Finalmente estreou a
adaptação do best-seller erótico Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey,
2015), da escritora E.L. James. Eu não li o livro – não é meu gênero favorito –
tampouco fiz campanha para que o casal no cinema fosse vivido por Matt Bomer e
Alexis Bledel – ai esses fãs cada vez mais irritantes e enxeridos
– e muito menos vi os trailers. Em resumo, não tinha nenhuma expectativa sobre a obra, apenas fui à sala de cinema provido de informações que envolviam comentários
negativos de “gente qualquer” e do estrondoso sucesso de bilheteria no mundo
todo.
Munido de muita curiosidade
e expectativas quase nulas, assisti a Cinquenta Tons de Cinza, saí da sessão bem satisfeito
e não com aquela sensação de que perdi tempo ou joguei dinheiro fora, o que já vale muito. A
produção dirigida por Sam Taylor-Johnson é surpreendentemente boa, comedida
demais para um drama erótico e classificação 18 anos, também nem se compara aos
clássicos do cinema sensual dos anos 90 como Instinto Selvagem ou Invasão de
Privacidade, ambos com a loira Sharon Stone. Esta sim, sabia ser sensual mordendo os
lábios.
Os personagens de Cinquenta
Tons de Cinza, Anastasia Steele e Christian Grey, ganharam vida na telona com
rostos pouco conhecidos do grande público. Dakota Johnson, que vive a virginal
Steele, participou de filmes como A Rede Social e Saindo do Armário. Já o Sr.
Grey, é encarnado pelo irlandês Jamie Dornan, que chamou a atenção na série
Once Upon a Time e vem fazendo um ótimo trabalho na série The Fall,
co-estrelada pela musa Gillian Anderson, de Arquivo X.
Dornan e Johnson: Sensualidade
Cinquenta Tons de Cinza tem
uma trama que passa longe da originalidade, é uma história de amor disfarçada
de romance erótico com toques de sadomasoquismo. Anastasia é a típica garota tímida
abobalhada e pobre que se apaixona pelo rico e sedutor Christian Grey. Quanto
mais se aproxima do rapaz, Anastasia vai descobrindo suas formas peculiares de
ter e dar prazer. Mas o longa se encaminha para questões interessantes, para Anastasia, mais
perigosa e dolorida que as chicotadas que leva no quarto vermelho é a possibilidade
de amar um homem arrogante que não se entrega tanto quanto ela, a submissa da
relação.
A química entre a dupla
principal não surge de imediato, causa um desconforto nos primeiros minutos
da fita. No entanto, conforme avança a relação entre Christian e Anastasia mais
forte torna-se o vínculo entre eles. Se Jamie Dornan encarna bem o papel do
milionário intimidador, Dakota Johnson me deixa com incógnitas durante todo o
filme, não sabendo dizer se a sua doçura e bobisse é da personagem ou se ela é assim mesmo ao natural. Porém, nos momentos finais,
sua personagem se destaca e realmente vislumbramos a sua força na atuação.
Anastasia sendo despida pelo olhar do Sr. Grey
A diretora, Sam
Taylor-Jonhson, tem no currículo o bom O Garoto de Liverpool, produção com o atual
marido Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass), mas foi o curta Love You More, sobre adolescentes
virgens que tem o seu primeiro experimento sexual que ajudou a cineasta a ser
selecionada para comandar esta adaptação. A familiaridade de Sam com o desenvolvimento
de cenas de sexo ajudou na construção dos momentos picantes de Cinquenta Tons
de Cinza, sem nu frontal, as sequências são bem elaboradas e muito sensuais,
sem ser explícitas, embora eu ache que
um pouco mais de ousadia não iria desagradar a ninguém.
Certamente a adaptação
cinematográfica decepcionará os leitores mais “assanhados”, que
esperavam mais “safadeza” no quarto vermelho, mas convenhamos, o conservadorismo
ainda impera nos grandes estúdios de Hollywood. Para quem não leu o livro, o
filme pode impressionar. Veja sem culpa, não chega nem a ser um pornô leve. Cinquenta Tons de Cinza não vai redefinir o gênero
- diverte e até gera risos nervosos - mas abre espaço para a discussão sobre o
sexo, espantosamente ainda um assunto tabu na
sociedade.
NOTA: 7,0
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Surpreso! :)
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