminado? Conseguimos fugir dele e fazer algo diferente? Quando eu ficar adulto, serei mais sábio, ou ainda terei perguntas sem respostas? Devemos nos preocupar com o que os outros pensam? Estão são algumas das perguntas que Mason faz a si mesmo constantemente.  

Mais um rito de passagem na vida de Mason


Boyhood - Da Infância à Juventude é simples mesmo, sem exageros, honesto, e por isso nos sentimos tão próximos das personagens e vimos tanto de nós, ali na tela, relembramos nossas experiências da infância, da adolescência e da juventude cheia de planos, questionamentos e indecisões e percebemos que Mason não é muito diferente da  gente.


Linklater esculpiu uma obra tocante, que nos faz olhar para nós mesmos, notamos que a vida é efêmera, feita de pequenos momentos banais, mas importantes, e que nós vamos crescendo e curando as feridas sem percebermos, assim como o tempo passa e não nos damos conta.


NOTA: 9,0

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