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30 de maio de 2012

4 Filmes de invasão alienígena que você provavelmente não viu!


Com a dupla invasão alienígena nos cinemas com o divertido Homens de Preto 3 e o competente Battleship: Batalha dos Mares, selecionei quatro longas que tratam da temática, porém,  não esperem títulos muito conhecidos como Independence Day ou Guerra dos Mundos, preferi priorizar os filmes de invasão menos cultuados, mas  que  abordam o tema de uma forma divertida e original, sem precisar de grandes espetáculos visuais.


Eles Vivem (They Live, 1988) - Sabe aquela frase “eles já estão entre nós” ? Ela cabe perfeitamente nesta obra oitentista dirigida por John Carpenter, responsável por vários clássicos da ficção dos anos 80.  Aqui, a invasão já aconteceu e nem nos demos conta. Roddy Piper (John) chega em Los Angeles em busca de trabalho, consegue um emprego numa construção, mas o que muda mesmo sua vida é um par de óculos escuros. Ao colocá-lo no rosto John enxerga um mundo totalmente estranho,  onde os alienígenas tomam a forma de humanos e as publicidades transformam-se em mensagens subliminares do tipo “Não reflita, Consumam. Não pensem”. John logo se mune de armas e fuzis e se junta a um grupo de resistência.  Eles Vivem é um clássico que merece ser visto, tem uma das cenas de luta mais longas e verdadeiras que já vi, uma trilha sonora opressora, e um final corajoso, divertido e bem esperto. Tem o filme completo no You Tube, CLIQUE AQUI e assista antes que seja excluído.


A Invasão (The Arrival, 1996) -  Antes de dar vexame nos hotéis da vida, Charlie Sheen protagonizou um dos melhores filmes do gênero  e um dos poucos bons trabalhos do diretor David Twohy, que acertou só mais uma vez, anos depois, com o  bacana Eclipse Mortal. Sheen interpreta um astrônomo que capta alguns sinais do espaço, e que acredita ser uma conversa entre alienígenas. Acontecimentos trágicos começam a acontecer quando ele embarca nesta busca por respostas e começa a aborrecer pessoas poderosas. Twohy criou um suspense de conspiração alienígena muito eficiente, nos dando pistas ao longo do filme, tornando o final bem mais emocionante e revelador. Para quem curte Arquivo X, recomendadíssimo. Veja o trailer.


Prova Final (The Faculty, 1998) – Um dos melhores filmes de invasão alienígena, e um dos melhores trabalhos do diretor Robert Rodriguez (Sin City). Com um elenco que inclui carinhas famosas como Elijah Wood, Jordana Brewster, Salma Hayek, Josh Hartnett, entre outros, Prova Final faz o oposto do blockbuster Independence Day, aqui a invasão inicia lenta e timidamente, pelo campo de futebol de uma escola pública. Aos poucos os alunos são possuídos pelos seres do espaço, e o personagem de Elijah, o nerd da classe, é um dos poucos que percebem essa invasão, e logo o pânico vai tomando conta dele e de seus amigos. Um ótimo filme de suspense, assustador e bem descontraído, bem no estilo do diretor. Dá uma espiada no trailer!


Marte Ataca! (Mars Attacks!, 1997) – Uma invasão insana, impiedosa e hilária comandada por Tim Burton. Os humanos aqui são eliminados sem dó alguma por seres extraterrestres cabeçudos que querem transformar a terra em um parque de diversões. A partir dessa premissa inusitada, se tem uma ideia do humor corrosivo presente no filme. E não se engane pelo elenco estelar - Jack Nicholson, Pierce Brosnan, Glenn Close, Natalie Portman - achando que seus personagens “salvarão o mundo”, Tim Burton não poupa ninguém dos lasers dos alienígenas. Uma comédia bem divertida e incomum. Confira a engraçada cena de chegada dessas criaturas olhudas.

Menções extraterrestres honrosas: Evolução, Seres RastejantesOs Invasores de Corpos (1993) e Ataque ao Prédio.

24 de maio de 2012

Game Change: Virada no Jogo



  “Eu consigo ver a Rússia do quintal, daqui do Alaska”. 


Com gafes como esta, a política Sarah Palin ficou famosa em 2008 durante a campanha eleitoral dos Estados Unidos, quando se candidatou à vice-presidência ao lado de John McCain, o opositor de Barack Obama. Game Change (Virada no Jogo, 2012) filme feito para TV que estreou semana passada no canal HBO, explora a trajetória conturbada  de Palin na campanha política, e conta como a governadora do Alaska fora fruto de uma escolha apressada e infeliz dos assessores de McCain para desbancar o rival Obama nas eleições, que na época estava atraindo multidões aos comícios, se parecendo mais como um pop star e menos como um político.


