Nada espalha mais que o medo. Nada é mais assustador que o próprio ser humano.
É impossível ver Contágio (Contagion, 2011) e não sair paranoico da sala de cinema. Pior ainda, é se deparar com pessoas tossindo próximas a você, depois de ver 1h40m de filme no qual a tosse é posta como uma das principais provas da contaminação da doença – sim, isso aconteceu comigo infelizmente, mas calma gente, estou bem, não tossi hoje, haha.
A culpa desse sentimento pós-sessão é do diretor Steven Soderbergh (Traffic, Erin Brockovich, Onze homens e um segredo, entre outros) que atribuiu à história um realismo assustador, fazendo-nos acreditar que algum dia, algo parecido pode acontecer na vida real. Oh wait, já aconteceu, a gripe H1N1! Pois é...
Damon recebe uma notícia nada boa...
Contando com um elenco invejável, Matt Damon, Gwyneth Paltrow, Marion Cotillard, Kate Winslet, Lawrence Fishburne, Jude Law e muito mais, todos eles de suma importância para a trama – se tem alguém que sabe trabalhar com um elenco grande e de peso, é Soderbergh - , o filme narra desde o primeiro paciente contaminado até o vírus matar milhões de pessoas ao redor do mundo e as cidades virarem um caos. Em Contágio, você verá o apocalipse chegando lentamente, vitimando pessoas normais, e ao contrário de The Walking Dead, elas morrem e não ressuscitam depois.
Não é mais um zoombie-movie, mas acredite, seres humanos descontrolados conseguem ser bem mais assustadores que os mortos-vivos. Como diz o cartaz do longa, “Nada se espalha como o medo”, acredito que realmente o medo pode ser considerado neste filme o grande vilão, até mais que o próprio vírus, as pessoas perdem a razão quando devem enfrentar uma situação inesperada com o qual não possuem o mínimo controle, elas ficam perigosas, egoístas, gerando aquele caos incontrolável.
O caos instalado!
O drama mostra esse desespero das pessoas quando a doença se alastra e chegam ao limite de depender do exército para comer, ok, algumas dessas “cenas de desespero” aqui talvez sejam um pouco exageradas, mas completamente presumíveis na realidade. Os ótimos Ensaio sobre a Cegueira (2008) e O nevoeiro (2007), também abordam esse viés psicológico da raça humana, mostrando que nós, terráqueos, podemos facilmente transformar-se em “monstros” em situações-limites.
Ai que dó, Kate! Bela sequência!
Em Contágio há cenas memoráveis, como aquela em que a médica interpretada por Kate Winslet sabe que foi contaminada, ou da personagem de Paltrow caindo no chão com convulsões, há uma trilha sonora bem tensa, discussões interessantes sobre conspiração farmacêutica – Vick Vaporub se beneficiou da gripe espanhola, um prato cheio para quem curte conspirações hein! - , e a questão da prioridade dada à elite em relação à vacina, são coisas que nos faz refletir bastante.
Ah, e como já disse, todo aquele realismo que fará você ficar um pouquinho paranoico - evite passar as mãos no rosto, cuidado com as mãos de quem a aperta, lave-as depois, fica longe de gente tossindo, e por aí vai...mas espere, isso nem é paranoia, é realidade, muita gente faz isso desde a explosão da gripe suína! Vixi.....o apocalipse está perto e ele virá na forma discreta de um minúsculo ser vivo!