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18 de maio de 2012

Sherlock Holmes, John Watson e o bromance



Frodo e Samwise na trilogia O Senhor dos Anéis, Maverick e Goose em Top Gun – Ases Indomáveis, JD e Turk na série Scrubs,  Dr. House e Dr. Wilson em House. O que eles têm em comum? O bromance (brother + romance),  que em português livremente significa “amor de irmão”, é um termo  para definir aquela relação forte de amizade e companheirismo entre dois homens, é um relacionamento íntimo, mas sem a parte sexual obviamente.

Os personagens citados acima descrevem bem este termo que já fora mencionado até pelo grego Aristóteles. O filósofo descreve os adeptos do bromance como “aqueles que desejam o bem dos seus amigos por causa dos amigos que são mais verdadeiramente amigos, porque cada um ama o outro pelo que ele é, e não por qualquer qualidade incidental”.


Esta frase pode exemplificar muito bem a relação carinhosa entre Frodo e Sam em O Senhor dos Anéis. Ambos personagens não tem vergonha alguma de demonstrar afeto um pelo outro e Sam, tampouco se incomoda em saltar na cama de Frodo e lhe dar um caloroso abraço de amigo. A amizade entre eles renderam vários comentários e vídeos de paródias na internet que brincavam com a possibilidade de que os dois fossem gays e só isto justificaria o grande amor que havia ali. Besteira! Todos nós temos uma amizade mais intensa por alguém do mesmo sexo, e como disse Aristóteles, é desse jeito porque são nossos verdadeiros amigos. Esse tipo de relacionamento foi tema principal da comédia Eu Te Amo, Cara com Paul Rudd e Jason Seigel.


O bromance em Sherlock

Após essa introdução que julguei necessária, vamos ao objetivo do post, que é comentar um dos bromances mais interessantes e bem sucedidos da TV, a relação entre Sherlock Holmes e John Watson. Para quem assiste à fantástica série, sabe que o relacionamento entre Holmes e Watson é indiscutivelmente a melhor coisa do seriado, nesta segunda temporada, o bromance está bem mais evidente, isso dá espaço para muitas cenas engraçadas e sempre quem ouve as piadinhas é o carismático Dr. Watson (Martin Freeman), que até já cansou de afirmar que eles não são um casal e ele não é gay.


No primeiro episódio da segunda temporada, A Scandal in Belgravia, o detetive arrogante e gênio, vivido pelo excelente Benedict Cumberbatch, pela primeira vez, se vê apaixonado pela vilã atraente Irene Adler, que aparece peladinha na frente de Holmes. Esta foi uma forma, talvez, dos criadores do programa de responder à imprensa, que anda debatendo a sexualidade de Sherlock e a de seu parceiro, Watson.  



Steven Moffat, o criador da versão britânica atual, provavelmente, também queria apenas escancarar esse assunto de uma vez por todas e conseguiu fazê-lo de uma forma inteligente, de um jeito que tais “detalhes” não atrapalharão  o desenvolvimento do protagonista. Confesso que curti ver um Sherlock mais “humano”, morrendo de amores pela moça, o que tornou esse episódio o mais divertido de todos, mas acredito que sua relação com Watson é muito bem construída e com a inclusão de uma relação mais íntima com uma mulher, provavelmente a série poderia cair num lugar comum,  e toda a excentricidade e frieza que tanto amamos no detetive, poderia estar ameaçada, isto não seria legal.


Watson de saias

Foi justamente para evitar esse tipo de comentários sobre a sexualidade de Sherlock Holmes, que a CBS escalou uma mulher para ser a parceira dele no remake americano intitulado Elementary. WHAT? Pois é. Vocês sabem, a audiência americana é bem mais conservadora que a inglesa. Lucy Liu, aquela de As Panteras, foi a escolhida e viverá a Watson de saias e olhinhos puxadinhos.  Jonny Lee Miller (de Eli Stone, e acho que ele foi uma boa escolha) viverá o detetive. Esta semana saiu o preview do Sherlock Holmes de Nova York, assista aqui!



Este remake está me parecendo muito boring e “mais do mesmo”. Não sei qual será a diferença entre esta versão e as outras centenas de séries que existem por aí com estrutura semelhante: um homem e uma mulher que passam o dia investigando crimes. Os fãs não gostaram nada disso, e com razão, “afeminizar” o Dr. Watson é uma mudança bem radical, Sir Arthur Conan Doyle deve estar se descabelando lá no além. O bromance entre a dupla de protagonistas masculinos na série inglesa é o grande diferencial de Sherlock perante os outros seriados, mas os americanos não pensaram duas vezes antes de se desfazer desse elemento que é a principal característica dos contos originais de Doyle.

A segunda temporada de Sherlock deve sair em  DVD e Blu Ray este mês aqui no Brasil. E uma das razões pelo qual esta temporada é bem superior que a primeira, além do roteiro melhor desenvolvido e de mais ação, é justamente essa relação de amor fraterno entre o detetive Holmes e o seu amigo John Watson, que se mostra cada vez mais intensa, porém, com muito mais atritos que na temporada anterior. Até pedir desculpas ao seu amigo, Holmes é obrigado a fazer, um momento raro.


Holmes versão 2012

Já que estamos comentando sobre a nova temporada, vamos falar dela.  O segundo ano da série, já traz no seu primeiro episódio, A Scandal in Belgravia, altas doses de sensualidade com a presença da atriz Lara Pulver, como a vilã Irene Adler (foto). Holmes fica todo apaixonado pela moça, até o seu celular ganha um toque assim, um pouco erótico, que rende boas gargalhadas ao espectador. Um episódio divertidíssimo e um desfecho estranhamente cool.


Em The Hounds of Baskerville, o terror psicológico dá o tom do episódio. Aqui, mais uma vez, a relação dos dois é colocada em prova e Holmes está louquíssimo atrás de cigarros.  No último episódio, The Reichenbach Fall, o melhor de toda a série até agora, o seu rival número um, o debochado e ultra perigoso Jim Moriarty (Andrew Scott, perfeito) retorna para acabar com a reputação e a vida de Sherlock. Um episódio cheio de reviravoltas, surpreendente, um final chocante, porém, previsível.

Nesta segunda temporada, Holmes está dez vezes mais frio, mais arrogante e excêntrico, o que não significa que ele não seja cômico.  Seus momentos de “exibição”, quer dizer,  de dedução,  seja “trabalhando” numa cena de crime ou “despindo” alguém com seu poder mental, continuam nos deixando de boca aberta. Mas como já disse, e repito, o bromance entre ele e o Dr. Watson, potencializado pela química entre os atores e os diálogos inteligentes só engrandece a série e nos faz desejar que a BBC encomende mais episódios nas próximas temporadas, porque cá entre nós, três episódios de 90 minutos por ano, ainda é muito pouco.

Um comentário:

  1. Olha, Sherlock e Watson eu posso até entender como bromance, mas Sam e Frodo abusam kkkkkkkkk. Aliás, bromance sempre me parece mais uma arma para atrair o público gay e feminino (as que gostam de um romance entre dois machos) do que mostrar que dois homens héteros podem ter esse tipo de demonstração de amor. Na verdade eles podem, mas a coisa não rola dessa forma na nossa realidade. Enfim, machismo existe e é forte.
    O melhor bromance que existe, o mais sexy e que deveria ser tudo, menos bromance, é capitão Kirk e Spock <3

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