Uma mulher forte, carismática, mãe de família, religiosa, com seus próprios valores, esta é Sarah Palin, a escolha perfeita de McCain para ser sua vice-presidente e atrair mais eleitores, principalmente as mulheres. A escolha deu certo, de início, Sarah se tornou uma “celebridade” idolatrada,  assim como Obama estava sendo, e acabou até ofuscando o seu parceiro McCain. Mas o carisma da mulher logo se tornou algo dispensável quando se depararam com sua falta de conhecimento em questões de política exterior e história, algo básico para uma candidata à vice-presidência.  “Não foi Saddam Hussein que derrubou o World Trade Center?”, com pérolas como esta, a mídia caiu em cima da coitada sem piedade, e ela ainda foi alvo de vários quadros cômicos no programa Saturday Night Live, no qual Tina Fey a interpretava. Confira aqui o TOP 3 da verdadeira Sarah, incluindo o infeliz comentário sobre Rússia.


A Sarah da ficção (Moore) à esquerda, e a verdadeira, de vermelho!


Sarah Palin é vivida por Julianne Moore, que além de estar parecidíssima fisicamente com a politica, arrasa na atuação. A talentosa atriz conseguiu refletir todos os trejeitos e a forma de falar da “personagem”.  Ed Harris vive o senador John McCain e Woody Harrelson - brilhante -  interpreta o assessor do candidato. Todos os três  estão sendo muito elogiados pela crítica, e obviamente, serão premiados nas próximas edições do Emmy e do Globo de Ouro.

Claro que a ex-candidata à vice-presidência dos Estados Unidos não gostou do filme e disparou: "Eu acredito que minha família tem outras prioridades e sabe o que realmente importa. Por exemplo, nosso filho ligou do Afeganistão e pareceu bem e isso é o que importa. Ficar a favor do 'Time Obama' de Hollywood não está no topo da minha lista".


Jay Roach (diretor da trilogia do espião Austin Powers e da comédia Entrando Numa Fria) realizou um ótimo trabalho, dinâmico,  e apesar do tema político, não é cansativo, e ainda tiveram um cuidado com o roteiro  que não chega a “denegrir” (ainda mais?) a imagem de Sarah Palin. Game Change apresenta os erros e as qualidades da candidata, ela nos irrita e nos cativa ao mesmo tempo, e no final, concluímos que com seu espírito de liderança e carisma, Palin pode estar apta para governar qualquer cidade do Alaska, porém,  totalmente incapaz de comandar um país do porte dos Estados Unidos.

Para quem curte política, ou gostaria de saber mais sobre os bastidores dessa campanha em 2008, Virada no Jogo é recomendadíssimo. Agora, não sei por que ainda não fizeram um  filme sobre as “gafes” da Dilma na sua campanha presidencial, ela tem até o seu top 5 (só cinco?), assista!

Veja o trailer de Game Change, em exibição no canal HBO.

22 de maio de 2012

Sete Dias com Marilyn



“As pessoas só querem a Marilyn Monroe, quando descobrem que não sou como ela, fogem”. Marilyn Monroe

Esta frase traduz um pouco a vida da exuberante atriz de cinema Marilyn Monroe, ao menos,  no período retratado no filme Sete Dias Com Marilyn, no qual a loira é interpretada por Michelle Williams, soberba no papel.

Sete Dias com Marilyn (My Week with Marilyn, 2011) mostra o lado inseguro, frágil e carente da atriz, mas também apresenta a mulher que deslumbrava a todos com sua beleza e sensualidade, e que fazia questão de ser receptiva e bem humorada com os fãs e com os jornalistas.

Apesar de ser bem menos voluptuosa que a verdadeira Marilyn, Michelle consegue incorporar na tela, através do jeito de falar e de expressões faciais e corporais, toda a sensualidade e deslumbre que havia na loira mais famosa de todos os tempos.




A “encarnação” de Williams sem dúvida é o ponto forte do filme, mas é impossível deixar de lado o personagem do jovem Colin, retratado com carisma e esmero por Eddie Redmayne (Pecados Inocentes, Os Pilares da Terra). O rapaz que consegue passar uma semana com a maior estrela do cinema, é o retrato perfeito do deslumbramento que a loira causava nos homens e nas mulheres.


