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1 de março de 2012

DRIVE



Sabemos que o ator é realmente bom na arte da interpretação quando seu personagem consegue expressar seus sentimentos e comunicar algo, sem precisar utilizar nenhuma ou pouquíssimas palavras. Se é assim, Ryan Gosling é um ator diferenciado, e une-se a Brad Pitt e ao ganhador do Oscar 2012, Jean Dujardin. Em O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford, Pitt diz muito apenas com o seu olhar melancólico. Já o francês, sua expressividade em O Artista lhe valeu uma estatueta. Talvez pelo filme ser mudo e exigir bem mais de suas expressões faciais, ele não deveria estar aqui, seria injusto com seus colegas não? Mas o tema aqui não é este, e  sim o elogiado Drive.

Como dito, Ryan Gosling é um ator ímpar, mesmo com poucos diálogos, ele atribui uma dimensão tremenda ao seu personagem -  sem nome -  em Drive, produção  aguardadíssima que estreia – definitivamente -  esta semana no Brasil. Drive é dirigido pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn, o mesmo diretor do surreal Bronson, aquele filme com o Tom Hardy que comentei aqui num post mês passado. Nicolas ganhou o prêmio de Melhor Diretor em Cannes por este thriller.




Gosling é o “driver” (motorista em português).  Seu personagem é um dublê de filmes de ação, trabalha como mecânico e ainda atua como motorista de fuga de roubos quando é solicitado. E ele tem as suas próprias regras: “Não me envolvo no serviço, me fala a hora e o lugar e eu estarei lá. E me responsabilizo apenas em levá-lo a um lugar seguro. Eu dou apenas 5 minutos para o serviço”.



Porém, o controle que ele detinha sobre sua vida solitária e seus serviços é perdido no momento em que decide ajudar o marido de sua vizinha, interpretada por uma angelical Carey Mulligan (Educação). A partir desse momento, tudo é muito imprevisível, violento e intenso. O diretor fez jus ao prêmio recebido em Cannes, pois nas mãos de outro, o filme seguiria num ritmo frenético com cenas de ação pitorescas, aqueles momentos clichês típicos dos blockbusters hollywoodianos. Não é o que acontece. Drive está mais para uma obra de Tarantino, claro, com bem menos diálogos, mas igualmente visceral.




O “motorista” é um personagem complexo, um cavaleiro solitário, um anti-herói,  sempre com um palitinho no canto da boca e a sua inseparável jaqueta prateada, que é maravilhosa. Tais  características já o torna um dos personagens mais icônicos do cinema. Aliás, pela vestimenta, percebe-se o quão “enrascado” está o protagonista, pois a  jaqueta  vai ficando mais suja cada vez  que os problemas se intensificam.

Além de Gosling e Mulligan, o elenco secundário é bem respeitoso e com rostinhos bem conhecidos da telinha, como o Bryan Cranston (o protagonista de Breaking Bad), Christina Hendricks (a ruiva voluptuosa de Mad Men) e Ron Perlman (o Hellboy).


Coadjuvantes de luxo: Mulligan, Cranston e Hendricks.

Drive é  cult, original, contundente,  uma obra obrigatória para quem quer fugir do  “cinema lugar-comum” que infesta os multiplexs. Gosling, mais uma vez, está soberbo, ele assusta e cativa ao mesmo tempo.  Suas cenas quando está atrás do volante são tão tensas e admiráveis quanto aquelas em que não diz uma palavra sequer. Os enquadramentos em primeiro plano e os closes quase estáticos em seu rosto e no de Mulligan expressam mais que mil palavras. 

Ah, e a trilha sonora? Fantástica e de grande importância na trama. A  trilha de Cliff Martinez é composta por hits eletrônicos da melhor qualidade e com  melodias  grudentas e suaves, como a faixa Under Your Spell, do Desire, que você escuta aí no vídeo.


Outra coisa. Se você ficou fascinado pela jaqueta prateada. Uma boa notícia.  Ela pode ser adquirida no site da Steady Clothing, clique aqui e seja um driver de verdade.


Um comentário:

  1. Você esqueceu do Oscar Isaac, que mandou muito rm Sucker Punch! =) Carey Mulligan é a única mulher da dace da terra que fica linda de cabelo curto!

    Bruno Paes

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