Colin também é o espelho de muitos jovens que existem por aí e que fariam qualquer coisa para trabalhar na indústria do cinema, e o cargo tampouco importa. Identifiquei-me muito com o personagem, afinal, assim como ele, eu faria de tudo para trabalhar numa produção cinematográfica.

A produção enfoca no período em que Monroe passou na Inglaterra gravando o longa O Príncipe Encantado. Mostra seus atrasos no estúdio, seus conflitos com Laurence Olivier (vivido por Kenneth Branagh), e a sua complicada “missão” de interpretar a personagem que ela mesma criou, a Marilyn Monroe.


O roteiro não é muito elaborado, é repetitivo, e não se aprofunda muito nos problemas da protagonista, mas a graça de Michelle Williams e do ótimo elenco repleto de nomes famosos como Dominic Cooper, Judi Dench, Emma Watson, e o carisma  - e a paixão pelo cinema - de Colin, torna Sete Dias com Marilyn um drama bem agradável, e você se apaixonará pela Marilyn, um ícone do cinema que mesmo 50 anos após sua morte, está mais viva que nunca.


Quer ver a verdadeira Marilyn em O Príncipe Encantado (The Prince and the Show Girl, 1957) filme usado como “pano de fundo” nesta produção? Clique Aqui, veja o trailer!

18 de maio de 2012

Sherlock Holmes, John Watson e o bromance



Frodo e Samwise na trilogia O Senhor dos Anéis, Maverick e Goose em Top Gun – Ases Indomáveis, JD e Turk na série Scrubs,  Dr. House e Dr. Wilson em House. O que eles têm em comum? O bromance (brother + romance),  que em português livremente significa “amor de irmão”, é um termo  para definir aquela relação forte de amizade e companheirismo entre dois homens, é um relacionamento íntimo, mas sem a parte sexual obviamente.

Os personagens citados acima descrevem bem este termo que já fora mencionado até pelo grego Aristóteles. O filósofo descreve os adeptos do bromance como “aqueles que desejam o bem dos seus amigos por causa dos amigos que são mais verdadeiramente amigos, porque cada um ama o outro pelo que ele é, e não por qualquer qualidade incidental”.


Esta frase pode exemplificar muito bem a relação carinhosa entre Frodo e Sam em O Senhor dos Anéis. Ambos personagens não tem vergonha alguma de demonstrar afeto um pelo outro e Sam, tampouco se incomoda em saltar na cama de Frodo e lhe dar um caloroso abraço de amigo. A amizade entre eles renderam vários comentários e vídeos de paródias na internet que brincavam com a possibilidade de que os dois fossem gays e só isto justificaria o grande amor que havia ali. Besteira! Todos nós temos uma amizade mais intensa por alguém do mesmo sexo, e como disse Aristóteles, é desse jeito porque são nossos verdadeiros amigos. Esse tipo de relacionamento foi tema principal da comédia Eu Te Amo, Cara com Paul Rudd e Jason Seigel.


O bromance em Sherlock

Após essa introdução que julguei necessária, vamos ao objetivo do post, que é comentar um dos bromances mais interessantes e bem sucedidos da TV, a relação entre Sherlock Holmes e John Watson. Para quem assiste à fantástica série, sabe que o relacionamento entre Holmes e Watson é indiscutivelmente a melhor coisa do seriado, nesta segunda temporada, o bromance está bem mais evidente, isso dá espaço para muitas cenas engraçadas e sempre quem ouve as piadinhas é o carismático Dr. Watson (Martin Freeman), que até já cansou de afirmar que eles não são um casal e ele não é gay.


No primeiro episódio da segunda temporada, A Scandal in Belgravia, o detetive arrogante e gênio, vivido pelo excelente Benedict Cumberbatch, pela primeira vez, se vê apaixonado pela vilã atraente Irene Adler, que aparece peladinha na frente de Holmes. Esta foi uma forma, talvez, dos criadores do programa de responder à imprensa, que anda debatendo a sexualidade de Sherlock e a de seu parceiro, Watson.  



Steven Moffat, o criador da versão britânica atual, provavelmente, também queria apenas escancarar esse assunto de uma vez por todas e conseguiu fazê-lo de uma forma inteligente, de um jeito que tais “detalhes” não atrapalharão  o desenvolvimento do protagonista. Confesso que curti ver um Sherlock mais “humano”, morrendo de amores pela moça, o que tornou esse episódio o mais divertido de todos, mas acredito que sua relação com Watson é muito bem construída e com a inclusão de uma relação mais íntima com uma mulher, provavelmente a série poderia cair num lugar comum,  e toda a excentricidade e frieza que tanto amamos no detetive, poderia estar ameaçada, isto não seria legal.


Watson de saias

Foi justamente para evitar esse tipo de comentários sobre a sexualidade de Sherlock Holmes, que a CBS escalou uma mulher para ser a parceira dele no remake americano intitulado Elementary. WHAT? Pois é. Vocês sabem, a audiência americana é bem mais conservadora que a inglesa. Lucy Liu, aquela de As Panteras, foi a escolhida e viverá a Watson de saias e olhinhos puxadinhos.  Jonny Lee Miller (de Eli Stone, e acho que ele foi uma boa escolha) viverá o detetive. Esta semana saiu o preview do Sherlock Holmes de Nova York, assista aqui!



Este remake está me parecendo muito boring e “mais do mesmo”. Não sei qual será a diferença entre esta versão e as outras centenas de séries que existem por aí com estrutura semelhante: um homem e uma mulher que passam o dia investigando crimes. Os fãs não gostaram nada disso, e com razão, “afeminizar” o Dr. Watson é uma mudança bem radical, Sir Arthur Conan Doyle deve estar se descabelando lá no além. O bromance entre a dupla de protagonistas masculinos na série inglesa é o grande diferencial de Sherlock perante os outros seriados, mas os americanos não pensaram duas vezes antes de se desfazer desse elemento que é a principal característica dos contos originais de Doyle.

A segunda temporada de Sherlock deve sair em  DVD e Blu Ray este mês aqui no Brasil. E uma das razões pelo qual esta temporada é bem superior que a primeira, além do roteiro melhor desenvolvido e de mais ação, é justamente essa relação de amor fraterno entre o detetive Holmes e o seu amigo John Watson, que se mostra cada vez mais intensa, porém, com muito mais atritos que na temporada anterior. Até pedir desculpas ao seu amigo, Holmes é obrigado a fazer, um momento raro.


Holmes versão 2012

Já que estamos comentando sobre a nova temporada, vamos falar dela.  O segundo ano da série, já traz no seu primeiro episódio, A Scandal in Belgravia, altas doses de sensualidade com a presença da atriz Lara Pulver, como a vilã Irene Adler (foto). Holmes fica todo apaixonado pela moça, até o seu celular ganha um toque assim, um pouco erótico, que rende boas gargalhadas ao espectador. Um episódio divertidíssimo e um desfecho estranhamente cool.


Em The Hounds of Baskerville, o terror psicológico dá o tom do episódio. Aqui, mais uma vez, a relação dos dois é colocada em prova e Holmes está louquíssimo atrás de cigarros.  No último episódio, The Reichenbach Fall, o melhor de toda a série até agora, o seu rival número um, o debochado e ultra perigoso Jim Moriarty (Andrew Scott, perfeito) retorna para acabar com a reputação e a vida de Sherlock. Um episódio cheio de reviravoltas, surpreendente, um final chocante, porém, previsível.

Nesta segunda temporada, Holmes está dez vezes mais frio, mais arrogante e excêntrico, o que não significa que ele não seja cômico.  Seus momentos de “exibição”, quer dizer,  de dedução,  seja “trabalhando” numa cena de crime ou “despindo” alguém com seu poder mental, continuam nos deixando de boca aberta. Mas como já disse, e repito, o bromance entre ele e o Dr. Watson, potencializado pela química entre os atores e os diálogos inteligentes só engrandece a série e nos faz desejar que a BBC encomende mais episódios nas próximas temporadas, porque cá entre nós, três episódios de 90 minutos por ano, ainda é muito pouco.

13 de maio de 2012

Porque Fringe é inovadora e sensacional!



Por meses o “monstro” do cancelamento rondou uma das melhores séries de ficção cientifica da TV, e a melhor série do gênero em exibição no momento,  refiro-me à cultuada Fringe.  Poucos dias antes do final da quarta temporada o drama scifi foi renovado para uma quinta e última temporada.  A boa notícia foi comemorada pelos fãs nas redes sociais e o sentimento de alívio impregnou a todos os fringemaníacos.

 Se você desconhece a série, deve estar se perguntando por que um programa de boa qualidade corria risco de ser cancelada? A resposta é simples: pouca audiência. Fringe chegou na TV com altas expectativas, afinal ela tem nos créditos J J Abrams, o criador de Lost, além disso, toda a imprensa teimava em aclamá-la como a nova “Arquivo X”.

O primeiro ano da série teve uma ótima audiência, mas curiosamente é a sua temporada mais fraca. No ano posterior, a série já tinha perdido mais da metade da audiência, em contraponto, a qualidade do seriado só aumentava, e foi assim sucessivamente, o drama melhorava a cada temporada.


Fringe se tornou então a série cujo público não é assim tão amplo, mas são fiéis,  e causam terror nas mídias sociais. É relevante notar que quanto mais público perdia, melhor ficava a série, mais complexa e inovadora, talvez porque os produtores perceberam que aquela pequena audiência estava interessada em algo diferente dos outros programas de TV, então usaram a criatividade e toda a imaginação possível para fazer algo original, e esta  liberdade talvez fosse impedida (ou diminuída) caso o seriado obtivesse uma trajetória de sucesso, como Lost.

Para comemorar a renovação de Fringe, resolvi listar aqui alguns pontos positivos do seriado, suas características únicas e comentar sobre os queridos personagens que fizeram desse drama de ficção um dos melhores da atualidade, e mostrar para aqueles que não a veem ainda, que ela se trata de muito mais que a história de dois agentes do FBI que investigam casos estranhos e sobrenaturais.

Fringe é única porque:

- a trama principal se renova a cada temporada. Os mistérios não demoram muito a serem respondidos, se um mistério é apresentado no início de uma temporada, ele não vai se estender não mais que até o final da temporada vigente, com pouquíssimas exceções.  Uma temporada começa, e um novo enfoque é dado à trama, este é o maior trunfo da série.


 A primeira temporada é a menos empolgante de todas. Os agentes Olivia e Peter investigam casos de crimes estranhos que possuem um “padrão” entre eles, até aí tudo bem, parece ser mais uma série policial, devem pensar. Mas, Fringe começa a ficar mais interessante quando descobrimos a existência de um “mundo alternativo”. A partir desse elemento, todas as comparações com Arquivo X é totalmente dispensável e a série começa a construir sua própria mitologia.


A segunda temporada é bem superior à primeira. É aquele momento em que o público abandonou o show e a crítica especializada tomou o caminho inverso, começou a idolatrá-la.  Neste segundo ano, a qualidade da série aumenta significativamente.  Adentramos no tal “mundo alternativo” e descobrimos que ele não é tão diferente assim do nosso, exceto por pequenas diferenças. Testemunhamos pela primeira vez os poderes psíquicos de Olivia e conhecemos William Bell (Leonard Nimoy, o eterno Spock da série Star trek), um personagem muito importante para a mitologia da série.


No terceiro ano, Fringe apresenta sua melhor temporada, mais complexa e com uma história criativa e muito ousada para os padrões da televisão. Com dois mundos existentes na série e com cada personagem tendo o seu outro “eu” equivalente, lá no lado alternativo, a série ousa ao alternar os episódios, ora focado no mundo real, ora no mundo paralelo, mas sempre com as histórias conectadas.  Episódios com casos isolados? Aqui não teve nada disso. Todos os episódios tiveram alguma relação com a trama principal, mesmo que essa referência fosse uma  simples atitude de algum personagem. Nesta temporada, os dois mundos começaram a entrar em colapso, também conhecemos - e nos apaixonamos – pela versão alternativa de Olivia, de cabelos mais avermelhados,  com o chicletinho na boca, mais descolada, sorridente e bem mais atraente que a “original”.


A recém-finalizada quarta temporada, não foi superior à anterior, mas nunca decepcionante, a trama continuou com sua complexidade e repleta de surpresas. Teve o retorno de personagens de temporadas passadas aterrorizando a equipe Fringe, o Peter fora de sua linha temporal  - han? –, vislumbramos o apocalíptico e ditatorial futuro (foto) da humanidade e  ainda soubemos um pouquinho dos misteriosos carecas, os Observadores, as figuras mais sinistras da TV.




Apesar de focar em assuntos que envolvam viajantes do universo, realidades alternativas, máquinas que podem destruir o universo, pessoas que mudam de formas, Fringe nunca esqueceu de explorar o lado humano de seus protagonistas, sempre com histórias emocionantes e incrivelmente cativantes.


- Anna Torv (Olivia Dunham): “Canastrona, e com uma feição inexpressiva”. Era assim que a imprensa caracterizava a interpretação da loira Anna Torv, que vive a protagonista Olivia Dunham. A oportunidade de interpretar uma segunda versão completamente distinta de seu personagem original, mudou este cenário. Anna teve que rebolar muito para viver a Olivia “alternativa”, que era bem diferente da moça retraída, menos comunicativa e solitária, com a qual estávamos acostumados desde a primeira temporada. O seu “eu”  ruivo do "outro lado" era super descolada, extrovertida, adorava chicletes, e adorava esbanjar seu sorriso. Os trejeitos, o olhar e a expressão incorporados pela atriz para diferenciar uma Olivia da outra, fizeram todo mundo “calar a boca” e reconhecer o talento da australiana. Parabéns para ela. Ah, nem preciso falar, mas a Olive descolada é a minha preferida.


- O elenco afinado e carismático: Joshua Jackson (Dawson´s Creek) cresceu muito ao longo da série. No começo seu papel se resumia a  ser “ajudante” de Dunham, mas logo sua participação na série foi aumentando, ganhando mais importância, e evidentemente,  nosso carinho pelo engraçadinho Peter Bishop também foi desenvolvendo. 





O talentoso John Noble ( O Senhor dos Anéis partes 2 e 3) deu vida a um dos personagens mais divertidos e difíceis da telinha, Walter Bishop, um cientista um pouco excêntrico que adora cozinhar  e comer doces nas horas mais inconvenientes, como no momento de uma autopsia de um corpo. É a alma de Fringe, não consigo imaginar a série sem sua presença. Astrid (Jasika Nicole), outra agente do FBI que aguenta as loucuras de Walter, também é outra figura queridíssima do programa, seus momentos em cena com o cientista quase sempre são cômicos. Nina Sharp é aquela personagem ambígua, misteriosa, que nunca sabemos se ela está do lado do bem ou é vilã. Blair Brown está perfeita como essa mulher intrigante e tem muitos momentos dramáticos e intensos durante a série. Menções honrosas aos atores Lance Reddick, que faz o chefão do FBI Agente Broyles e o Seth Gabel, que interpreta o Agente Lee.



Mundo alternativo: Os produtores  dispensaram o “exagero” e  preferiram a sutileza - devido aos poucos recursos financeiros – para criar a tal realidade alternativa. O mundo “do lado de lá” em Fringe é quase parecido com o nosso, exceto por detalhes como a cor da estátua da liberdade em Nova York –  cor de cobre -, a tecnologia um pouco mais avançada, e os prédios do World Trade Center, que ainda continuam de pé.  A série usa as cores para diferenciar um mundo do outro.  Inteligente hein! Ah, e os personagens “alternativos” da Divisão Fringe, são um deleite a parte. Que outra série pode-se conferir os protagonistas em duas versões diferentes? Não há.



 Os Observadores : Esses carecas enigmáticos e sempre vestidos de terno e chapéu aparecem em momentos relevantes da história da humanidade, são os seres humanos evoluídos do futuro,  segundo September (foto), um deles. Eles aparecem em momentos chaves da trama, estão presentes sempre quando algo muito importante está para acontecer, mas curiosamente, eles aparecem em todos os episódios, eu disse TODOS, é só procurar com atenção, muita atenção. É como brincar de “Onde está o Wally?”, entendem? Esta é mais uma das peculiares desta série igualmente peculiar. Um pouco sobre estes seres bem vestidos foi apresentado na quarta temporada, e podemos dizer que, eles são viajantes do tempo,  quase um parente de Doctor Who.


Percebeu porque Fringe merece um lugar na sua watchlist? Atiçar a curiosidade daqueles que ainda não assiste à série e mostrar as suas particularidades foi o meu objetivo aqui. Saibam que fiz o máximo para não revelar spoilers sobre as temporadas.

O Elenco e os produtores!

Daqui há mais ou menos 4 meses tem início a quinta e última temporada. Fringe deve finalizar respondendo todas as perguntas que ficaram no ar, pois os produtores e roteiristas já demonstraram ter preocupação suficiente em dar ao seu pequeno público fiel, um programa de qualidade incontestável e com um roteiro que sabe o rumo que toma.

Fringe é uma das séries mais inventivas e originais da TV, às vezes as tramas são tão complexas que rever toda a temporada é quase uma tarefa obrigatória. O seriado é assim mesmo, surpreendente, tem sua própria mitologia, e não pode ser comparada com Arquivo X, não estou menosprezando esta, ambas são essenciais na história da TV e grandes representantes do mundo scifi.


Vamos todos rir junto com o trio! É isso aí fringemaníacos, nós conseguimos! Rumo à nova temporada!

8 de maio de 2012

Red State (Seita Mortal)


Extremistas religiosos causam terror no novo filme de Kevin Smith



Na Igreja das Cinco Pontas, o Pastor Abin Cooper declama sobre os ensinamentos da Bíblia de uma maneira deturpada carregada de preconceito  e uma perversidade tão macabra que até nos incomoda.  Esta é uma cena do furioso e polêmico filme Red State (2011), de Kevin Smith, famoso por comédias nerds (O Balconista, Pagando bem, Que mal tem?, Dogma) mas que decidiu arriscar e assumiu o seu primeiro longa de terror.

Quem é o maior inimigo de Deus? Satanás. E quem é o instrumento de Satanás aqui na Terra? Os homossexuais”, declara o Pastor, que ainda diz que é culpa dos gays,  o aborto, o adultério, e até as relações extraconjugais.  Michael Parks (Kill Bill), o intérprete do Pastor está perfeito no papel,  o seu personagem retrógrado e intolerante, nos indigna já nas primeiras palavras proferidas na sua igreja.  

Pastor Abin: tenha medo, muito medo!

Melissa Leo (O Vencedor) também se destaca como Sara, a filha “sequestradora” da família Cooper e responsável por raptar e violentar três jovens para fins de exposição no culto, pois o Pastor não só fala, ele também acha que é seu dever livrar o mundo dos pecadores e faz questão de dar, pessoalmente, um "fim" aos considerados pervertidos, ali mesmo no altar da igreja.

O início de Red State pode parecer um filme de adolescentes cheios de hormônios, com os jovens programando uma noite de sexo, mas logo descamba para o extremismo religioso da família do Pastor e sua ideologia absurda e revoltante, são cenas que nos deixam tensos e irritados com o tal fanatismo liberado no local. O terceiro ato da produção se resume numa longa sequência de tiroteios entre os crentes/terroristas e os federais, cujo confronto tem um dos desfechos mais estranhos do cinema.

os jovens pecadores!

O diretor poderia explorar mais a fundo o fanatismo religioso e suas consequências, antes de  o filme virar um violento e bem orquestrado “bang bang movie”, porém,  acredito que a extensa cena do líder da igreja expondo sua ridícula intepretação dos ensinamentos da Bíblia,  já é o suficiente para refletirmos sobre a fé e o seu uso inadequado e estranho por grupos radicais existentes no mundo fora da ficção. 

Religiosos cegos pela ideologia intolerante pregada!

Kevin Smith se saiu bem na sua primeira investida no gênero terror, Red State difunde fúria desde o seu começo, é polêmico e o tema incomoda, e tem muito de Quentin Tarantino nele, seja na violência perpetrada ou nos diálogos longos e inteligentes.

Infelizmente, os filmes de Kevin Smith costumam sair direto em DVD, então brevemente este deve ser lançado também, mas até alguma distribuidora se prontificar a lançá-lo, Red State (sem título em português oficial) está disponível nesse mundão da world wide web. Que bom hein! Confira AQUI o trailer!


O filme chega direto em DVD no Brasil no próximo mês de julho.

4 de maio de 2012

Os psicopatas mais "normais" do cinema


“Por serem charmosos, eloquentes, inteligentes, envolventes e sedutores,  não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são.  Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos.  A realidade é cruel e contundente, o mais impactante é que a grande maioria está fora das grades convivendo diariamente com todos nós. Transitam tranquilamente pelas ruas, cruzam nossos caminhos, frequentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, dormem na mesma cama...” Ana Beatriz Barbosa Silva em Mentes Perigosas – O Psicopata mora ao lado.


O cinema já nos apresentou centenas de personagens psicopatas, a lista é imensa, porém, para diminuir essa lista decidi delimitá-la para aqueles personagens cujas caracterísicas a escritora Ana Beatriz Barbosa Silva aborda em seu livro Mentes Perigosas. Segundo ela, alguns seres dotados de tais transtornos são pessoas “comuns”, se comportam de maneira que não levantam suspeitas e podem estar  bem ao nosso lado, podem ser nossos vizinhos, nossos amigos, namorados, vai saber né! Com esse recorte, selecionei seis figuras do cinema que apresentam essa personalidade psicopática e que podem livremente passar por pessoas normais, pois possuem uma simpatia inegável, são inteligentes, envolventes, sorridentes, se comportam como bom vizinho, alguns são bem sucedidos profissionalmente, mas extremamente perigosos e donos de uma natureza camaleônica e devastadora.


Norman Bates (Psicose, 1960) - Um dos personagens mais icônicos de Hitchcock, Bates aparentemente é inofensivo, tem uma carinha de anjo, de "menino do interior", é tímido – palmas para a interpretação de Anthony Perkins -  mas esta “primeira impressão” se esvai após uns dez minutos de conversa e umas mudanças bruscas de humor e uma leve alteração no seu tom de voz. Se for perspicaz e perceber essas pequenas alterações, você vai sair correndo de perto do moço, pelo contrário, vai acabar sendo esfaqueada enquanto toma banho no chuveiro pela sua mãe já morta, quer dizer,  por ele mesmo,  que adora adotar a identidade da mãe falecida para assassinar mulheres indefesas. 


Patrick Bateman (Psicopata Americano, 2000) – Milionário, narcisista, bonito, vaidoso e muito invejoso.  Se uma pessoa tem um cartão de visita mais sofisticado que o dele, a probabilidade de você encontrá-lo  “por acaso” no banheiro é altíssima, e lhe garanto que sairá de lá apenas envolto em um plástico preto. Seu passatempo preferido, além de matar suas “amigas” que vão ao seu luxuoso apartamento com objetos que vai de serra elétrica a machado,  é ficar admirando o seu físico de "deus grego" no espelho, e ele o faz até durante o ato sexual. Christian Bale merecia o Oscar pela sua intensa atuação.


Hannibal Lecter (O Silêncio dos Inocentes (1991),  Hannibal, 2001) – Quem não conhece o psicopata mais inteligente e adorado do cinema. Mesmo com seu gosto estranho por cérebros e orelhas humanas, não há como não torcer por ele nos filmes, é um personagem complexo, imprevisível, com um alto poder de convencimento por meio de sua sabedoria e conhecimento sobre a psicologia humana.  Se você for uma pessoa astuta e esperta o suficiente para conversar com Lecter por mais de 10 minutos, isso significa que talvez ele poupe sua vida. A sua incrível fuga em O Silêncio dos Inocentes e a asquerosa cena em que ele “janta” o cérebro de um policial em Hannibal, marcam seus melhores momentos no cinema. Anthony Hopkins sempre será lembrado por esse papel.


Annie Wilkes (Louca Obsessão, 1990) – Tenha muito cuidado com aquelas pessoas que afirmam ser seu “fã número 1”, demonstram simpatia excessiva e sabem tudo sobre a sua vida e seu trabalho.  Annie (Kathy Bates) é assim.  Por um (péssimo) acaso do destino, ela encontra seu ídolo Paul Sheldon, um escritor de sucesso, em um acidente e o leva para casa. Sem poder andar, o escritor é obrigado a ficar na casa de sua fã, e Annie está adorando tudo isso, “é a pessoa mais gentil do mundo”, pensa Paul Sheldon. A situação começa a se complicar quando a mulher descobre que ele “matou” a protagonista de seu livro preferido. A louca começa então a  fazer horrores com o coitado, como pregar seus pés na madeira da cama. Como podem ver, pessoas legais demais, não são tão legais assim.


Beverly Stuphin (Mamãe é de Morte, 1993) – A psicopata mais divertida e insana da sétima arte, sem dúvida.  Interpretada por Kathleen Turner e baseado numa história real, Beverly é uma dona de casa adorável, alegre, simpaticíssima, politicamente correta, uma cristã praticante e adora cantarolar como os pássaros que acercam a sua janela. Porém, ela pode ficar muito zangada se alguém se meter com a sua família, e para isso, ela não precisa de muito não, basta um comentário inocente do filho sobre o professor que quer reprová-lo e ela vai lá e POW, atropela o professor, passa por cima dele uma, duas, três vezes e depois volta para casa toda sorridente como nada tivesse acontecido. Ah, ela também adora passar trotes obscenos para as vizinhas, a cena é hilária. Aliás, todo o filme é bem divertido, com um humor negro e bem corrosivo, é descaradamente violento, mas uma delícia de assistir. Desconfie se seus vizinhos são perfeitos demais.


Tom Ripley  (O Talentoso  Ripley, 1997) - Matt Damon interpreta Tom Ripley, um jovem que deseja a qualquer custo entrar na alta sociedade. Ele é sedutor, esperto, invejoso, um grande imitador, seu jeito bobo e seus óculos grandes aparentam não demonstrar além de uma pessoa amigável. Ripley é contratado por um milionário para levar seu filho, Dickie (Jude Law) de volta para casa. Lá, ele acaba se apaixonando pelo estilo de vida do rapaz e pelo próprio colega. A obsessão por Dickie é percebida pelo jovem rico que o despreza, levando a uma sequência de eventos trágicos e a um mundo de mentiras que parece não ter fim. Ripley engana a todos com seu sorriso e sua amabilidade. Não muito diferente de muita gente que conhecemos ou nos deparamos por aí, não é mesmo?

Alguém tem outro "psicopata"  travestido de "gente normal" em mente? Não vale o vizinho do lado...

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